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Brasil, investimentos, Bovespa e Selic em tempos de crise

por Conrado Navarro

Brasil, investimentos, Bovespa e Selic em tempos de criseFabio comenta: “Oi Navarro. Estou lendo na imprensa que os juros estão subindo e que isso vai afetar os empréstimos, entre outros produtos bancários. Bateu uma dúvida: e quanto aos investimentos? A alta dos juros pode afetar ‘positivamente’ a rentabilidade de aplicações como a caderneta de poupança, os fundos de renda fixa e/ou os títulos negociados através do Tesouro Direto? Poderia dar mais detalhes sobre a alta os juros e seu impacto nas nossas aplicações do dia-a-dia? Obrigado”!

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Algumas dúvidas pairam na economia brasileira. Enquanto o cenário mundial se deteriora, muitas reflexões são frequentemente lançadas aos leitores por jornais e pares da mídia especializada: que efeitos a crise já trouxe para o país? O que mais podemos esperar de reflexos por aqui? Como vai ficar a taxa Selic e os investimentos com ela relacionados? Os juros ficarão mais altos nas operações de crédito? O que deve fazer o brasileiro comum diante de tanta baderna?

Primeiro, as bolsas de valores
A preocupação mais comum de leitores e participantes do Dinheirama refere-se aos investimentos na bolsa de valores. Com razão. A ação coordenada dos Banco Centrais pelo mundo não esperava resposta tão agressiva. O medo e o pânico dos investidores também se alastrou de forma perigosamente “ordenada”. Vimos as bolsas mundiais despencarem cerca de 20% só na semana passada – perdas da ordem de US$ 6,2 trilhões. Será que o pior já passou?

Representantes do FMI afirmam ser possível vivenciar quedas ainda acentuadas nos mercados de ações mundiais durante o mês. Segundo o declarações do Fundo Monetário Internacional, publicadas pela Folha, o sistema financeiro está “à beira do derretimento”. Olivier Blanchard, economista-chefe do órgão, estimou em 50% as chances de o mundo entrar em recessão:

“No pior cenário, os governos ainda vão precisar de algumas semanas para corrigir as medidas que estão sendo tomadas, e os mercados podem cair outros 20% antes de se recuperarem” (jornal Folha de S. Paulo de 12/10/2008)

As análises são sempre comedidas e muito cautelosas, embora muitas vezes haja claro e proposital exagero em certas declarações. A semana será intensa e o debate econômico mais uma vez pautará as decisões de muitos investidores. Está claro que as bolsas derreteram e que podem cair mais, o que tende a nos colocar diante de boas oportunidades de compra. Se os preços estão muito abaixo de seu valores justos, é hora de se mexer e comprar, certo?

Sim, mas uma nova questão deve também pautar as decisões de compra dos que desejam se aventurar no mercado de renda variável: como os efeitos da crise, e eventualmente de uma recessão, afetarão os negócios, os planos de investimento e os resultados da(s) empresa(s) em que você pretende investir? Com esta questão, pretendo alertá-lo para um debate relevante, por hora mais experimental, sobre os reflexos do problema financeiro mundial.

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Os efeitos da crise
Por aqui vivemos um perigoso efeito colateral da enorme diminuição no fluxo de riquezas entre países e mercados: o fantasma da paralização da economia real por conta da diminuição do crédito disponível para o crescimento e livre circulação de recursos entre empresas, cidadãos e governo. Na prática, isso significa ver empresas e pessoas investindo (e gastando) menos, o que desaquece a economia.

Financeiras e bancos já estão revendo suas operações de financiamento e empréstimo. Os juros para estas operações tende a subir, já que há menos dinheiro disponível para fazê-los funcionar de forma mais abundante. Em suma, o dinheiro ficará mais caro. Além disso, operações complexas de derivativos, realizadas por inúmeras empresas no Brasil, também assustam e criam uma importante distorção no valor de nossa moeda perante o dólar.

Os rumos da Selic
Nações por todo o mundo decidiram, em um movimento histórico, baixar os juros. O objetivo? Estimular a economia, baratear o capital e demonstrar união. Será que a tendência natural é ver o Brasil rumando no mesmo sentido? A próxima reunião do Copom, daqui cerca de três semanas, vai dar pistas do comportamento de nossas autoridades diante da questão. Alguns analistas e economistas arriscam suas previsões e fazem importantes observações em mais uma ótima matéria do Infomoney.

Como tudo isso afeta sua vida?
A leitura do artigo deve ter causado certa ansiedade. Natural. Escrevê-lo também me deixou bastante nervoso, especialmente por conta da responsabilidade de tentar colaborar para que você tome melhores decisões diante deste cenário tão intenso e imprevisível. Assim, optei por lançar alguns pontos que julgo essenciais para entender como tudo isso afeta nossas vidas:

  • Financiar e pegar dinheiro emprestado vão se tornar operações mais caras. Juros do cartão de crédito, do cheque especial ou do consignado tendem a subir. Ou seja, se você tinha planos de financiar algo ou comprar algum bem usando o crediário, reveja sua decisão. A hora é de comprar à vista;
  • Menos dinheiro na praça significa desaquecimento também no mercado de trabalho. Demonstre interesse pelos efeitos que a crise pode trazer para sua empresa e seu emprego;
  • Diferentemente do nossso querido presidente, indústria e comércio já esperam queda nas vendas de Natal. Compre presentes que caibam no orçamento, pagando sempre à vista. Janeiro chegam os carnês e contas do IPTU, IPVA, material escolar e etc, não é mesmo? Cuidado;
  • Produtos importados e(ou) que usam insumos importados terão seus preços reajustados. Quando, como e em que proporção, não se sabe ainda;
  • A bolsa continuará agitada. Se você tem patrimônio em ações e pretende resgatá-los no futuro distante, mantenha o coração sob controle e prefira a razão. Se você acha que é hora de entrar, mas sente-se intimidado e assustado, prefira esperar a tensão passar. Se você sabe o que fazer e já se decidiu, aja;
  • A taxa Selic deve se manter entre 12% e 14% pelo próximo ano. Assim, se você não quer grandes emoções, invista em títulos do governo – Tesouro Direto – ou em produtos a eles relacionados, como fundos de renda fixa, DI, entre outros;

Os ingredientes fundamentais para momentos como este são: disciplina, informação, bom senso e atenção. Não é hora de endividar-se ainda mais, nem de fazer a loucura de viajar para lá e para cá, comprando tudo o que vê com o cartão de crédito. Por outro lado, se parar completamente de gastar, a economia também esfria. Compre, faça o que tem que fazer, mas sem prejudicar seu orçamento e sempre respeitando sua estratégia de investimento. Assim você já faz sua parte no combate à crise. Ufa.

Crédito da foto para stock.xchng.

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