Em entrevista coletiva concedida ao final da tarde de ontem, o ministro da Economia Guido Mantega informou que o Brasil emprestará US$ 10 bilhões ao FMI (Fundo Monetário Internacional). Mais do que o valor a ser emprestado, o simbolismo do ato é que impressiona. Afinal, pela primeira vez na história o país será credor externo da instituição. De acordo com o ministro, esse dinheiro será destinado aos países que passam por situações difíceis por conta da crise financeira internacional.
China (US$ 50 bilhões), Rússia (US$ 10 bilhões) e Índia (sem valor definido) também farão aportes com o mesmo intuito. O Brasil utilizará parte de suas reservas internacionais para compor o valor de sua participação. Atualmente, as reservas internacionais têm quase sua totalidade (cerca de US$ 200 bilhões) aplicada em títulos do Tesouro norte-americano, que, hoje em dia, oferece pouca rentabilidade.
De acordo com o ministro Mantega, os financiamentos ao FMI serão feitos através da compra de bônus (títulos), expressos em direitos especiais de saque. Essa modalidade já existia no fundo e foi restaurada nesse momento pelo Brasil. É como se o Brasil desse um cheque de US$ 10 bilhões ao FMI para ser usado em caso de emergência, e pelo qual o país recebe juros – a taxa ainda não foi definida.
Acredita-se que a rentabilidade não será alta, até porque esse percentual seria repassado ao país que receberá o aporte, o que poderia comprometer a viabilidade da operação. Existe uma expectativa de que essa operação enfraqueça ainda mais a moeda norte-americana, o dólar. Sobre o assunto, o ministro dá seu parecer:
“Não nos interessa enfraquecer o dólar porque isso significa valorização do real, o que prejudica as exportações .Não queremos enfraquecer o dólar, mas, sim, fortalecer os Direitos Especiais de Saque (do FMI)”. (Guido Mantega – Ministro da Economia)
As reservas internacionais possuem a finalidade de proteger o país e mostram, a partir de seu volume, a solidez da nação – principalmente em momentos de crise. Muitas pessoas podem considerar a ação de empréstimo inoportuna, pois existem outros setores do país que precisam de investimentos, como saúde, educação e outros mais. Estas pessoas não deixam de ter razão.
Mas para não perdermos tempo nos lamentando com o assunto, temos que compreender que os valores dispostos nas reservas internacionais não podem ser usados para outra finalidade. Por isso, a opção em financiar o final da crise, que surgiu justamente pela falta de crédito, é positiva e mostra uma nova fase da economia brasileira. E se mostra significativa na medida em que o país se transforma em uma grande oportunidade de investimento, com grande quantidade de moeda internacional entrando no país.
Mais um tombo na Taxa Selic
O Copom – Comitê de Política Monetária – reduziu em um ponto percentual a taxa básica de juros. A Selic passa a 9,25 % ao ano, seu menor patamar desde que passou a ser utilizada como referência da política econômica, em 5 de março de 1999. O resultado negativo do PIB do primeiro trimestre de 2009 pareceu fortalecer o argumento de que seriam necessários cortes mais agressivos na Selic para tentar estimular a economia e buscar o crescimento do PIB.
Outro ponto, este de certa forma simbólico, é que finalmente a Selic está abaixo de dois dígitos. O corte da taxa básica reforça ainda mais o argumento de alguns especialistas que defendem uma revisão da rentabilidade da caderneta de poupança, já que os fundos e outros investimentos, como o Tesouro Direto, têm sua rentabilidade diretamente atingida pela queda da taxa básica de juros. O investidor deve ficar atento!
Você, leitor do Dinheirama, terá sempre as novidades comentadas. Hoje tratamos de duas notícias importantes e que mostram o atual momento da economia brasileira. Estamos de olho nos desdobramentos das decisões para trazer as opiniões sobre como tudo isso poderá influenciar seu bolso. Até a próxima.
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Ricardo Pereira é educador financeiro e palestrante, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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