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Crescimento mais baixo na China não está afetando muito o preço de commodities, diz Campos Neto

Para Campos Neto, esse conceito se aplica à inflação global, mas também ao Brasil. Para ele, numa eventual situação de retorno da inflação, o custo de voltar a baixá-la seria maior

por Reuters
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Roberto Campos Neto

 O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira que a percepção de crescimento mais baixo na China “curiosamente” não está afetando muito os preços de commodities.

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Falando em conferência promovida pelo grupo Julius Baer, Campos Neto afirmou que a cotação do minério de ferro está em patamar próximo a 115 dólares, mesmo com dados decrescentes do setor imobiliário chinês.

Para ele, as commodities agrícolas parecem ser mais resistentes porque a população chinesa avançou muito em direção à classe média, fazendo que esse setor sinta menos os efeitos de uma desaceleração.

“A gente tem que observar, mas até agora o que parece é que para a nova projeção, para a reprecificação de crescimento chinês, o preço de commodities sentiu pouco, acho que isso é relevante”, disse.

Na apresentação, Campos Neto afirmou ser importante a política monetária perseverar em um momento que classificou como “last mile” (última milha) do combate à inflação, alertando para um risco de retorno do aumento de preços.

Esse momento, segundo ele, é a segunda fase do processo desinflacionário, na qual preços de alimentos e energia já apresentaram recuo e os bancos centrais focam na tarefa mais trabalhosa de levar para baixo os núcleos de inflação, que desconsideram os preços mais voláteis.

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Para Campos Neto, esse conceito se aplica à inflação global, mas também ao Brasil. Para ele, numa eventual situação de retorno da inflação, o custo de voltar a baixá-la seria maior.

O presidente do BC avaliou que no último número de inflação no Brasil, que surpreendeu para cima, o dado de serviços “não foi ruim”. Ele ponderou que o restante dos números “foi quase todo ruim, de forma geral”, mas ainda em uma tendência imaginada pela autoridade monetária.

Em agosto, o BC cortou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e indicou reduções da mesma magnitude nas próximas reuniões, avaliando ser pouco provável intensificar os cortes na Selic à frente. Uma mudança nessa avaliação só ocorrerá, segundo a autarquia apontou em sua ata, se forem observadas surpresas positivas substanciais na dinâmica de inflação.

Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou alta de 0,28%, depois de ter ficado quase estagnado por dois meses. A leitura do indicador, uma prévia do IPCA, que baliza as metas perseguidas pelo BC, ficou bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,17%.

Campos Neto afirmou ainda que o mundo inteiro está olhando para o cenário fiscal e seus efeitos sobre a política monetária, o que coloca “a barra um pouquinho mais alta” inclusive para o Brasil.

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