A inflação medida pelo IPCA fechou fevereiro com alta de 1,31%, ante uma elevação de 0,16% em janeiro, revelou o IBGE nesta quarta-feira (12). O resultado ficou ligeiramente abaixo da mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que apontava alta de 1,32%. O intervalo das previsões ia de 1,23% e 1,46%. No entanto, a notícia pode não ser tão positiva para o Copom.
O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 5,06%, resultado próximo à mediana das projeções dos analistas, de 5,07%, com estimativas que iam de 4,97% a 5,21%. Apesar do número aparentemente positivo, o grupo de Serviços Pessoais veio acima do estimado, além de Serviços Intensivos em Mão de Obra.
“O IPCA elevado já era esperado, devido ao fim do bônus de Itaipu e aos reajustes escolares, mas a qualidade do IPCA segue ruim. Apesar da leve melhora na margem, as medidas subjacentes de inflação continuam em patamares elevados, especialmente os serviços, reflexo da baixa ociosidade na economia”, aponta Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
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Ele ressalta que a média dos núcleos seguiu em 0,62% na margem, com a taxa em 12 meses atingindo 4,58%, também acima do limite superior da meta de inflação. A difusão teve leve recuo, para 63,7% (2,6% a/a).
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, pontua que o resultado veio “bem acima” da sua projeção de 1,22%.
“Nosso desvio foi distribuído em diversos subitens, com nenhum deles superando 2bps. Com isso, também tivemos uma surpresa altista na média dos núcleos, em que esperávamos alta de +0,51% e observamos +0,60%, denotando um aquecimento da inflação maior do que o esperado”, explica.

Como o Copom lerá o resultado?
Para o BC, Sanchez entende que o índice de hoje traz maior confiança para executar uma nova elevação de 100 pontos-base na taxa Selic, mas acende um alerta sobre o quão aberta deverá ser a comunicação para a próxima reunião.
“Se afrouxar a comunicação, o mercado pode intensificar a interpretação de leniência. Por ora, acreditamos que o BC deverá reforçar o compromisso com o regime de metas de inflação, deixando os próximos passos data dependent, mas podendo trazer alguns sinais de que a taxa de juros deverá permanecer restritiva por tempo suficientemente prolongado”, conclui.
Resultado dos grupos
Educação: 4,70% (0,28 ponto percentual)
Habitação: 4,44% (0,65 p.p.)
Alimentação e bebidas: 0,70% (0,15 p.p.)
Transportes: 0,61% (0,13 p.p.)
Saúde e cuidados pessoais: 0,49% (0,07 p.p.)
Artigos de residência: 0,44% (0,01 p.p.)
Comunicação: 0,17% (0,01 p.p.)
Despesas pessoais: 0,13% (0,01 p.p.)
Vestuário: 0% (0 p.p.)
Principais impactos positivos de fevereiro
Energia elétrica residencial: 16,80% (0,56 p.p.)
Gasolina: 2,78% (0,14 p.p.)
Ensino fundamental: 7,51% (0,12 p.p.)
Ensino superior: 4,11% (0,07 p.p.)
Café moído: 10,77% (0,06 p.p.)
Aluguel residencial: 1,36% (0,05 p.p.)
Ovo de galinha: 15,39% (0,04 p.p.)
Ônibus urbano: 3,00% (0,03 p.p.)
Condomínio: 1,33% (0,03 p.p.)
Ensino médio: 7,27% (0,03 p.p.)
Etanol: 3,62% (0,02 p.p.)
Plano de saúde: 0,57% (0,02 p.p.)
Pré-escola: 7,02% (0,02 p.p.)
Principais impactos negativos de fevereiro
Passagem aérea: -20,46% (-0,16 p.p.)
Cinema, teatro e concertos: -6,96% (-0,03 p.p.)
Arroz: -1,61% (-0,01 p.p.)
Leite longa vida: -1,04% (-0,01 p.p.)
Batata-inglesa: -4,10% (-0,01 p.p.)
Banana-d’água: -5,07% (-0,01 p.p.)
Laranja-pera: -3,49% (-0,01 p.p.)
Óleo de soja: -1,98% (-0,01 p.p.)
(Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)