A Suécia entrou nesta quinta-feira na Aliança do Tratado do Atlântico Norte (Otan), dois anos depois de a invasão da Ucrânia pela Rússia ter forçado o país a repensar sua política de segurança e concluir que o apoio da aliança é a melhor garantia para a nação escandinava
O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, entregou nesta quinta-feira a documentação final ao governo dos EUA, no primeiro passo de um longo processo pelo qual precisam passar todos os membros da aliança militar.
“As coisas boas vêm para os que esperam”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ao receber os documentos das mãos do premiê.
Blinken disse que “tudo mudou” quando a Rússia invadiu a Ucrânia e citou pesquisas que mostravam uma alteração radical na opinião pública sueca quanto a uma adesão à Otan.
“Os suecos perceberam algo muito profundo: que se Putin estava tentando riscar um vizinho do mapa, poderia muito bem seguir adiante com outros”.
Para a Otan, as adesões de Suécia e Finlândia, que juntas compartilham 1.340 quilômetros de fronteira com a Rússia, são as mais importantes em décadas. Também é uma derrota para Putin, que tentava impedir o fortalecimento da aliança.
“Hoje é um dia verdadeiramente histórico. A Suécia é agora um membro da Otan”, disse Kristersson. “Vamos defender a liberdade juntos, com os países mais próximos de nós, tanto em termos geográficos quanto em cultura e valores.”
A Suécia recebe, em troca, a garantia de que um ataque contra qualquer membro da aliança é considerado uma agressão contra todos.
O país vai adicionar submarinos de última geração e uma considerável frota de caças Gripen às forças da Otan, além de ser uma ligação crucial entre o Atlântico e o Báltico.
A Rússia ameaçou tomar “contramedidas políticas e técnico-militares” em resposta à adesão sueca.
Embora Estocolmo esteja mais próxima da Otan nas últimas duas décadas, a entrada do país marca uma ruptura com o passado. Por mais de 200 anos, a Suécia evitou alianças militares e adotou postura neutra em tempos de guerra.
Após a Segunda Guerra Mundial, a nação construiu uma reputação internacional como campeã dos direitos humanos, e desde a queda da União Soviética, em 1991, sucessivos governos têm reduzido o gasto em Defesa.