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BYD confronta Anfavea por defender retorno de imposto para elétricos

Além da BYD, a também chinesa GWM está vendendo importados eletrificados no Brasil enquanto sua fábrica no interior de São Paulo não fica pronta

por Reuters
3 min leitura
(Imagem: Reprodução/Facebook/BYD)

A montadora chinesa BYD não acredita que o governo federal vai anunciar neste mês o fim da isenção do imposto de importação para carros elétricos, e criticou a associação setorial Anfavea, que tem defendido há meses o retorno da tributação que foi zerada em 2015 durante o mandato de Dilma Rousseff.

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Na semana passada, o presidente da associação de montadoras de veículos Anfavea, Márcio Leite, afirmou a jornalistas que o fim da isenção de imposto de importação para os veículos elétricos vai ocorrer ao longo de três anos e deve ser anunciado próximo de medida provisória que trará os objetivos gerais da segunda fase da política automotiva Rota 2030, prevista para este mês.

“É descabido imaginar que o presidente de uma entidade dessa envergadura (Anfavea) possa colocar palavras na agenda de um governo que lutou tanto para trazer a COP 30 para o Brasil e dizer que vai haver uma taxação de carros elétricos que visam justamente contribuir para a proteção ao meio ambiente”, disse o conselheiro especial da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, nesta terça-feira em entrevista à Reuters. Baldy se referiu à cúpula global do clima que será realizada em Belém em novembro de 2025.

Procurada nesta terça-feira, a Anfavea não se manifestou.

“Nosso diálogo é com o governo e não tivemos qualquer discussão com o governo como essa (volta da taxação)”, afirmou o executivo, ex-ministro das Cidades no governo de Michel Temer.

Segundo Baldy, a vice-presidente da BYD Stella Li e o fundador e presidente da companhia, Wang Chuanfu, virão ao Brasil na primeira quinzena de outubro. Na ocasião, espera-se que os executivos anunciem o início das obras de construção da fábrica de veículos do grupo na Bahia.

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As vendas de carros eletrificados (híbridos e totalmente elétricos) têm saltado nos últimos meses no Brasil, com o total acumulado de janeiro ao fim de agosto quase igualando todo o volume de 49,2 mil unidades de 2022, conforme a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (Abve).

As vendas de carros eletrificados (híbridos e totalmente elétricos) têm saltado nos últimos meses no Brasil (Imagem: Reprodução/ REUTERS/Leonhard Simon)
As vendas de carros eletrificados (híbridos e totalmente elétricos) têm saltado nos últimos meses no Brasil (Imagem: Reprodução/ REUTERS/Leonhard Simon)

A BYD, teve, em agosto, o segundo carro eletrificado mais emplacado do Brasil, atrás apenas de um modelo da Toyota, primeira montadora a lançar um veículo híbrido flex no país. A empresa chinesa registrou vendas de 761 unidades do utilitário híbrido Song Plus GS contra 851 do SUV híbrido Corolla Cross, da montadora japonesa, segundo dados da Abve.

No ranking geral da Abve, as montadoras que mais emplacaram veículos eletrificados em agosto foram Toyota (1.976 unidades), Caoa Chery (1.711), BYD (1.454), GWM (1.451) e Volvo (647).

Além da BYD, a também chinesa GWM está vendendo importados eletrificados no Brasil enquanto sua fábrica no interior de São Paulo não fica pronta. A companhia tem três modelos na lista dos dez mais vendidos da Abve em agosto. A empresa não comentou o assunto na semana passada quando foi procurada pela Reuters.

Baldy citou que a defesa da Anfavea para a volta do imposto de importação de 35% traz semelhanças com meados da década de 2010, quando o setor automotivo nacional conseguiu convencer o governo a aprovar o programa Inovar-Auto para proteger o mercado nacional contra um boom de importações de veículos chineses.

O programa depois foi alvo de questionamentos na Organização Mundial do Comércio (OMC).

“O apelo daqueles que querem proteger os seus mercados, sem dúvida, é semelhante. Agora, diferentes são as empresas…Hoje estamos falando da maior empresa do mundo no seu setor. Não é um aventureiro e não é um grupo qualquer”, afirmou o conselheiro especial da BYD no Brasil.

Atualmente, a BYD disputa a liderança global em vendas de veículos elétricos com a norte-americana Tesla e promete investimentos de pelo menos 3 bilhões de reais no Brasil.

Sobre o Rota 2030, a nova fase deve manter a lógica do início do programa: dar redução de um a dois pontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) (Imagem: Reprodução/Freepik/@freepik)
Baldy citou que a defesa da Anfavea para a volta do imposto de importação de 35% traz semelhanças com meados da década de 2010 (Imagem: Reprodução/Freepik/@freepik)

“Não temos preocupação sobre aumento de imposto de importação”, disse Baldy. “Não tivemos qualquer menção do governo federal sobre elevação de qualquer tributo”, afirmou, citando que a discussão causa instabilidade econômica ao trazer preocupação entre concessionários de veículos.

Baldy, porém, afirmou que um debate sobre uma transição para o fim da isenção do imposto de importação “é saudável”.

“O desejo da BYD não é importar carros indefinidamente, é trazer para o Brasil investimento muito relevante para produzirmos nossos modelos aqui”, disse o representante do grupo chinês no país.

Ele afirmou que a empresa projeta começar a produzir entre o final de 2024 e início de 2025 e que serão dois modelos iniciais, o híbrido Song Plus e o hatch elétrico Dolphin.

“Logo em seguida” a empresa produzirá também no Brasil o subcompacto elétrico Seagull, disse Baldy, acrescentando que a empresa está “assinando um termo de cooperação com indústrias de etanol” no Brasil para a produção de modelos híbridos flex.

Para Baldy, apesar da defesa do imposto de importação pela Anfavea e de dúvidas sobre a prorrogação de incentivos tributários para produção de veículos no Nordeste, o ambiente é favorável para a companhia devido à pauta de descarbonização defendida pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Rebatendo comentário do presidente da Anfavea, que na semana passada citou entre as preocupações da entidade empresas que “investem para montar 100 mil veículos, mas vão trazer (importar) 500 mil”, Baldy lembrou que nenhuma montadora no Brasil vende atualmente 500 mil veículos por ano no país.

“Não existe fundamento para um aumento de imposto em um ambiente em que o Brasil quer ser um país com agenda global de proteção ao meio ambiente e que vai ter na COP 30, em 2025, o principal protagonismo global”, disse Baldy.

Procurados, representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços não puderam comentar o assunto de imediato.

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