O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta sexta-feira que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre ficou “acima do esperado” e que deve favorecer a arrecadação do governo.
Durante evento do Lide (Grupo de Líderes Empresariais) em Washington, Campos Neto lembrou que o Brasil teve a maior revisão do PIB feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), ainda sem considerar os números divulgados nesta sexta-feira.
Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre, na comparação com os três meses anteriores. O resultado ficou bem acima da expectativa de analistas em pesquisa de Reuters, de um avanço de 0,3%.
“O PIB foi bastante bom, muito acima da média, e com elementos bons. A indústria veio melhor, os serviços vieram melhores”, pontuou Campos Neto. “O PIB deve inclusive refletir numa arrecadação melhor”, acrescentou.
Ainda assim, Campos Neto voltou a alertar para a necessidade de uma “convergência fiscal” no Brasil, que possibilite a manutenção de juros mais baixos por mais tempo. Ele pontuou que o crescimento da despesa primária no Brasil é “bastante alto” quando comparado com países desenvolvidos e outros emergentes.
Na quinta-feira, o governo enviou ao Congresso o Orçamento de 2024 prevendo um superávit primário de 2,8 bilhões de reais no ano que vem. Para cobrir as despesas e alcançar o resultado levemente positivo, o governo conta com receitas de 168,5 bilhões de reais de novas ações arrecadatórias propostas nos últimos meses, incluindo medidas ainda não aprovadas.
Analistas têm questionado a viabilidade do Orçamento em função desta necessidade de mais receitas.
Inflação
Em sua fala, Campos Neto também destacou que a inflação de serviços no Brasil está caindo, assim como os núcleos de serviços, ainda que lentamente. Por isso, segundo ele, a tarefa do BC de controle da inflação ainda não foi cumprida.
Ao avaliar a inflação global, o presidente do BC disse que a inflação cheia “vem em momento de melhora em quase todos os lugares”, embora haja um início de piora em alguns países. No caso da China, ele qualificou a deflação como “preocupante”.