O Brasil apresentou à Argentina proposta para assegurar garantias em iuanes chineses às exportações brasileiras para o país vizinho, em uma iniciativa envolvendo o Banco do Brasil, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira.
Sob a proposta, o BB faria a conversão dos iuanes para reais, com base nas garantias fornecidas, disse Haddad em uma entrevista coletiva em Johanesburgo, à margem de cúpula do Brics. Terceiro maior parceiro comercial do Brasil, a Argentina está no meio de uma crise econômica marcada pela disparada da inflação e pela diminuição das reservas do banco central.
As garantias em iuanes dariam segurança às empresas brasileiras sobre suas receitas de exportações em meio à escassez de dólares na Argentina.
Sob o plano, o governo brasileiro pretende criar uma nova linha de crédito de 700 milhões de reais (144 milhões de dólares) para fornecer financiamento a importadores argentinos que fechem contratos com exportadores brasileiros dentro da estrutura do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), instituído em 1991, disse um fonte do governo com conhecimento direto do assunto.
Falando sob anonimato porque as negociações ainda estão em curso, a fonte disse que o arranjo não demandará contribuições do Tesouro. “O recurso já está orçado, não depende de aporte nenhum do Tesouro, está livre para ser colocado nessa linha que está sendo desenhada,” disse a fonte.
A ideia é que a Argentina ofereça garantias em iuanes no valor exato dessa linha, mandando esses recursos para o Brasil. Os recursos serão convertidos em reais numa operação de câmbio feita pelo Banco do Brasil, que custodiará o dinheiro.
O Proex paga o exportador brasileiro e, em caso de inadimplência do importador argentino junto ao programa, a garantia em reais mantida no BB é imediatamente repassada ao Tesouro Nacional.
O Tesouro do Brasil vê a ideia com bons olhos, disse Haddad, devido à ausência de risco de inadimplência, e o Brasil agora aguarda a resposta da Argentina.
A medida, se aprovada pela Argentina, seria positiva para as empresas brasileiras porque “elas podem ter algum fluxo de vendas de seus produtos com 100% de garantias”, acrescentou Haddad.