O Banco Central informou nesta quinta-feira que o crescimento do crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) desacelerou em 2023, devido a fatores como efeitos defasados da política monetária restritiva e ao aumento da inadimplência, enquanto a concentração bancária continuou a cair.
Em seu Relatório de Economia Bancária, a autoridade monetária explicou que a desaceleração se deu de forma mais intensa nas carteiras de crédito livre, em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e tomadores, com perda de dinamismo tanto nos segmentos de pessoas físicas como no de jurídicas.
O crédito direcionado, que atende a parâmetros estabelecidos pelo governo, mostrou arrefecimento em pessoas físicas e aceleração em pessoas jurídicas.
“Como resultado, o crédito direcionado ampliou sua participação na carteira de crédito, tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas”, apontou o relatório.
O BC destacou ainda que a dinâmica do crédito às pessoas físicas permaneceu semelhante à dos anos anteriores, enquanto as taxas de inadimplência apresentaram leve redução.
Já a carteira de crédito para pessoas jurídicas desacelerou, apesar de movimentos positivos para algumas segmentações, e a inadimplência aumentou.
O relatório mostrou ainda continuidade da redução da concentração no SFN e elevação do grau de concorrência no mercado de crédito, enquanto a concorrência em serviços financeiros ficou relativamente estável.
A rentabilidade do sistema bancário, medida pelo ROE, apresentou leve redução em 2023 e distribuição heterogênea dentro do grupo das instituições financeiras de maior importância sistêmica.
Refletindo elevações no custo de captação e na inadimplência, o Indicador de Custo do Crédito (ICC) aumentou em 2023, na média do ano, apesar da queda vista no segundo semestre.
Já as captações no sistema bancário continuaram a crescer, apesar do desempenho negativo dos depósitos da poupança, refletindo o bom desempenho dos depósitos a prazo e a alta atratividade dos instrumentos com isenção tributária.
Ainda segundo o relatório, em 2023 as micro e pequenas empresas aumentaram sua participação no saldo de crédito para pessoas jurídicas, ainda que a taxa de crescimento tenha sido menor do que a do ano anterior, enquanto a portabilidade de crédito voltou a crescer, com destaque para o crédito consignado.
“A dinâmica foi estimulada pelo início do ciclo de queda da taxa Selic em agosto de 2023, que contribuiu para a redução nas taxas médias de juros praticadas para as novas concessões do consignado”, explicou o BC, que tirou a taxa básica de juros do pico de 13,75% para o atual nível de 10,5%.