Quando você é líder ou gestor de uma equipe, você tem o papel de dar diretrizes para o trabalho dos funcionários que estão sob sua responsabilidade. A execução é tarefa dessas pessoas, você dá um norte e espera que elas atinjam os melhores resultados.
No papel de pai ou mãe, há uma doação de 24/7 (24 horas por dia, 7 dias por semana) na construção de ensinamentos para que seu filho ou sua filha trilhem o melhor caminho possível, mas a execução é deles – mais uma vez, quem orienta apenas dá o norte.
E, na tarefa de conduzir carteiras recomendadas de fundos imobiliários (FIIs), tanto eu quanto meus colegas analistas habilitados para tal temos um papel similar.
Cada qual com sua metodologia, sem melhores ou piores, apenas diferentes, oferecemos um guia para que aqueles que confiaram em nossas recomendações construam um bom portfólio de FIIs. Note que eu disse “um bom portfólio” de FIIs, eu não disse “o melhor portfólio”.
Eventualmente você pode ESTAR na posição de melhor, mas isso será passageiro. Por isso, o foco é SER um bom portfólio, independentemente das condições que se apresentarem.
Daí surgem dúvidas mais diversas de quem acompanha uma carteira recomendada. Por qual FII começar? Devo “completar” a alocação em um FII e depois ir para outro?
O anseio de quem decide acompanhar uma carteira recomendada mora no desejo de que sua carteira se torne imediatamente uma réplica daquela sugerida pelo analista.
De minha parte, para essas pessoas, meu recado é sempre o mesmo: carteira recomendada não é prescrição de remédio, ou seja, se não seguir à risca e imediatamente, não colherá os frutos desejados.
Carteira recomendada, seja a minha aqui na Finclass, seja outra qualquer, é um balizador, é o destino. Alguns têm condições de chegar a esse ponto final de forma mais rápida. Se você já dispõe de significativo capital para alocar em FIIs, pode de imediato efetuar compras que gerem uma carteira à verossimilhança daquela que você decidiu seguir.
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Mas isso não é a realidade de todos. Pelo contrário, para a maioria, tanto aporte inicial quanto aportes futuros são de valores mais modestos, insuficientes para comprar 10, 15 ou 20 FIIs que comumente compõem carteiras recomendadas.
“Então, Ricardo, o que fazer nessa situação?”
Carteira recomendada é um objetivo
Antes de mais nada, lembrar-se do que acabei de dizer: a carteira recomendada é um objetivo, um alvo. Cada pessoa levará seu tempo para chegar a esse ponto, e tudo bem. Afinal, a boa carteira recomendada deve inclusive considerar essa situação em sua concepção.
Se você tem condições de fazer aportes de R$ 50, R$ 100, R$ 1 mil ou R$ 5 mil por mês, você pode e inclusive deve seguir a orientação de um profissional plenamente habilitado e, preferencialmente, livre de conflitos de interesse para construir seu portfólio de FIIs.
Já está pacificado que ter uma carteira diversificada, além de ser estatisticamente uma alternativa mais eficiente para equilibrar risco e retorno, trará a você maior tranquilidade, especialmente quando um ou outro FII atravessa um momento mais difícil.
Imagine que essa carteira diversificada tem, por exemplo, 15 FIIs, número que julgo razoável para boa diversificação setorial e de estratégias dentro de mesmo setor. Olhe para as suas agendas: pessoal e profissional. Você realmente tem tempo para acompanhar o mercado, ler os relatórios gerenciais mensais dos 15 FIIs, fatos relevantes, notícias de economia e política que impactam os ativos?
Ainda que tempo não seja seu problema, possui formação técnica para interpretar tudo o que citei no parágrafo anterior?
Isso não quer dizer que você não possa dar um toque pessoal à carteira recomendada que você decidiu seguir. Esse é outro tipo de situação que vivo frequentemente com meus assinantes.
“Ricardo, estou muito satisfeito com o FII XYWZ11 e pretendo mantê-lo em minha posição. Tudo bem?”
Repito, a carteira recomendada não é prescrição de antibiótico. Nesse tipo de situação, digo que a assinante, que aqui chamarei de forma fictícia de Maria, está fazendo a carteira recomendada à moda de Maria.
Aqui, peço apenas que esse FII que ela selecionou ocupe um percentual dentro do respectivo setor e que não tenha uma alocação exagerada. Claro, fica sempre o aviso de que há limites para essa personalização, porque o exagero desfigura a carteira original. Aí, deixaria de ser à moda de Maria para ser a carteira de Maria.
No geral, o que espero é que você tire esse peso de que sua carteira tem que estar rigorosamente igual àquela recomendada que você segue. Lembre-se: do lado de quem recomendou, a carteira é um alvo, um objetivo. Do lado de quem segue, é um processo que requer disciplina e comprometimento, mas sem a obrigatoriedade de que seja uma cópia fidedigna desde o primeiro momento.
Professores sabem que, por melhor que seja a orientação, cada estudante tem o seu tempo de aprendizado. Pais e mães sabem, que por mais zelosos que sejam nos ensinamentos aos filhos, cada um seguirá sua jornada à sua maneira com seus acertos e erros. Nós, analistas que assinamos carteiras recomendadas, não esperamos que aqueles que decidiram nos acompanhar o façam de forma imediata. Pelo contrário, esperamos e queremos que isso seja um processo, com acertos e erros, mas acima de tudo, com constante evolução.
Troque sua angústia de ver sua carteira ser um espelho da alocação recomendada por satisfação de saber que a cada aporte ela estará mais próxima de cumprir o papel que o patrimônio financeiro tem na sua vida: dar tranquilidade a você.
Salve esta newsletter e releia toda vez que sentir que sua carteira pessoal não está igualzinha à recomendada que você segue. Só vai aproveitar o destino quem souber curtir genuinamente a jornada.
Um grande abraço,
Ricardo Figueiredo