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Carrefour Brasil cai 5% com respostas ao boicote francês

Analistas estimam que a carne bovina seja responsável por 4 a 5% das vendas totais da empresa, com margem Ebitda de um dígito baixo

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Carrefour

Os principais frigoríficos brasileiros, incluindo JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e MasterBoi, iniciaram um boicote ao Carrefour Brasil (CRFB3) na última sexta-feira (22), interrompendo o fornecimento de carne bovina para mais de 100 lojas do grupo, que inclui Carrefour, Atacadão e Sam’s Club. A medida, que pode causar escassez de carne bovina em breve, é uma resposta à declaração do CEO global do Carrefour na França sobre a interrupção das compras de carne da região do Mercosul.

As ações do Carrefour iniciaram as negociações desta segunda-feira (25) com uma desvalorização de quase 5%. As ações da JBS também caem, em torno de 3%.

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A fala do executivo estaria alinhada aos padrões franceses, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade da carne produzida na região. O contexto envolve o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, assinado em 2019 e com implementação prevista para 6 de dezembro, que tem gerado forte oposição de produtores europeus, especialmente na França.

“Estimamos que a carne bovina seja responsável por 4 a 5% das vendas totais do Carrefour, com margem Ebitda de um dígito baixo, mas é uma categoria importante para direcionar o tráfego para as lojas. Nesta fase, ainda é muito cedo para avaliar o impacto total do boicote, pois os níveis reais de falta de estoque nas lojas Carrefour e a velocidade com que eles podem aumentar permanecem incertos”, apontam os analistas Pedro Pinto e Flávia Meireles, do Bradesco BBI.

Os frigoríficos brasileiros exigem uma retratação oficial do Grupo Carrefour, destacando que a declaração prejudica a imagem da carne brasileira, reconhecida mundialmente por sua qualidade. Até o momento, a rede de supermercados não emitiu resposta oficial sobre o boicote.

“Esperamos que concorrentes como Assaí (ASAI3), Grupo Mateus (GMAT3) e GPA (PCAR3) possam se beneficiar das faltas de estoque do Carrefour, com a demanda migrando para essas lojas”, apontam Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, analistas do Santander.

O movimento vem em um cenário de tensão comercial crescente. Na França, protestos de fazendeiros contra o acordo de livre comércio resultaram em bloqueios de estradas e queima de equipamentos públicos. Além disso, outros grandes varejistas franceses, como os donos das redes Intermarché e Netto, já anunciaram que não venderão carne do Mercosul, apoiando produtores locais.

No final de outubro, a Danone também esteve envolvida em uma controvérsia similar, com declarações sobre a suspensão de compras de soja brasileira, embora a empresa tenha negado posteriormente.

“A notícia é negativa para o Carrefour Brasil, podendo afetar a receita da companhia, uma vez que a categoria de carnes possui participação considerável no mix de vendas, especialmente se o boicote perdurar por mais tempo”, opina Carolina Borges, analista da EQI Research.

Reação no Brasil

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) convocou empresários de hotelaria e de alimentação fora do lar a se engajarem em um boicote ao Carrefour, até que a rede mude oficialmente o posicionamento quanto à venda de carne proveniente do Mercosul em suas lojas na França. A medida se estende, ainda, às redes Atacadão e Sam’s Club, que pertencem ao Grupo.

“Somos mais de 500 mil empresas, apenas no estado de São Paulo, que deixarão de comprar do Carrefour, enquanto insistir em desqualificar nossa carne, questionando uma qualidade comprovada globalmente. Solicitamos o engajamento e a adesão das empresas de Hotelaria e de Alimentação neste movimento, até que a varejista volte atrás deste posicionamento errôneo e desrespeitoso”, diz a entidade.

A medida ocorre após o CEO global da rede de supermercados, Alexandre Bompard, declarar que a varejista francesa não vai mais vender carnes do Mercosul nas lojas da França, independentemente dos preços e das quantidades que os respectivos países possam oferecer.

Para a Federação, a decisão do Carrefour é “estritamente protecionista e desrespeitosa” quanto ao juízo de valor que está fazendo da qualidade das carnes provenientes do Brasil, bem como “prejudicial a toda a cadeia produtiva nacional”.

A mobilização da Federação vai ao encontro do que também estão fazendo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e outras entidades do setor produtivo.

“O Carrefour, que se beneficia do mercado brasileiro, operando como a maior rede varejista do País, com mais de 500 lojas, deveria demonstrar mais respeito aos produtos que enriquecem seus acionistas. É inaceitável que uma empresa que prospera em solo brasileiro adote práticas que desconsideram a qualidade e o trabalho árduo dos nossos produtores”, diz a Fhoresp.

Comissão na Câmara

Lideranças do agronegócio estão indignadas com a decisão de boicotar a carne do Mercosul. Parlamentares do setor já começaram a planejar uma retaliação.

O deputado Alceu Moreira (MDB-RS), diretor de Política Agrícola e ex-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), vocaliza essa insatisfação. Ele vai apresentar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um requerimento para instalar uma comissão externa da Casa com o objetivo de “colocar o dedo na ferida” da empresa.

(Com Estadão Conteúdo)

Boicote de frigoríficos pode impactar os resultados

Durante o fim de semana, alguns jornais noticiaram que os principais frigoríficos nacionais, incluindo JBS, Marfrig e MasterBoi, pararam de fornecer carne bovina para todas as lojas do Carrefour Brasil.

De acordo com as notícias, o boicote é uma resposta à declaração do CEO global do Carrefour na França para interromper as compras de carne da região do Mercosul, que supostamente não estavam aderindo aos padrões franceses (contexto abaixo).

O boicote dos produtores brasileiros começou na última sexta-feira (22), com estimativas indicando que mais de 100 lojas Carrefour, Atacadão e Sam’s Club no Brasil foram impactadas, o que sugere escassez de carne bovina em algum momento em breve.

Os produtores estão aguardando uma retratação do Grupo Carrefour para potencialmente suspender o boicote -a empresa não respondeu oficialmente a este evento até agora.

De acordo com as notícias, a declaração do CEO global do Carrefour tem como pano de fundo o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, assinado em 2019 e previsto para ser implementado no próximo dia 6 de dezembro na próxima reunião do Mercosul. Este acordo gerou protestos em países da União Europeia.

Na semana passada, a situação se agravou na França, com fazendeiros franceses protestando, bloqueando estradas e queimando equipamentos públicos para pressionar o governo contra o acordo. Nofinal de outubro, o CFO da Danone disse à Reuters que havia parado de comprar soja do Brasil, mas depois a empresa publicou uma nota negando a declaração.

Outro varejista francês, dono das redes Intermarché e Netto, também disse que não venderia carne do Mercosul, apoiando fazendeiros franceses locais.

Estimamos que a carne bovina seja responsável por 4 a 5% das vendas totais do Carrefour, com margem EBITDA de um dígito baixo, mas é uma categoria importante para direcionar o tráfego para as lojas. Nesta fase, ainda é muito cedo para avaliar o impacto total do boicote, pois os níveis reais de falta de estoque nas lojas Carrefour e a velocidade com que eles podem aumentar permanecem incertos

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