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Cansado do isolamento? Veja o que a História pode nos ensinar

por Janaína Gimael
3 min leitura
Cansado do isolamento - Aprenda com a História

O isolamento, somado ao medo do coronavírus, tem se tornado um problema emocional grave. Vamos virar esse jogo?

No começo do ano passado, fiquei três meses viajando pela Europa. Neste ano, já passei os mesmos três meses fechada praticamente todo o tempo em um apartamento. De meses viajando ao isolamento. Quanta diferença, não é? E como a vida pode trazer imprevistos e surpresas absolutamente inimagináveis para a gente! 

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Pois bem, devo dizer que, após o período inicial, parece que encarar as mudanças causadas por essas turbulências todas se tornou menos difícil para mim. É claro, a gente cansa. Mas, ao mesmo tempo, como seres humanos que somos, também aprendemos rápido a lidar com as circunstâncias.

O importante é encontrar brechas que nos permitam seguir em meio às adversidades e do isolamento. A história do planeta já mostrou que a adaptação diante dos fatos é uma grande vantagem para quem precisa seguir em frente.

E é por isso que, mesmo aos trancos e barrancos, temos que aprender a usar todo poder existente dentro de nós para continuar. Em alguns casos não há alternativa. A gente simplesmente precisa ter paciência e continuar um dia de cada vez.

Eu gosto de pensar em referências e fazer comparações para dar o peso justo aos fatos. Muitas vieram à minha cabeça, mas três exemplos específicos me fizeram pensar que, apesar de toda dificuldade que encaramos, poderia ser muito pior.

Essas pessoas que vou citar passaram por dificuldades absurdas em suas vidas e deixaram legados importantes para a humanidade. Que tal aprendermos algo com eles para enfrentarmos a pandemia, o isolamento e que virá depois?

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Viktor Frankl

O neuropsiquiatra é o fundador da Logoterapia, abordagem que estuda o sentido da vida. É importante sabermos que durante parte de sua história, ele esteve preso em campos de concentração. Inclusive, perdeu sua mulher, grávida, neste período.

Durante anos, Viktor Frankl encarou fome, sede, frio, cansaço e um terror psicológico que não temos idéia. E durante todo o período preso, parte dele em Auschwitz, aproveitou para observar o comportamento dos prisioneiros e notou que aqueles que tinham “por que” viver buscavam arrumar um “como” mesmo diante de todas as dificuldades.

Em seu livro mais famoso “Em busca de sentido”, ele conta essa história e faz uma referência a Dostoievski: “Temo apenas uma coisa, não ser digno de meu tormento”. É preciso considerarmos aqui que cada tormento também traz em si um outro lado, que nos convida a dar mais valor à vida, percebe?

Frankl, ao sair, escreveu muitos livros, foi professor convidado em diversas universidades, criou a logoterapia e se tornou referência para quem estuda o sentido da vida. E você, qual o “por que” que te faz seguir em frente? Como será que ele enxergaria o atual momento de isolamento?

Dica de leitura: “Quebre a Caixa, Fure a Bolha” (clique)

Nelson Mandela

Quando fiz intercâmbio na África do Sul, tive a oportunidade de conhecer a Robben Island, lugar em que Mandela e outros prisioneiros da época do apartheid estiveram presos.

No caso dele, foram 18 anos por lá e mais 9 em outra prisão, totalizando 27 anos. Veja bem, reclamamos por estar presos em apartamentos, mas ele esteve preso em um cubículo, que pude ver com meus próprios olhos ao visitar o lugar dentro da ilha. (Você pode conhecer o lugar virtualmente, clicando aqui).

O que fez Mandela durante esse tempo todo? Escreveu e certamente refletiu muito. Quando saiu e acabou se tornando o primeiro presidente negro da África do Sul, ele ensinou um país inteiro que o melhor seria seguir em frente e perdoar. “Você alcançará mais nesse mundo por meio de atos de compaixão do que por atos de retaliação”, disse ele. Será que não conseguimos aprender um pouco com isso?

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Anne Frank

A adolescente judia, autora de “O Diário de Anne Frank”, ficou dois anos presa em um sótão. Não podia fazer barulho, tinha pouca comida, vivia com medo, mas ao mesmo tempo cultivava em um diário todos os sonhos comuns de uma menina de 13 anos.

Em meio a uma situação terrível ela encontrou na escrita um “respiro”. Quais os seus respiros hoje? O museu dedicado a ela, que fica em Amsterdã, recentemente transformou trechos do livro em vídeos; e você pode checar virtualmente toda a história neste link.

Anne, infelizmente, não conseguiu sobreviver, pois a família foi encontrada e enviada para campos de concentração, mas seu diário, transformado em livro, foi traduzido para mais de 70 línguas, transmitindo lições importantíssimas.

Entre elas a de que é possível passar por adversidades e contar com nossas memórias, nossa imaginação e nossa fé para nos manter. “Pense em toda beleza que ainda resta em torno de você e seja feliz”, escreveu.

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Tudo muda, inclusive o atual isolamento. Entenda isso e siga!

Pois bem, é claro que é natural que em alguns dias o ânimo simplesmente não exista; e não é à toa que, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria, 89,2% dos médicos consultados afirmaram ter havido agravamento dos casos psiquiátricos dos seus pacientes.

A maior parte dos profissionais (67,8%) também afirmou ter recebido pacientes novos que não haviam apresentado sintomas antes dessa fase de pandemia. Pensemos, porém, que todos temos o poder de mudar e encarar as necessidades que a vida impõe.

Não é de uma hora para a outra, mas pode ser um dia de cada vez. As dificuldades nos mostram que somos mais fortes do que pensávamos! A natureza, por sua vez, também nos ensina com seus ciclos. A mesma árvore seca do outono é a árvore florida da primavera. Essa é a graça da vida!

Para terminar, queria dizer que trouxe algumas referências nesse artigo porque é importante que a gente siga em frente da melhor forma possível, ainda que em alguns dias as coisas não estejam lá tão boas assim e a vontade seja sair correndo, não é verdade?

Pense adiante, de uma forma muito mais ampla do que simplesmente o agora, e perceba que este momento será um pequeno ponto na sua história e na história do mundo. Vai passar, como tudo nessa vida. Aproveite enquanto isso para aprender de alguma forma e ensinar também! Vamos juntos!

Foto: Pexels.

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