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Consumo inconsciente e crédito fácil: pesadelos nacionais?

por Ricardo Pereira
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Consumo inconsciente e crédito fácil: pesadelos nacionais?Hoje vamos conversar um pouquinho sobre crédito. Nada me tira da cabeça que o brasileiro tem, no crédito, ou melhor, na forma como lida com o crédito, um grande problema. Meu temor se deve pela constatação de que em breve teremos dados que selarão o aumento na inadimplência. É importante lembrar e observar, com muita preocupação, que ainda temos juros estratosféricos nas mais diversas operações. Juros que, em parte, respondem pelo esperado aumento na inadimplência.

E se os juros altos não são capazes de conter o apetite pelos financiamentos (que ficam caros e pesados), fica claro que o problema também é cultural. O brasileiro comum parece não se importar com o valor dos juros na hora de financiar ou tomar um empréstimo, especialmente aquele brasileiro que está financiando o consumo direto.

Um dos jornalistas que melhor escreve sobe economia no Brasil, José Paulo Kupfer, abordou a questão no artigo “Por que não limitar o número de prestações?”, em seu blog no Estadão:

“Em razão de uma longa história de convivência com necessidades de consumo não atendidas, em ambiente de inflação e juros altos, os brasileiros aprenderam a decidir por consumo financiado, a partir não dos níveis dos juros e do número de prestações, mas de duas outras variáveis: o encaixe do valor da prestação no orçamento e as perspectivas de sustentação de volume de renda suficiente para absorver os crediários”

Falta planejamento para comprar?
A constatação de que o brasileiro planeja as compras apenas considerando encaixar as prestações no orçamento me preocupa. Afinal, por que nos sujeitar a comprar algo e pagar muito mais caro por isso, se com um pouco de disciplina e planejamento esse mesmo bem seria adquirido de forma muito mais barata e saudável?

Os valores despendidos com o pagamento de juros poderiam e deveriam estar em outro lugar: na formação de patrimônio, no lazer, na carreira, família e etc., sendo utilizados em prol de quem trabalha, e não o contrário, como observamos sempre.

Nada me tira da cabeça que o consumo desenfreado está cada dia mais ligado ao fato de que muitos ainda não aprenderam a lidar com as frustrações cotidianas. Assim, muita gente busca nas compras exageradas (consumo inconsciente) uma recompensa (ingrata) para suportar a cobrança íntima de sucesso. Péssimo negócio!

A inadimplência irá crescer!
No decorrer do ano, vamos ouvir cada vez mais notícias relacionadas ao aumento da inadimplência. O Brasil não vai entrar em recessão, longe disso, mas o momento é de incertezas em relação à economia. Com a inflação em alta, novas correções nos juros poderão vir para conter o ímpeto do mercado. Não estão descartadas novas medidas de contenção ao crédito e entrada de dólares no país – quem utiliza o cartão de crédito internacional já começou a sentir as consequências com o aumento do IOF.

A cada dia fica mais claro que o consumo é necessário, faz o país crescer, gera empregos e cria oportunidades para todos. É verdade. O grande perigo é fazer do consumo uma simples armadilha de crédito. Comprar e não conseguir pagar ou comprar e ficar todo enrolado não ajuda em nada.

Crédito fácil não é sinônimo de crédito barato, não canso de afirmar isso. E mesmo que tivéssemos créditos com juros mais civilizados (estamos longe disso), o consumo consciente ainda seria nossa principal fonte de inspiração – negociações feitas de forma planejada e com recursos próprios.

Nada dará mais prazer do que alcançar o objetivo de compra, usando a inteligência financeira para comprar pagando à vista, sem recorrer a dívidas e com bons descontos. Pense nisso e conte pra gente sua opinião. Bom final de semana.

Foto de sxc.hu.

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