Esta semana, após constante valorização de suas ações (motivadas também por uma seqüência de descobertas sobre as jazidas brasileiras), a Petrobrás alcançou a terceira posição no ranking das maiores empresas das Américas em valor de mercado, segundo estudos da consultoria Economática. É um feito considerável, mas que vem acompanhado das excessivas altas do petróleo.
A empresa brasileira ficou atrás somente de outra petroleira, a Exxon Móbil, cujo valor de mercado é de US$ 489,64 bilhões e da General Eletric, com valor de mercado US$ 320,253 bilhões. A Petrobras alcançou impressionantes US$ 287,171 bilhões em valor (para chegar ao valor de mercado basta multiplicar o preço das ações pela quantidade existem em negociação no mercado).
Uma explicação mais técnica sobre a alta das ações preferenciais (PETR4) da Petrobrás passa pelo beneficiamento decorrente da divulgação das descobertas de reservas brasileiras de óleo e gás na camada de pré-sal do litoral brasileiro. Assim, enormes expectativas sobre processamento de petróleo passaram a incorporar os preços das ações.
Recordes sucessivos nos preços do petróleo
Diferentemente da crise do petróleo das décadas passadas, o aumento do valor do petróleo nos últimos anos não é justificado pela queda na oferta do “ouro negro”. Os preços dispararam, ai sim, pelo aumento da demanda, impulsionada principalmente pelos países em desenvolvimento, com grande destaque para China e por conta dos conflitos bélicos no Oriente.
O gráfico abaixo, criado pelo Grupo Estado, ilustra a acentuada subida do preço do petróleo nos últimos anos:
Hoje 11h54, hora de fechamento do presente artigo, o WTI (West Texas Intermediate) subia 0,91%, chegando a US$ 130,47 o barril. Ontem (20/05) presenciamos, pela primeira vez, os preços futuros do petróleo nos Estados Unidos fecharem acima de US$ 129 por barril.
Lá nos EUA, o dólar caiu com dados sobre a alta na inflação – cuja participação do petróleo tem grande peso e destaque. Com esses dados e conclusões, aumentam as preocupações sobre a recuperação da economia e também os rumores de que o Fed (Banco Central norte-americano) não promoverá novas baixas na taxa básica de juros. Alguns já consideram até a possibilidade de elevação na taxa.
A alta do petróleo e a economia real
O efeito da alta do petróleo já começa a fazer efeito no dia-a-dia das pessoas. Até o governo já trabalha com inflação fora do centro da meta, que é de 4,5% para o ano de 2008. É verdade que o fenômeno da inflação é mundial, com excessiva alta dos preços dos alimentos. O petróleo, vale ressaltar, também colabora para aumentar a inflação.
Confira, também em gráfico criado pelo Grupo Estado, a evolução da cotação do petróleo ao longo dos últimos 12 meses:
Pense no peso do petróleo na alta dos alimentos, sobretudo nos transportes e nos preços internos para insumos importantes da indústria e agricultura, como o plástico e os fertilizantes. Estes últimos já apresentam alta de cerca de 12% no primeiro trimestre.
A alta do plástico para as indústrias foi de até 8,5% no caso do polietileno, polipropileno e poliestireno, que são matérias primas usadas na fabricação de embalagens, artigos de utilidade doméstica entre outros.
Eu invisto na Petrobrás. E agora?
Se você investe na Petrobrás há algum tempo, está bem feliz, não é? A expectativa do mercado é a manutenção de bons rendimentos no ano. Sabemos, claro, que no universo dos investimentos em ações tudo pode mudar, mas tanto os fundamentos quanto as perspectivas da companhia são interessantes.
Olho no barril, pois o preço do petróleo tende a subir. Alguns analistas falam que, até 2010, veremos o barril cotado a US$ 200,00. Será? Pouco? Muito? Não sei, mas o fato é que durante um bom tempo o petróleo continuará sendo fonte importante, senão primordial, na geração de energia.
Em mais um interessante gráfico criado pelo Grupo Estado, é possível analisar como deve crescer o consumo do petróleo até o ano de 2030:
Pois é, nunca o termo “ouro negro” foi tão comentado e estudado. Cabe a nós, consumidores, a tentativa de buscar alternativas de consumo sustentável, evitando cada vez mais os gastos com o combustível. Utilizar o automóvel de maneira racional, por exemplo, já é um ótimo começo.
E, claro, cabe a nós, investidores, aproveitar o bom momento do papel, a alta do petróleo e as descobertas de mais fontes do material para usufruir, especialmente no longo prazo, de bons resultados e aumento de patrimônio. Até sexta.
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Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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