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O brasileiro nasce, cresce, põe o nome no Serasa e morre?

por Conrado Navarro
3 min leitura
O brasileiro nasce, cresce, põe o nome no Serasa e morre?

A pergunta do título é, na verdade, uma piada (de mal gosto) antiga que circula no Brasil. Com as taxas de juros que praticamos aqui, é muito fácil se ver diante de uma tragédia financeira, e “sucumbir” frente a isso é comum. Infelizmente.

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Existem termos no mercado financeiro que causam alguma confusão, e tem gente que nem toma gosto por finanças por causa disso. Fique tranquilo, pois esse é um dos papéis do Dinheirama: ensinar finanças (e outros assuntos relacionados) através de uma linguagem simples.

Ativos, passivos e as finanças

Os conceitos de ativos e passivos dependem da aplicação, mas, via de regra, um ativo é algo que gera dinheiro (renda) e um passivo é algo que retira dinheiro (custos). Mas, em outras aplicações, os conceitos podem se inverter.

Por exemplo, quando estamos falando de geração de renda (fazer dinheiro), renda ativa é aquela associada ao ato de trabalhar para obter o dinheiro, enquanto renda passiva é aquela que surge sem que tenhamos que trabalhar (como o retorno de aplicações financeiras).

Já em relação aos juros, a regra é simples: se eles estão ao nosso favor, então são ativos (geradores de dinheiro); quando estão contra nós, são passivos (eles consomem o nosso dinheiro).

Webcurso gratuito recomendado: Tudo o que você precisa saber sobre Tesouro Direto

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A origem dos juros

Você sabe como surgiu a palavra “juros”? Antigamente, quando alguém emprestava dinheiro para outra pessoa e ela não pagava no prazo esperado, ela “jurava” que iria pagar logo. Devo e não nego, pago quando puder, sabe? Pois é…

Como isso acontecia sucessivamente e a pessoa não pagava, aquele que emprestava (o credor) começou a cobrar uma pequena taxa que o tomador do empréstimo (o devedor) pudesse pagar, como uma maneira de compensar o atraso. Com o passar o tempo, a prática ficou comum e foi regulamentada.

A taxa Selic

Selic é a abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Sim, é confuso, mas o importante mesmo é entendê-la no contexto dos investimentos, pois ela pode deixar você mais rico.

A taxa Selic é uma taxa de referência que o Banco Central define em reuniões periódicas, as famosas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).

Grosso modo, sempre que o governo precisa de dinheiro, ele paga a taxa Selic (que define os juros anuais) para captar os recursos que precisa e financiar a dívida pública.

Em outras palavras, o governo pede dinheiro emprestado e paga juros por isso (cuja taxa é definida pela Selic, que no dia em que escrevi este texto, é de 14% ao ano).

Observe que a inflação nos últimos anos chegou a 10% ao ano (agora já está perto de 7%). A poupança rende pouco acima do aumento dos preços, mas investimentos em renda fixa atrelados à Selic são melhores opções.

Investir no Tesouro Direto, por exemplo, é muito melhor do que aplicar na poupança, afinal estamos falando de ganhos reais (acima da inflação) da ordem de 3% a 5% ao ano (ou mais).

Este é um dos motivos de tanto escrevermos por aqui sobre os benefícios do Tesouro Direto e o problema de manter seu dinheiro na poupança.

Podcast recomendado: Queda dos juros – conheça as ameaças e oportunidades dessa nova realidade

E os juros do cheque especial e cartão de crédito?

Será que a Selic também serve de referência para os juros que as pessoas pagam quando tomam dinheiro emprestado do banco, entram no cheque especial ou não pagam suas faturas do cartão de crédito em dia?

A resposta técnica é sim, mas os números reais praticados estão longe do patamar da Selic. Eles são muito mais altos. Aliás, a diferença é brutal, podendo chegar a quase 500% de juros ao ano, no caso do cartão de crédito, e quase 350% ao ano no cheque especial.

Nestes casos, estamos falando dos juros como um passivo, ou seja, quem usa estes tipos de crédito está pagando juros. Isso nos mostra os danos que um empréstimo pode causar na sua vida financeira, caso ele não seja devidamente compreendido e calculado.

Conclusão

A sina representada pelo título deste texto não precisa ser a história da sua vida. Entender a dinâmica dos juros é fundamental no processo de educação financeira, e você certamente percebeu como ela é simples: use os juros para enriquecer, não para consumir.

Em outras palavras, coloque sempre os juros do seu lado, como um “ativo” financeiro. Caso tenha que contrair dívidas, certifique-se de que nesta manobra haverá algum tipo de compensação (outros lucros) que justifique você pagar juros.

Gerar renda em tempos de crise não é uma tarefa fácil, então seja responsável no uso do seu dinheiro. Trata-se de uma escolha. Até a próxima!

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