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Home Economia e Política Copom: lado “Lula” viu risco reputacional ao abandonar guidance

Copom: lado “Lula” viu risco reputacional ao abandonar guidance

Mercado avalia com atenção aos sinais da ata da reunião em que o Copom se mostrou dividido sobre o corte de 0,25 e de 0,5 na Selic

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Banco Central

Todos os membros da diretoria do Banco Central defenderam a adoção de uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos nos juros, mostrou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da autarquia.

No documento divulgado nesta terça-feira, o Copom reiterou que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo “firme compromisso” de convergência da inflação à meta.

Na última quarta-feira, o Copom anunciou uma redução no ritmo de afrouxamento monetário ao fazer um corte de 0,25 ponto percentual na Selic, para 10,50% ao ano, após seis quedas consecutivas de 0,50 ponto na taxa. Também foi abandonada a indicação para passos futuros da política monetária.

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O mercado avaliou que o placar esteve dividido entre a ala “lulista” de diretores indicados pelo presidente da República, com 4 votos para o corte maior, incluindo Gabriel Galípolo – cotado para ser o próximo presidente do BC – e a ala de Campos Neto, com 5 votos para a decisão vencedora.

A ata ainda apontou que, para o BC, a tragédia no Rio Grande do Sul, além dos seus impactos humanitários, também terá desdobramentos econômicos e o Comitê seguirá acompanhando.

Reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil
Reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (Imagem: Raphael Ribeiro/BCB)

Ponto de discórdia: indicação da Selic

Segundo a ata, os membros que votaram pela redução de 0,50 ponto percentual também compartilharam da percepção de aumento das incertezas internas e externas entre as reuniões de março e maio e do “firme compromisso” com o objetivo fundamental de atingimento da meta e de reancoragem das expectativas.

Mas vale destacar que um ponto abordado foi o custo de oportunidade de não seguir o guidance vis-à-vis a mudança de cenário no período.

“Como em debates ocorridos em outras reuniões, tais membros discutiram se o cenário prospectivo divergiu significativamente do que era esperado a ponto de valer o custo reputacional de não seguir o guidance, o que poderia levar a uma redução do poder das comunicações formais do Comitê”, mostra o documento.

Ou seja, para tais membros, julgou-se apropriado, tal como em reuniões anteriores, seguir os sinais já informados pelo BC, mas reafirmando o firme compromisso com a meta e com a requerida taxa de juros terminal para que o objetivo precípuo de convergência da inflação para a meta seja alcançado.

“Ressaltaram que a extração da tendência subjacente da dinâmica inflacionária em um ambiente incerto é difícil, mas não deveria, de forma alguma, ser confundida com leniência com relação aos indicadores divulgados no período, em particular as expectativas de inflação”, demonstrou o BC.

Segundo eles, as projeções de inflação eram mais afetadas pela determinação da taxa de juros terminal e que a redução de 0,5 ponto percentual ainda manteria a política monetária suficientemente contracionista.

“Por fim, tal grupo enfatizou a necessidade de flexibilidade das decisões nas reuniões a partir de junho, o que permitiria, à luz de novo conjunto de informação, calibrar a trajetória do instrumento de política monetária da forma apropriada”, ressaltaram.

Divergência no balanço de riscos

Apesar de o BC deixar seu balanço de riscos para a inflação inalterado, com fatores simétricos de pressão para cima e para baixo, a ata apontou que parte da diretoria observou “mérito” no debate de um balanço assimétrico para cima — o que poderia indicar maior possibilidade de alta da inflação.

“Tais membros avaliam que, para além da incerteza persistente e elevada das conjunturas doméstica e internacional, os fatores altistas exibem, nesse momento, peso superior aos baixistas, julgando, portanto, que o balanço de riscos está assimétrico”, afirmou.

Para esses diretores, a resiliência da atividade e a pujança do mercado de trabalho poderia induzir um processo de desinflação ainda mais lento.

Em relação ao quadro fiscal do governo, que recentemente afrouxou suas metas para as contas públicas nos próximos anos, o BC reafirmou que uma política fiscal crível contribui para a ancoragem das expectativas e para a redução dos prêmios de risco, impactando a política monetária.

Para o BC, ainda que as projeções de resultado primário e de trajetória da dívida não tenham se alterado significativamente, houve no período um aumento do prêmio de risco e uma percepção de piora da situação fiscal pelo mercado.

Na análise do comportamento dos preços no país, o BC afirmou que os dados recentes se mostraram benignos, mas fez ponderações. Citou que alguns diretores mostraram preocupação com a inflação de alimentos no curto prazo, enquanto outros seguiram enfatizando o papel da inflação de serviços.

A autarquia ainda ressaltou que o cenário para a inflação se tornou mais desafiador, com aumento das projeções de curto e médio prazos, mesmo condicionadas em uma taxa de juros mais elevada.

Na reunião, o BC apontou como possíveis motivos da desancoragem a piora do cenário externo, os recentes anúncios de política fiscal e uma percepção de agentes econômicos acerca do compromisso da autoridade monetária com o atingimento da meta ao longo dos anos.

“O Comitê unanimemente avalia que se deve perseguir a reancoragem das expectativas de inflação independentemente de quais sejam as fontes por trás da desancoragem ora observada”, afirmou.

Veja a Ata do Copom

(Com Reuters)

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