O Partido Democrata não tem um plano reserva caso o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, decida interromper sua campanha de reeleição para 2024 por qualquer motivo, e uma necessidade repentina de substituí-lo desencadearia uma batalha interna complexa.
Apesar dos números fracos nas pesquisas e dos questionamentos, inclusive de alguns democratas, sobre sua idade, Biden tem mantido seu plano de buscar um segundo mandato após eliminar potenciais adversários nas primárias quando anunciou, em abril, que concorreria novamente.
Mesmo que mais candidatos democratas decidam concorrer agora, o caminho a frente não seria claro, pois os prazos para entrar na cédula de votação das primárias em Estados críticos como Nevada, Carolina do Sul e Geórgia já se encerraram.
Os mais fiéis a Biden, citando seu histórico no cargo, argumentam que o partido não precisa de um plano reserva para derrotar o provável candidato republicano Donald Trump, que Biden superou na eleição de 2020.
Entre os cenários possíveis caso o presidente de 81 anos desista da reeleição estão a possibilidade de os democratas escolherem outro candidato em sua convenção, em agosto do próximo ano, ou mesmo depois, de acordo com as regras do partido.
A Reuters conversou com várias autoridades que, embora tenham deixado claro que desejam que Biden seja bem-sucedido, reconhecem que o partido pode enfrentar uma reviravolta caso o presidente mais velho da história dos EUA enfrente um problema de saúde ou se afaste por outros motivos durante a disputa pela Casa Branca.
A companheira de chapa de Biden, a vice-presidente Kamala Harris, que tem seus próprios problemas de popularidade, não o substituiria automaticamente como candidata se ele se afastasse; ela se beneficiaria da infraestrutura de campanha conjunta se concorresse à Presidência na ausência dele, mas outros democratas provavelmente também entrariam na disputa.
“Não há plano B. Se ele… de repente não se candidatar, todo mundo que você conhece se candidataria. A vice-presidente não assusta ninguém”, disse um democrata graduada à Reuters.
Se Biden desistir enquanto as primárias democratas estiverem em andamento, outros candidatos poderiam entrar na disputa, dependendo dos requisitos de registro de cada Estado.
Normalmente, leva meses para montar uma campanha presidencial e arrecadar dinheiro para concorrer, e os prazos para entrar na cédula de votação em Estados importantes, incluindo Califórnia, Illinois e Michigan, estão se aproximando nas próximas semanas.
As autoridades democratas estão unidas em torno do presidente, apesar de algum receio, segundo elas; caso contrário, concorrentes de peso já teriam entrado na disputa.
Trump, de 77 anos, o favorito para a indicação republicana, também enfrenta preocupações sobre sua idade e uma série de indiciamentos, incluindo pelo suposto manuseio incorreto de documentos confidenciais e alegada interferência na eleição de 2020, que ele perdeu para Biden. Ele nega ter cometido irregularidades.
Vários candidatos estão desafiando Trump nas primárias republicanas, dando ao partido alternativas no caso improvável de Trump desistir.
