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Carta a um empreendedor brasileiro

por Plataforma Brasil
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Carta a um empreendedor brasileiro

Carta a um empreendedor brasileiroPor Gustavo Chierighini (@GustavoChierigh), fundador da Plataforma Brasil Editorial.

Caro leitor, dedico este texto aos bravios empreendedores brasileiros – válido também aos aspirantes – que sendo fundadores ou não dos seus negócios, decidiram avançar pela estrada repleta de bifurcações, lombadas, retas ensolaradas e alguns (muitos) buracos que a vida empresarial oferece.

Este artigo é dedicado àqueles que decidem viver a vida de empreendedor em um país em desenvolvimento e constante transformação, e que por isso mesmo é repleto de oportunidades, idiossincrasias e paradoxos que apenas os fortes podem e conseguem enfrentar.

E, aviso logo de cara, caso estejam esperando um texto repleto de frases feitas, cobranças sócio ambientais desmedidas, platitudes, dicas para o sucesso e modismos com expressões rebatizadas, lamento, mas vou decepcioná-los.

Vejamos então minha carta ao empreendedor brasileiro:

“Meu amigo, por mais interessante e vibrante que possa sugerir (e de fato é), a vida empreendedora traz também os seus percalços. Você poderá colher virtuosos e valorosos frutos, mas antes disso enfrentará vales sombrios, dias de solidão, toda ordem de contratempos e muita, mas muita burocracia e regulação. Disso, você provavelmente já sabia.

Para começar, grande parte da cultura reinante não curte muito o seu perfil. Essa coisa de abrir mão de uma vida equilibrada nos primeiros tempos da viagem (e muitas vezes a longo de toda a estrada, não se iluda), de correr inevitáveis riscos quando quase todos fogem do seu enfrentamento, de ter audácia para romper com alguns paradigmas e de desejar construir um sólido patrimônio com inquestionável liquidez financeira não são características tão bem aceitas em uma sociedade onde o sucesso e a ousadia muitas vezes ainda figuram como ofensa pessoal.

Para ir além das questões relacionadas ao comportamento cultural, não podemos deixar de passar pelo universo fiscal/institucional-normativo, que obviamente sob forte influência do senso comum (impactado por aquela grande parcela da cultura reinante) também não morre de amores por você.

A sua ousadia na busca por uma vida independente, não dependendo tanto do estado, e os seus desejos de prosperidade, aliados ao desconhecimento do seu enfrentamento cotidiano, constituem os ingredientes perfeitos para a desconfiança, a má interpretação e a insistência em um modelo burocrático que faz o Brasil ocupar a 116ª posição em um universo de 189 economias analisadas no quesito “facilidades no ambiente de negócios”.

Como se não bastasse, existe ainda a insegurança jurídica e as imensas dificuldades de se obter um financiamento ou o capital de crescimento ao seu negócio. Você ainda precisa ter paciência para conviver com as obviedades das modinhas de gestão que tentam submeter o mundo empresarial-corporativo à mais absoluta banalização. Sim, não é fácil ser um empreendedor no Brasil.

Mas eu sei que mesmo tendo lido tudo isso, e provavelmente com o casco já bem machucado com o panorama aqui traçado, é bem provável que, de tão calejado e tão acostumado, julgue o texto como um amontoado de obviedades já conhecidas. Sim, eu aceito isso, e respeito. Você é assim mesmo, destemido, prático e direto ao ponto. E eu gosto de você assim, mas penso que anda quieto demais, na sua luta diária provavelmente.

Contudo, saiba antes que aquilo que para você pode ser óbvio, para muitos funciona como ‘o berro da realidade desconhecida’, e isso pode sensibilizar. Quanto mais empatia conquistarmos, melhor será a nossa recompensa. O contrário disso, o enfrentamento resignado e silencioso, nos distancia da opinião pública, é contraproducente e nos torna omissos. E como se sabe, a omissão sempre será onerosa.

Que possamos continuar empreendendo e encorajando mais gente a empreender; mas que também nossa nação enxergue a importância disso.”

Para encerrar, caso o leitor ainda esteja se questionando sobre se ainda vale a pena ser um empreendedor no Brasil, a resposta é “Sim”. Vale muito a pena, e continuará valendo, mesmo com todos os inerentes obstáculos.

Mas você precisa se engajar. Coragem e energia não podem faltar. E, por favor, abandone o silêncio. Vamos agir?

Foto “Business man with binoculars”, Shutterstock.

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