O BV reportou nesta terça-feira lucro líquido de 302 milhões de reais no quarto trimestre de 2023, expansão de 8,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, em desempenho marcado por recordes na originação de crédito para veículos e na emissão de prêmios na operação de seguros.
Controlado pelo Banco do Brasil e pela Votorantim, o banco informou que a originação de crédito para aquisição de veículos somou um recorde de 7,1 bilhões de reais no período, levando a carteira de crédito no segmento para 47,2 bilhões de reais, aumento de 14,9% ante o quarto trimestre de 2022.
Em seguros, os prêmios somaram 410 milhões de reais entre outubro e dezembro, elevação de 48,2% ano a ano.
“Temos a liderança inequívoca em veículos”, afirmou o presidente-executivo do BV, Gabriel Ferreira, acrescentando que a expectativa é de crescimento ainda aquecido no primeiro semestre de 2024. “Pode-se dizer que janeiro veio forte.”
Dados da associação de concessionários, Fenabrave, divulgados na véspera, mostraram que os emplacamentos de veículos tiveram o melhor resultado para o mês de janeiro desde 2015, com 322.505 unidades no primeiro mês do ano. A entidade ainda não divulgou números sobre os usados, principal área de atuação do BV nesse segmento.
Quanto à inadimplência no segmento de veículos, cujo portfólio representa cerca de 50% da carteira total de crédito do BV, o executivo citou uma queda de 5,2% para 5% entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado.
No caso de veículos elétricos, o banco apurou um crescimento de 190% nos financiamentos nessa categoria em 2023 ante 2022.
A carteira de crédito total somou 87,6 bilhões no final do quarto trimestre, acréscimo de 5,7% frente ao mesmo período de 2022.
O portfólio de atacado, porém, cedeu 3,8%, a 26,6 bilhões de reais, o que o banco afirmou refletir uma postura mais conservadora tendo em vista o cenário econômico adverso.
A inadimplência total do banco ficou em 5,2%, de 5,5% em setembro. No varejo, o índice passou a 6,4%. No atacado, o percentual ficou em 0,4%. Com tal movimento, o custo de crédito somou para 978 milhões de reais, queda de 15% no trimestre.
“O pior da crise de inadimplência da pessoa física ficou para trás”, afirmou Ferreira, que vê os índices convergindo para médias históricas durante o ano. “Esse número, se chegar na casa de 4,5%…estaria dentro da média histórica, que é o que a gente imagina que acontecerá ao longo de 2024.”
No caso do atacado, Ferreira afirmou que o BV ainda está cauteloso, citando que os juros ainda estão em dois dígitos, o que pressiona a despesa financeira das companhias, e que o país nesse momento registra recorde histórico de pedidos de recuperação judicial.
“Se na pessoa física a gente tem convicção que o pico de inadimplência já ficou para trás em 2023, na pessoa jurídica a gente ainda tem um pouco de cautela dado estarmos no meio desse ciclo de desinflação e afrouxamento monetário”, acrescentou.
As receitas totais do banco BV subiram 8,3% no quarto trimestre ante mesmo período de 2022, a 2,8 bilhões de reais, com as receitas de serviços avançando 20,7% e a margem financeira com mercado aumentando 35,3%.