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Brasil terá tsunami de cortes de rating em 2025, prevê Fitch

Historicamente, a atividade desacelera significativamente quando a Selic ultrapassa 14%, projeta a agência

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Selic Ratings Fitch

A Fitch Ratings emitiu um alerta nesta quarta-feira (15) sobre o impacto potencial de um aumento continuado na taxa Selic sobre as empresas brasileiras em 2025. Setores como saúde, aviação, varejo, construção civil, propriedades comerciais e imobiliário (exceto shoppings) são apontados como os mais vulneráveis devido ao alto endividamento e às condições de liquidez doméstica.

“A expectativa de novos aumentos na Selic em 2025 representa um risco significativo para as empresas brasileiras, especialmente as com alta alavancagem”, destacaram Ricardo Carvalho e Yee Man Chin, diretores da Fitch Ratings.

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Após elevar a Selic para 12,25% em dezembro de 2024, o Banco Central sinalizou mais dois aumentos de 100 pontos-base no próximo ano. A Fitch ressalta que “essa reversão nas expectativas de juros terá um impacto negativo direto sobre as empresas brasileiras, cujo endividamento é majoritariamente local e atrelado a taxas flutuantes”.

Sensibilidade da Taxa de Juros – % do Ebitda consumido por pagamentos de juros, sob vários cenários Selic

Selic Fitch
(*Assumindo taxa de juros efetiva 200 pontos-base acima da Selic/ Fonte: Fitch Ratings)

Veja o que a Fitch projeta para os ratings em 2025

Setores mais vulneráveis ao aumento da Selic. Setores como saúde, aviação e varejo estão entre os mais afetados pelo aumento dos custos de financiamento, enquanto exportadores de commodities são menos impactados devido às receitas atreladas ao dólar.

Relação entre Selic e ratings corporativos. A Fitch aponta que, na última vez que a Selic ultrapassou 13% (2015-2016), os rebaixamentos superaram os upgrades na escala nacional em uma proporção de cinco para um.

Alta alavancagem pressiona empresas. Cerca de 40% das empresas avaliadas pela Fitch apresentaram alavancagem acima de 4 vezes em 2024, sendo que 23% ultrapassaram 5 vezes. Com a Selic atual, os pagamentos de juros consomem até 50% do Ebitda de uma empresa mediana.

Aviação sofre com a desvalorização do real. Companhias aéreas enfrentam um cenário único, com receitas majoritariamente domésticas e custos atrelados ao dólar, tornando-as extremamente sensíveis ao câmbio.

Impacto no setor imobiliário. O aumento das taxas de juros deve frear as vendas de imóveis, à medida que o peso dos encargos financeiros cresce para as incorporadoras e compradores.

Liquidez e refinanciamento serão cruciais em 2025. Com uma duração média da dívida de 2 a 3 anos, muitas empresas precisarão acessar os mercados para refinanciamento em 2025, o que pode agravar a pressão sobre os ratings.

Exportadores de commodities têm cenário mais favorável. Empresas de commodities, com dívidas atreladas ao dólar, se beneficiam de receitas cambiais, neutralizando em parte o impacto das altas taxas de juros.

Atividade econômica desacelera com juros altos. Embora a economia tenha mostrado força em 2024, a Fitch destaca que “historicamente, a atividade desacelera significativamente quando a Selic ultrapassa 14%”, afetando setores como varejo e serviços.

Ricardo Carvalho e Yee Man Chin


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