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Derivativos: um mercado fascinante, mas perigoso!

por Ricardo Pereira
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Finanças Pessoais do dia-a-diaNão é novidade que o Dinheirama esta sempre atento, ouvindo bastante seus leitores. Nos orgulhamos muito desse contato cada vez mais próximo e tentamos atender às solicitações sempre primando pela linguagem simples e descomplicada. O compromisso segue firme neste sentido.

Hoje vamos atender um pedido já realizado por diversos leitores: explicar e discutir o chamado Mercado de Derivativos. Trata-se de um assunto bastante abrangente, que, em um primeiro momento, pode parecer complicado. Assim, hoje vamos nos concentrar apenas em passar alguns conceitos básicos sobre o assunto.

Definindo o Mercado de Derivativos
Derivativo é um contrato definido entre duas partes no qual se definem pagamentos futuros baseados no comportamento dos preços de um ativo de mercado. O mercado de derivativos[bb] abrange um amplo leque de operações que estão sempre inseridas nos mercados a termo, de futuros, de opções ou de swap.

Em qualquer um deles, o investidor poderá negociar tanto commodities quanto ativos financeiros, como taxas de juro, índices de mercado etc. É comum vermos investidores à procura de operações com derivativos para especular e para buscar proteção. Esta segunda atitude caracteriza o investidor[bb] como um hedger.

Hedgers
Para eles, o mercado de derivativos oferece proteção e pouco risco. Funciona como uma espécie de apólice de seguro, em que o comprador paga um prêmio para limitar suas perdas. Se o investidor não precisar utilizar sua “apólice” de seguro, perderá apenas o prêmio pago para a contração do “serviço”. Acontecendo algum incidente, estará ele protegido.

Na prática, a forma de limitar as perdas significa travar um preço para o ativo. Assim, seja qual for o andamento dos preços dos ativos no mercado à vista, o investidor tem a garantia de determinando preço para esse mesmo ativos em certa data futura.

Se cair e ele tiver garantido um bom preço de venda, ganha dinheiro. Se subir e ele tiver garantido um baixo preço de compra, ele compra e vende. Se nada disso acontecer, suas opções “viram pó” e ele perde a oportunidade. No Brasil, o mercado de futuros é gerenciado e acontece através da BM&F – Bolsa de Mercadorias & Futuros.

Glossário simplificado
Concordo que a própria palavra derivativos pode causar estranheza. Esse mercado possui um linguajar específico, por vezes complicado. Vejamos o básico:

– Opção: é um direito de comprar ou vender um montante de um determinado ativo a um preço pré-estabelecido dentro de um certo intervalo de tempo. Pode ser comparado a um seguro, pelo qual o agente paga um prêmio e tem o direito, e não a obrigação, de exercê-lo. Leia mais;

Put: termo em inglês que equivale a uma opção de venda. Ou seja, quem compra uma put tem o direito de vender um certo ativo por um preço pré-determinado;

Call: expressão análoga à put, porém que corresponde à uma opção de compra;

– Opções americanas: diferentemente do que se pode imaginar em um primeiro momento, o termo não tem qualquer referência à geografia, mas refere-se às opções que podem ser exercidas em qualquer momento, ou seja, desde sua data de aquisição até sua data de vencimento. Leia mais;

– Opções européias: contrastam-se às opções americanas, podendo ser exercidas somente na data do vencimento;

– Prêmio da opção: valor a ser pago pelo investidor para adquirir uma opção. As variáveis que influenciam a determinação do prêmio são: preço e volatilidade do ativo objeto, tempo até o vencimento, taxa de juros e preço de exercício. Leia mais;

– Black & Scholes: modelo matemático, desenvolvido pelos economistas Fisher Black e Myron Scholes, mais difundido para a determinação do valor justo do prêmio de uma opção. O modelo funciona para opções de compra ou venda do tipo europeu. No caso de opções do tipo americanas, somente para aquelas sobre ações sem dividendos;

