O Bank of America elevou sua recomendação para as ações da Cosan (CSAN3) para “Compra”, com um novo preço-alvo de R$ 20, representando um potencial de valorização de 50%. Apesar das preocupações crescentes dos investidores sobre a alavancagem da empresa e os retornos recentes, as analistas Isabella Simonato e Julia Zaniolo argumentam que a Cosan ainda possui uma sólida base de ativos de energia e infraestrutura e está bem posicionada para uma reavaliação positiva no longo prazo.
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Nos últimos anos, a Cosan passou de uma empresa tradicional de açúcar e etanol para um portfólio diversificado de negócios em energia e infraestrutura, o que a torna única no mercado brasileiro. No entanto, após a aquisição de uma participação minoritária na Vale (VALE3) em outubro de 2022, a percepção dos investidores começou a mudar. “Alguns investidores agora veem a Cosan como uma holding alavancada sem catalisadores de curto prazo”, apontam Simonato e Zaniolo.
Essa mudança de percepção se reflete no desempenho das ações da Cosan, que caíram 10% ao ano desde a aquisição da Vale, enquanto o Ibovespa (IBOV) permaneceu praticamente estável. A visão do Bank of America é que, embora a alavancagem e os retornos sobre os investimentos recentes sejam preocupações válidas, a empresa ainda possui características que a diferenciam de conglomerados tradicionais, como a listagem de subsidiárias e a correlação entre seus negócios.
Desafios da holding Cosan
O relatório destaca que a Cosan está enfrentando desafios comuns a grandes holdings, como a complexidade de entender e acompanhar uma empresa de grande porte. Além disso, os investidores questionam se os negócios realmente se beneficiam das economias de escala ou se estão sujeitos a deseconomias, onde ativos deficitários podem ser sustentados pelos lucros de outros. “Conglomerados industriais, como GE e Siemens, recentemente se desmembraram, levantando questões sobre a viabilidade de grandes estruturas corporativas”, observam as analistas.
Apesar desses desafios, o Bank of America mantém uma visão positiva sobre a Cosan e reitera a recomendação de compra, focando na desalavancagem e na avaliação descontada da empresa. “Vemos a Cosan como uma holding sólida a longo prazo e saudamos as iniciativas da gestão para otimizar as operações dos ativos subjacentes, reduzir a exposição à Vale e desbloquear o valor das subsidiárias”, escrevem Simonato e Zaniolo.
Outro ponto favorável mencionado no relatório é o desconto da Cosan em relação à soma das partes (SOTP), que está em 16%, ou 32% quando considerado o valor justo da Compass, subsidiária da empresa. Este desconto oferece um suporte significativo à avaliação, especialmente quando comparado ao potencial de valorização de 50% que o Bank of America enxerga nas ações da Cosan.
O relatório também levanta a questão de como a Cosan será percebida no futuro: será que a empresa continuará a ser vista como uma gestora de investimentos com ativos estratégicos ou se transformará em um conglomerado empresarial alavancado? A resposta a essa pergunta pode influenciar significativamente o desempenho das ações no longo prazo.