Cansadas das mazelas sofridas desde o malfadado Plano Collor, muitas famílias à época começaram a planejar-se para viver em países com perspectiva de futuro mais promissor. Iniciaram o processo buscando obter cidadania norte-americana ou europeia.
Em seguida, encaminharam os filhos, ainda pequenos, para estudarem em escolas de nível básico com currículos bilíngues, a fim de prepará-los para viver expatriados desde a tenra idade e criar pessoas com visão global do mundo dos negócios e de outros aspectos da vida em geral, de maneira que pudessem prosperar onde desejassem viver.
Os chefes de família começaram a esforçar-se para rapidamente obter fluência nos idiomas estrangeiros mais utilizados, como o inglês, francês, alemão, espanhol e, mais recentemente, o mandarim.
Após os filhos terem acabado os cursos básicos, enviaram-nos para fazer os cursos secundários no exterior, com vistas a lá continuarem para concluir os cursos superiores.
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Enquanto isso, muitos pais obtiveram qualificação acadêmica de alto nível (mestrados, doutorados e etc.), visando mais facilmente obterem vistos de trabalho nos países para onde iriam se mudar.
Concomitantemente, com a ajuda de advogados especializados e consultores de bancos internacionais, inteiraram-se do modo de vida e legislação desses países.
Aproveitando os momentos de euforia financeira no Brasil, quando o preço dos imóveis sobe de maneira exorbitante, venderam-nos, com o propósito de criar liquidez e aguardar os momentos mais adequados para comprar moedas fortes a preços baixos, visando enviar para o exterior.
Na atualidade, na convivência permanente com alunos que frequentam escolas de idiomas, visando aprender mais um ou simplesmente para manter a fluência em algum já dominado, é impressionante a constatação do número de famílias inteiras que estão preparando-se para ir definitivamente para um país desenvolvido, como: EUA, França, Portugal, Reino Unido (apesar do Brexit), Espanha, Itália, Suíça, Bélgica e Luxemburgo.
O pleno domínio de idiomas estrangeiros é sempre uma ferramenta muito importante em qualquer fase da vida, pois quem é poliglota tem um grau de mobilidade incomparável, em situações de risco político e econômico elevado, como no Brasil presente.
Que o digam, também, as milhares de famílias da Venezuela e Argentina, que abandonaram às pressas suas pátrias, em direção a “portos seguros”.
Também o Panamá tem recebido muitos expatriados, pois tem estrutura política estável, economia equilibrada, boa qualidade de vida e também por ser administrado sob a ótica capitalista, além de oferecer cidadania a residentes e regime fiscal muito diferenciado dos demais países vizinhos.
Se nos movimentos imigratórios anteriores, as pessoas que deixavam o Brasil, tinham alguma esperança de voltar um dia, na atualidade, isso já não ocorre. Desfazem-se de todos os seus bens domésticos e muitas chegam a abdicar da cidadania brasileira, num movimento radical de cortar os laços definitivamente.
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Não querem esperar mais 30 ou 40 anos, se tudo der certo, para que o Brasil transforme-se ao menos num país de segundo mundo.
É lamentável para um país que carece de tudo, que empresários, médicos, dentistas, advogados, psicólogos, economistas, professores universitários, cientistas, jornalistas e muitos outros profissionais de alto calibre intelectual tenham que deixar o país, para viver dignamente.