– Ativo objeto (ou base): designa o ativo primário dos derivativos. As opções, por exemplo, podem ser referenciadas em: ações, índices, moedas, contratos futuros, entre outros;

– Preço de Exercício: valor pelo qual a opção pode ser exercida. Ou seja, o titular de uma opção poderá comprar ou vender ativo base por um determinado preço de exercício;

– Virar pó: quando uma opção não é exercida, o investidor perde o valor total pago como prêmio. Diz-se, então, que a opção “virou pó”;

– Opção at the money: é uma opção que apresenta preço de exercício igual ao preço do ativo objeto no mercado à vista;

– Opção in the money: supondo uma opção de compra, é aquela em que o preço do ativo base no mercado à vista é superior ao preço de exercício, ou seja, caso exercida, o investidor apresentará lucro. Se for uma opção de venda, é aquela cujo preço de exercício está acima do preço do ativo objeto no mercado à vista;

– Opção out of the money: contrapõe-se à opção in the money. Em caso de ser uma opção de compra, o preço de exercício acima do preço do ativo no mercado à vista. Sendo uma opção de venda, o preço do ativo no mercado à vista é superior ao preço de exercício;

– Valor intrínseco: diferença entre o valor do ativo no mercado à vista e o preço de exercício;

-Combinação de opções: operação em que um mesmo investidor compra ou vende duas ou mais opções sobre o mesmo ativo objeto, mas com preços de exercício e/ou datas de vencimento distintas. São exemplos as travas – em que se aposta na alta ou na baixa do mercado – e o butterfly spread – em que o agente ganha se o preço do ativo objeto não apresentar grande volatilidade.

Cap: esta expressão de língua inglesa representa a fixação por parte do investidor de um patamar máximo para a flutuação de suas aplicações;

Floor: estratégia equivalente ao cap, porém o agente estabelece um nível mínimo para a rentabilidade de seus papéis;

Collar: representa a construção simultânea de um cap e de um floor. O intervalo entre eles é o collar.

Swaps: são operações de troca de fluxo de caixa. Um investidor é remunerado por uma determinada aplicação e oferece outro ativo como forma de rentabilidade. Leia mais;

Hedge: termo que vem do inglês e que significa salvaguarda. Também denomina administração do risco. Por exemplo, o ato de tomar uma posição em outro mercado (futuros, por exemplo) oposta à posição no mercado à vista, para minimizar o risco de perdas financeiras em uma alteração de preços adversa. Leia mais;

– Contratos futuros: trata-se de um compromisso de comprar ou vender determinado ativo numa data específica do futuro, por um preço previamente estabelecido. Leia mais.

Fundos e alavancagem
Alavancar é investir, em operações de risco, mais do que o patrimônio líquido do fundo. Isso só é possível usando os derivativos. São negociados contratos futuros e operações sem que haja cobertura financeira total, apostando em um movimento certeiro nas datas de vencimento.

Sim, é perigoso e pode ser arriscado. Se as operações de um fundo bastante alavancado forem malsucedidas, as perdas podem causar estragos consideráveis, inclusive superando o patrimônio do fundo. Lembre-se de consultar o prospecto de seu fundo e procurar por detalhes neste sentido*.

Por hoje chega. Agora que sabemos o básico, podemos avançar com calma. Mais à frente, vamos abordar de maneira enfática cada item de relevância do artigo. Enquanto isso deixe seus comentários e participe do Fórum Sociedade Dinheirama. Aproveite bem seu final de semana.

Fontes importantes utilizadas para compor este resumo: jornal Valor Econômico, Infomoney e UOL Finanças. Você também pode aprender mais sobre opções com os livros:

*De acordo com a atual legislação brasileira sobre fundos de investimentos (FIF), para um fundo fazer alavancagem ele tem que se enquadrar na categoria “genérico”. Mas não são todos os genéricos que podem alavancar o patrimônio. Além disso, há a classificação da Associação dos Bancos de Investimentos (Anbid).

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Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para Marcio Eugenio.

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