Todos os dias, ao ler jornais, revistas, sites e artigos sobre independência financeira, percebo que existe, entre todos os especialistas, uma unanimidade com relação ao controle de gastos: planejar e controlar o orçamento é muito importante. Faço coro aos amigos e não vou fugir a regra. Controlar os gastos é o primeiro passo para o sucesso financeiro. Saber gastar é essencial.
Não adianta nada ter um salário polpudo, se no fim do mês não sobra nada para investir e garantir um futuro melhor. A melhor maneira para evitar tais gastos é criar uma planilha para detalhar suas despesas. Orçamento é a palavra de ordem. Lá devem ficar evidentes suas despesas fixas (como água, luz, aluguel etc) e suas as despesas esporádicas. Aliás, os gastos momentâneos merecem tratamento ainda mais criterioso.
Orçamento sem fantasmas
Aqui no Dinheirama, gostamos de uma dica simples e prática: ao preencher sua planilha, evite entradas com o nome “Outros”. Não classificar seus gastos fará com que você perca a noção e fique sem saber exatamente quem são os possíveis vilões do orçamento. E, quase sempre, os maiores problemas decorrem do mal gerenciamento das despesas esporádicas. Não sabendo lidar com elas, você economiza no aspecto errado, acredita estar gerenciando bem seu dinheiro e, ainda assim, fica sem conseguir investir e planejar seu futuro.
Investir e “gastar”
Quero crer que nesse ponto você já tenha programado, nas despesas fixas, um valor para os investimentos periódicos. Se sua realidade é essa, parabéns. Com essa atitude, você cria o compromisso de sempre investir e pode aproveitar a “gordura” cortada em outros lugares para diversificar sua carteira ou ainda aumentar seu colchão financeiro. Uma pergunta: você controla mesmo seus gastos?
Agora, se você ainda não delineou em seus “gastos fixos” um item para investimentos, cuidado. Essa é sua chance de criá-lo, colocando em prática uma estratégia inteligente (e simples) que lhe garanta mais rendimentos e uma melhor qualidade de vida agora e no futuro. “Gastar” com investimentos é essencial.
Minha nova (cara) vida
Hoje em dia, a vida moderna nos brinda com comodidades que até bem pouco tempo inacessíveis. Em se tratando de bens e serviços, houve uma explosão enorme de novidades. O perigo é o consumismo, que pode nos transformar mais em reféns que usuários destes produtos. Em nosso cotidiano, já não ficamos sem TV a Cabo, Internet Banda Larga, celulares com novas inovações etc. Muita gente troca de celular a cada 6 meses, assina planos de altíssima velocidade de download, mas passa pouquíssimo tempo em casa.
Essa nova dependência contemporânea fez com que, sem percebermos, acoplássemos em nosso orçamento (muitas) novas despesas. Esses serviços, via de regra, são caros. Mais, são muito caros se levarmos em consideração que nossos rendimentos não tiveram os mesmos reajustes desde que esses itens passaram a fazer parte do nosso dia a dia. A velocidade com que surgem novos serviços é infinitamente maior que a velocidade de nosso dinheiro. Você, responsável por administrar seu orçamento, é o responsável por classificar tais armadilhas.
Como definir o que é caro e o que é barato?
Nem sempre o que é caro para um, é para o outro. Caro ou barato, a questão de valor nos remete à uma questão muito pessoal. Fica ainda mais difícil “precificar” se pensarmos em variáveis importantes como tempo de utilização do serviço ou bem. Pense fora da caixa: você tem a exata noção do quanto essas despesas somadas comprometem seu orçamento? Quer ter esses luxos? Saiba classificá-los diante de sua realidade e mantenha-os sob controle.
O salário
O salário é uma opção comum usada para mensurar o quanto esses itens representam diante de nosso poder financeiro Imagine os exemplos:
- Joaquim tem um salário de R$ 1.000,00 e gasta R$ 140,00 com TV a Cabo. Fica evidente que ele tem um gasto mensal de 14%.
- José tem um salário de R$ 2.000,00 e gasta os mesmos R$ 140,00 com TV a Cabo. ou seja, 7% de suas receitas provenientes de salário.
Joaquim gasta 14% do seu soldo em entretenimento, enquanto que José gasta 7%. Essa é uma comparação muito simplista, sem dúvida, mas só de batermos o olho fica evidente que para Joaquim, tendo puramente o salário como comparação, a TV a Cabo é uma despesa mais “cara” do que para José. Esse valor pode estar comprometendo sua saúde financeira, embora ele acredite que o problema esteja vindo de outro lugar.
Atualmente, pagamos preços muito caros para termos conforto. Talvez, Joaquim pudesse optar por um plano mais simples e continuar assistindo a TV a Cabo. Talvez. Investir R$ 140,00 em TV a Cabo e não investir nada em um plano de aposentadoria é algo comum. Isso é certo? Errado? Vale lembrar:
- O mundo não vai acabar amanhã, nem no mês que vem (eu acho). Não seria mais sensato cuidar, ainda na juventude, de sua velhice;
- Garantir um futuro repleto de bons programas na TV a Cabo, além de outras atividades prazerosas, é sua responsabilidade;
- O que é barato hoje, pode custar caro no futuro, especialmente se suas decisões não levarem em consideração o “fator amanhã”.
- As coisas simples costumam dar menos trabalho e maior retorno. Será que você não está complicando demais?
O artigo contou com a colaboração do Navarro, responsável pela edição, formatação e por algumas das dicas sobre orçamento e planejamento. Esperamos que o material seja útil, hoje e sempre. Até a próxima.
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Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston Garantia e edita a seção de Economia do Dinheirama.