Home Finanças Pessoais Consórcio – Nas entrelinhas, um mau negócio

Consórcio – Nas entrelinhas, um mau negócio

por Conrado Navarro
0 comentário

Consórcio - Nas entrelinhas, um mau negócioGiba comenta: “Navarro, gostaria de ler um artigo ou mesmo uma breve resposta sua sobre a compra da casa própria através do consórcio. As prestações sempre são mais baixas que a dos financiamentos, o total pago ao final também, mas acho que tanto o lance quanto o sorteio são questões que parecem inviabilizar sua matemática para a maioria dos brasileiros. Estou certo? Obrigado.”

Contrariando a forma mais elegante com que escrevo o início de meus artigos, deixo claro que não sou fã dos consórcios, especialmente os imobiliários. Ah, sim, estou pronto para as pedradas! Matematicamente atraente, o consórcio esconde algumas armadilhas capazes de inviabilizar o negócio e transformá-lo em uma alternativa de compra mais cara que os usuais financiamentos via SAC e(ou) Tabela Price:

Armadilha 1: Sustentar a ilusão de que será sorteado rapidamente
O otimismo característico do brasileiro e sua fé inabalável são fatores emocionais perigosos quando o assunto é negociar um bem caro ou investir na casa própria[bb]. O brasileiro típico, que mora de aluguel, acaba entrando em um consórcio esperando ser sorteado ainda no primeiro ou segundo ano. Imagine que o prazo total do consórcio seja de 15 anos (comum) e as chaves saiam apenas no décimo ano. Vale a pena pagar o aluguel e a prestação até lá?

Armadilha 2: Encarar os valores das parcelas sem pensar no longo prazo
Um pouco de matemática* nos ajuda a ilustrar a questão. Suponha que o brasileiro do exemplo anterior paga R$ 500,00 de aluguel (reajustados anualmente) e que as prestações pagas no consórcio contratado são de R$ 1500,00 (também reajustadas). Caso ele seja contemplado somente no décimo ano, os números ficam assim:

  • Ele terá pago aproximadamente R$ 70 mil de aluguel;
  • Ele terá pago aproximadamente R$ 183 mil no consórcio.

Você deve estar se questionando sobre o uso de um montante como lance. Calma, falaremos disso na seguinte armadilha. Por enquanto, imagine que este cidadão decida aplicar, ainda que na poupança, os R$ 1500,00 do valor mensal das prestações. Ele teria, nos mesmos dez anos, aproximadamente R$ 260 mil (equivalentes a R$ 180 mil se corrigidos pela inflação). Usando alternativas mais interessantes (fundos mistos, ações[bb] etc), o valor passaria dos R$ 500 mil.

A realidade aqui nos brinda com duas conclusões óbvias(?):

  1. Poupando e usando os juros compostos a família pode comprar o imóvel antes do tempo total previsto pelo consórcio;
  2. O brasileiro em questão pode, dada sua capacidade poupança, deixar de pagar aluguel mais cedo se optar pela paciência e disciplina nos investimentos.

Armadilha 3: O lance
A verdade neste caso é simples: quem não tem dinheiro para dar um bom lance paga para poupar. Basta lembrar-se do exemplo dado no início do texto. Aquele parente que diz que “o consórcio é legal porque ficamos comprometidos com o pagamento e isso serve como poupança” está simplesmente assumindo sua incapacidade (ou preguiça) de gerir seu próprio dinheiro[bb].

Ele prefere entrar numa “poupança forçada” que custa caro – volte ao exemplo da segunda armadilha se achar que estou exagerando. E quem tem muito dinheiro para o lance? Respondo com uma pergunta. Você sabia que, em média, o valor do lance contemplado no primeiro mês vale 50% do crédito? Pois é, não sabia!

Quem faz isso entra em um péssimo negócio, já que nessas condições o financiamento com as taxas de juros atuais garante pagamento final menor (mesmo que as parcelas sejam mais altas). Pagar metade do valor do crédito (lance) e ainda permanecer com as parcelas custa mais caro que um financiamento simples. E custa muito mais caro que economizar, poupar, investir e deixar para comprar o bem à vista dentro de alguns anos.

Pode fazer as contas, o lance dado até os cinco primeiros anos do contrato somado às prestações pagas ao longo do tempo caracterizam um mau negócio. Quando o assunto é a primeira casa própria, especialmente se o objetivo é fugir do aluguel, a situação se agrava: durante este período estão correndo despesas como aluguel, água, condomínio etc.

Sabe aquele primo “chato” que casou-se recentemente e que vive lhe dizendo que eles ainda pagam aluguel e poupam parte da renda para comprar a casa só daqui cinco, seis, sete anos? Aquele, que considera consórcio, financiamento e endividamento algo ruim e que defende que pagar aluguel pode ser uma atitude inteligente, lembra? Pois é, não se espante se ele se mudar antes de você e ainda sustentar um fluxo de caixa mais livre.

Eu sou um primo bem “chato”, acredite! No fundo, toda a implicância tem apenas um objetivo: alertá-lo de que seu dinheiro é sua responsabilidade direta e que, tirando aqueles que realmente sabem o que a alavancagem significa, entrar em consórcio, financiar e se endividar são péssimas atitudes. Mas chega de chatice, não é?

* Não vou entrar nos detalhes de cálculos de matemática financeira, apesar dos valores já contarem com os reajustes e uso das funções financeiras correspondentes. Acredite, poupar e usar o tempo como aliado nos investimentos ainda é o melhor caminho para a independência financeira.

bb_shop = “submarinoid”;
bb_aff = “247523”;
bb_name = “fixedlist”;
bb_keywords = “dinheiro,Bolsa de Valores,cerbasi,guia imóveis”;
bb_width = “500px”;
bb_limit = “5”;

Crédito da foto para stock.xchng

Sobre Nós

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.  Saiba Mais

Mail Dinheirama

Faça parte da nossa rede “O Melhor do Dinheirama”

Redes Sociais

© 2023 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.