A taxa de desocupação de 6,1% registrada no trimestre terminado em novembro de 2024 foi o menor resultado em toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No trimestre encerrado em outubro de 2024, a taxa foi de 6,2%. No trimestre terminado em novembro de 2023, a taxa estava em 7,5%.
“Os dados divulgados hoje mais uma vez indicaram um mercado de trabalho apertado. A taxa de desemprego permaneceu estável em 6,5% (ajustada sazonalmente), com um aumento na população ocupada no setor informal, compensado pelo aumento na taxa de participação. Adicionalmente, os salários reais aumentaram 0,3 p.p., refletindo o dinamismo do mercado de trabalho”, destacaram Natalia Cotarelli e Marina Garrido, economistas do Itaú.
O País registrou um recorde de 103,903 milhões de trabalhadores ocupados no trimestre terminado em novembro. Houve uma abertura de 1,386 milhão de vagas no mercado de trabalho em apenas um trimestre. Em um ano, o contingente de ocupados aumentou em 3,395 milhões de pessoas. Já a população desocupada diminuiu em 510 mil pessoas em um trimestre, recuo de 7,0%, totalizando 6,770 milhões de desempregados no trimestre até novembro.
A população inativa somou 66,016 milhões de pessoas no trimestre encerrado em novembro, 510 mil inativos a menos que no trimestre anterior. Em um ano, houve diminuição de 504 mil pessoas na inatividade. O nível da ocupação – porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar – passou de 58,1% no trimestre encerrado em agosto para 58,8% no trimestre até novembro, patamar recorde na série histórica. No trimestre terminado em novembro de 2023, o nível da ocupação era de 57,4%.
Ajustada sazonalmente, a taxa de desemprego permaneceu em 6,4%, abaixo da faixa NAIRU (Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment) e o menor nível em uma década. “O mercado de trabalho continua apertado: crescimento sequencial firme de empregos em meio a um enfraquecimento moderado dos salários reais em novembro”, analisa Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs.
Taxa de desemprego apertada abaixo da NAIRU
O que é a NAIRU?
O termo NAIRU (Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment) refere-se à taxa de desemprego que não acelera a inflação. Ele representa o nível de desemprego no qual a economia opera sem pressões inflacionárias crescentes ou decrescentes. Desenvolvido a partir das ideias de Milton Friedman e Edmund Phelps, o NAIRU desafia a visão keynesiana da Curva de Phillips, que relacionava desemprego e inflação inversamente.
Friedman argumentou que, no longo prazo, a relação desaparece, pois trabalhadores ajustam expectativas inflacionárias. Robert Gordon, outro especialista, contribuiu ao integrar o conceito em seu modelo da Curva de Phillips estendida, destacando fatores estruturais e expectativas. O NAIRU é central no debate econômico, sendo usado para avaliar políticas monetárias.
Uma taxa de desemprego abaixo da NAIRU tende a acelerar a inflação. Isso ocorre porque, em níveis de desemprego muito baixos, a demanda por trabalho excede a oferta, resultando em aumento dos salários. Esses salários mais altos são repassados aos preços de bens e serviços, criando pressões inflacionárias.