O CEO da Nvidia (NVDA; NVDC34), Jensen Huang, vendeu quase 5,3 milhões de ações ordinárias da empresa por cerca de US$ 633,1 milhões nos últimos três meses, de acordo com um registro na quinta-feira, 5, na Securities and Exchange Commission (SEC). A Nvidia tem cerca de 24,5 bilhões de ações em circulação.
Em 25 de março, Huang era o principal acionista individual da Nvidia, com cerca de 93,5 milhões de ações, conforme a declaração de procuração mais recente da empresa. As participações de Huang representam cerca de 3,8% do total de ações em circulação da Nvidia.
Mercado está “míope” com a Nvidia
Analistas de bancos têm alertado que os investidores podem estar “míopes” em sua análise sobre as ações da fabricante de chips.
Na última semana, os investidores digeriram os resultados do segundo trimestre, gerando uma reação mista. A gigante da tecnologia reportou um crescimento impressionante de 122% na receita e 153% no lucro ajustado por ação em relação ao ano anterior.
No entanto, essas métricas não foram suficientes para acalmar o mercado, que registrou uma queda de 6% no valor das ações no dia seguinte.
O analista sênior da Carson, por exemplo, Blake Anderson, resume o comportamento dos investidores desta forma: “Eles estão perdendo a floresta pelas árvores”.
Por que as ações caíram?
O motivo da queda não foi exatamente a performance financeira, mas as altas expectativas em torno dos novos chips da Nvidia, especialmente o aguardado Blackwell, que tem o potencial de superar os modelos atuais em múltiplos aspectos.
Apesar do CEO Jensen Huang destacar que a demanda pelo Blackwell é muito maior do que a oferta disponível, deixando claro que essa procura continuará até o próximo ano, os investidores ficaram com dúvidas sobre o cronograma exato de quando essa nova geração de chips impulsionará o crescimento da receita.
A análise da Carson, trouxe uma reflexão importante ao comparar o desempenho atual da Nvidia com o de outra gigante do passado, a Cisco (CSCO; CSCO34), que também teve seu momento de glória durante o boom da internet nos anos 1990.
Em junho de 2024, a Nvidia se tornou brevemente a maior empresa do mundo, atingindo uma capitalização de mercado de US$ 3,335 trilhões, algo que a Cisco também alcançou em março de 2000, no auge da bolha da internet. No entanto, a consultoria destaca que, apesar das semelhanças, há diferenças significativas entre as duas empresas.
Enquanto a Cisco enfrentou dificuldades para manter seu crescimento nos anos seguintes ao estouro da bolha da internet, a Nvidia continua a entregar resultados financeiros robustos.
O segmento de Data Center da Nvidia, por exemplo, registrou US$ 26,3 bilhões em receita no trimestre, um crescimento de 630% em relação aos US$ 3,6 bilhões do período anterior ao lançamento do ChatGPT, em outubro de 2022. Esse crescimento destaca o impacto da revolução da inteligência artificial no desempenho da Nvidia.
Anderson faz uma analogia com o crescimento da Cisco durante a explosão da internet. No sétimo trimestre após o início do boom da internet, em 1996, a Cisco registrou um crescimento de 150% na receita, muito inferior ao desempenho da Nvidia.
Revolução está apenas no começo
Esse dado leva a uma reflexão importante: o ciclo de crescimento impulsionado pela IA pode estar apenas no começo. Se a revolução da IA seguir um ritmo semelhante ao da internet, ainda estamos no início de um ciclo que pode durar até 26 trimestres.
Apesar dos questionamentos sobre o futuro da Nvidia, os dados financeiros indicam que a empresa está bem posicionada para continuar crescendo. A falta de clareza sobre o impacto dos novos produtos, como o chip Blackwell, pode gerar incertezas de curto prazo, mas a demanda por seus produtos continua forte.
A análise da Carson sugere que, ao comparar a Nvidia com a Cisco dos anos 1990, os investidores que estão focados demais nas flutuações de curto prazo podem estar “perdendo a floresta pelas árvores”. A revolução da IA ainda está em curso, e os números atuais da Nvidia indicam que o futuro pode reservar mais crescimento.
Ações podem dobrar
Em uma análise publicada após o balanço, os analistas do Wells Fargo elevaram o preço-alvo para as ações da Nvidia de US$ 155 para US$ 165.
“Acreditamos que um múltiplo premium para a Nvidia é justificado devido ao seu forte posicionamento competitivo de vários anos para o crescimento do data center, impulsionado pela nuvem e IA, jogos, veículos autônomos de última geração e um ecossistema em expansão de produtos/aplicativos (por exemplo, Omniverse)”, ressaltam os analistas Aaron Rakers, Joe Quatrochi, Jake Wilhelm e Michael Tsvetanov.
Segundo eles, contudo, em um cenário otimista, as ações poderiam ir a US$ 200.
“Vemos um cenário de alta a US$ 200, impulsionado pelo aumento dos lucros de 2026 na área de ~US$ 5,50+ com P/L mantido em meados de 30x. Especificamente, achamos que isso pode ser alimentado por uma demanda maior do que a esperada por GPU de data center/IA (ou seja, ainda em um período muito inicial), à medida que as empresas encontram novos casos de uso de IA para justificar os gastos, bem como o domínio contínuo da participação de mercado. Outros produtos/verticais, como Automotive e Omniverse, podem oferecer suporte adicional de alta”, concluem.
(Com Estadão Conteúdo)