O Itaú BBA manteve sua recomendação “outperform” para as ações do Bradesco (BBDC4) após os resultados do terceiro trimestre de 2024, destacando que a “reviravolta do Bradesco continua em seus primeiros passos”, segundo análise do analista Pedro Leduc.
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A instituição financeira acredita que o banco caminha para uma recuperação gradual, embora menos acentuada e empolgante do que o esperado. A expectativa é que o Bradesco alcance um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de cerca de 14% até o final de 2025, com projeções de crescimento positivo nos lucros.
Segundo Leduc, “a recuperação do Bradesco está acontecendo conforme previsto pela gestão: primeiro, as provisões diminuiriam, depois o portfólio de crédito aceleraria, seguido pelo crescimento da margem financeira líquida (NII), e, por fim, melhorias em eficiência em 2026”.
No entanto, o ritmo lento na recuperação das margens foi uma surpresa, na maioria devido a uma combinação de estratégias mais conservadoras de concessão de crédito e uma situação macroeconômica que pressiona o setor bancário na totalidade.
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Qualidade do crédito
Uma das estratégias adotadas pelo Bradesco, apontada pelo Itaú BBA, é o foco em um perfil de cliente de maior renda e uma preferência por linhas de crédito com menor risco, como aquelas respaldadas pelo governo para pequenas e médias empresas. Essa escolha reflete uma abordagem mais prudente frente ao cenário macroeconômico que se apresenta para 2025, com maiores incertezas.
“O Bradesco está focando mais em retornos ajustados ao risco e capital, com um mix de clientes e produtos mais seletivo”, comenta Leduc. Ele acrescenta que, ao optar por uma carteira de crédito menos arriscada, o banco pode alcançar uma margem financeira líquida menor, porém com custos de risco reduzidos.
Esse movimento é, de certa forma, uma resposta ao ambiente de crédito que se deteriora, e Leduc considera a estratégia positiva: “Acelerar empréstimos mais arriscados poderia agradar o mercado agora, mas forçaria o banco a frear no próximo ano, o que prejudicaria a credibilidade e os resultados”.
Ajustes nas projeções
Com essa postura mais cautelosa e o impacto nos resultados financeiros do trimestre, o Itaú BBA revisou suas estimativas para 2025. A expectativa de lucro líquido foi ajustada em 3% para baixo, refletindo um lucro anual de R$ 23,7 bilhões e um ROE anual de 14%. Leduc observa que essa projeção ocorre “um ou dois trimestres mais tarde do que o mercado esperava inicialmente”, especialmente com as pressões sobre as margens financeiras e os custos com crédito.
Mesmo assim, o Itaú BBA acredita que as ações do Bradesco estão bem posicionadas, dadas as atuais condições de mercado. A avaliação das ações, negociadas a 0,85 vezes o valor patrimonial (P/B) e com uma relação preço/lucro (P/E) de 6x para 2025, indica potencial de valorização. O banco define um preço-alvo de R$ 17 por ação até o final de 2025, sugerindo que o mercado já ajustou suas expectativas para refletir o ritmo mais lento de recuperação e a maior dependência dos custos de crédito. O potencial de valorização está em torno de 27%.
Perspectivas
O cenário para o Bradesco inclui uma recuperação das margens ajustadas ao risco (NIM) em 2025, com expansão esperada de 30 pontos-base, o mesmo ritmo observado em 2024. No entanto, a projeção de margem ajustada ao risco continua cerca de 50 pontos-base abaixo da média dos últimos cinco anos, o que indica uma recuperação gradual, sem grandes picos de rentabilidade.
O Itaú BBA aponta ainda que o ambiente macroeconômico mais incerto requer prudência, especialmente em um ano como 2025, que pode trazer desafios para o crédito. Com a cobertura de provisão de créditos duvidosos em 170%, abaixo dos níveis históricos, o Bradesco precisa manter uma política de crédito robusta e disciplinada, sobretudo com a expectativa de manter uma distribuição de lucros relevante para sustentar seu capital.