O pior rendimento da poupança em quase 50 anos não foi suficiente para frear investimentos de poupadores nesta modalidade. A busca dos investidores pela poupança quintuplicou no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. A diferença entre depósitos e saques (captação líquida) foi de R$ 10,6 bilhões nos três primeiros meses de 2013, enquanto em 2012 o valor foi de R$ 2,1 bilhões.
No início de março, publicamos um artigo sobre a captação recorde da poupança. Na época, os depósitos em caderneta de poupança superavam as retiradas em R$ 2,32 bilhões, a maior captação de recursos, para um mês de fevereiro, desde o início da série histórica disponibilizada pelo Banco Central, em 1995.
A razão para o investidor preferir a poupança pode ser reflexo do péssimo desempenho das principais aplicações financeiras no primeiro trimestre desse ano. Segundo publicação do Valor, o ouro e o dólar marcaram as maiores altas do período, com 3,50% e 2,17%, respectivamente.
Considerando a inflação estimada para os três primeiros meses do ano (1,97%), o investidor não conseguiu ganhos reais em nenhuma das aplicações. Na média, todas ficaram negativas no trimestre. Assim, os investidores parecem ensaiar um retorno para aplicações pós-fixadas.
Em questão de renda variável (ações), os investidores mostram um interesse maior pelos fundos com uma gestão ativa do dinheiro aplicado, em vez de opções mais populares que perseguem o índice Ibovespa.
As aplicações mais buscadas pelos investidores – 1º trimestre / 2013
Aplicações |
Captação no primeiro trimestre de 2012 |
Captação no primeiro trimestre de 2013 |
Variação em 12 meses |
Poupança |
2.129,47 |
10.581,26 |
396,8% |
Fundos Renda Fixa |
15.262 |
27.887,90 |
82,7% |
Fundos cambiais |
16,8 |
20,54 |
22,3% |
Fundos Multimercados |
12.217 |
3.862,81 |
-68,4% |
Fundos de ações |
-1.028,24 |
5.852,29 |
– |
Fundos DI |
24.525 |
-3.299,91 |
– |
Fonte: Banco Central e Anbima. (*) Em R$ milhões. Captação líquida: depósitos menos retiradas
Por que a poupança?
A atração da poupança tem chamado a atenção da mídia especializada e de investidores mais atentos. Apesar do rendimento menor, a captação líquida da poupança passou a cifra histórica de R$ 10 bilhões no primeiro trimestre de 2013. Se comparado com o mesmo período do ano passado, temos um valor cinco vezes maior nesse ano.
Segundo especialistas, são dois os motivos básicos para esse tipo de comportamento entre os poupadores: o desconhecimento de alternativas melhores, como explicam pesquisas recentes, e o fato dos fundos de investimentos mais conservadores apresentarem altas taxas de administração e pesada carga de impostos.
Para o planejador financeiro Alvaro Dias, há uma concentração preocupante do dinheiro em aplicações mais indicadas para o curto prazo, em vez de uma visão de longo prazo. “Pela minha experiência, a maior parte não tem uma estratégia clara de investimentos. As pessoas ainda aplicam de acordo com as notícias do momento. E muita gente acaba não tendo um planejamento financeiro, e não pensa esse planejamento ao longo do tempo”, diz.
Como se preparar para esse cenário?
Em época de juros baixos, o investidor algumas vezes precisa refazer seu planejamento financeiro e alinhar seus objetivos com o que o mercado tem para oferecer. É pensando nisso que selecionamos alguns artigos, que abordam o tema, publicados pela equipe Dinheirama nas últimas semanas.
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Fonte: UOL. Foto de freedigitalphotos.net.