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Diabetes, colesterol e a sua situação financeira!

Os resultados da disciplina poderão aparecer no curto prazo, se você for uma pessoa que tem uma renda alta e que a gasta integralmente

por Guilherme Cadonhotto
3 min leitura
Guilherme Cadonhotto, juro
Alimentação e finanças
“Pessoas passam por anos de “esbórnia financeira”, ou seja, gastam tudo o que ganham e às vezes mais” (Imagem: ChatGPT/Dinheirama)

Abro os olhos lentamente enquanto escuto o barulho de chuva fora de casa.

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Quando chove, a água escorre pelo telhado se concentrando em alguns pontos específicos, e hoje pela manhã ela decidiu desaguar em um balde que esqueceram algum dia no corredor lateral de nossa casa, fazendo um barulho maior do que o habitual, mas ainda assim reconfortante.

A habitual sensação de conforto que um dia de chuva poderia passar pela manhã logo foi substituída pela lembrança da minha consulta ao médico.

Enquanto ainda estou deitado, pensando no quão ruim pode ser ir ao médio, o cheiro característico da comida típica da minha avó invade o meu quarto, a famosa miga, um prato simples da Espanha, feito apenas com fubá, alho, sal e azeite. Apesar de simples ainda é um dos meus pratos favoritos, e minha avó sabia disso.

Minha vó era uma cozinheira de mão cheia, e ela sempre fez questão de ensinar a sua filha mais nova a como cozinhar de maneira semelhante. Minha mãe não só aprendeu como foi além, fazendo refeições, o que eu não imaginava ser possível, ainda mais saborosas.

O grande problema com as refeições de ambas é que não havia parcimônia com níveis de gordura ou açúcar.

A minha mãe tinha sua especialidade, brigadeirão e torta de limão. A minha avó também possui os seus pontos fortes, e além da miga pelo café da manhã, frequentemente ela fazia duas receitas caseiras de doce, a paçoca e a rosquinha de pinga (Pesquise no google).

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Tudo isso sendo feito a qualquer dia da semana.

Sendo assim você deve imaginar que o meu porte físico não devia ser dos melhores. Na verdade, estava muito longe disso, eu era uma criança obesa, e esse era justamente o motivo pelo qual eu fui ao médico, para simplesmente realizar alguns exames de rotina.

Chegando lá um choque de realidade. Se continuasse com os mesmos hábitos, em alguns anos provavelmente eu teria colesterol e diabetes, eu precisava mudar meus hábitos rapidamente.

Guilherme Cadonhotto
Guilherme Cadonhotto, especialista em renda fixa e estrategista-chefe da Finclass (Imagem: Divulgação/ Finclass)

Nos mudamos de uma casa para um condomínio, com quadras, salão de jogos, e muita área de lazer, além de termos realizados mudanças bruscas no cardápio em casa, pelo menos durante a semana.

Os resultados vieram mais de um ano depois, quando eu voltei ao médico e meu peso, assim como meus exames melhoraram de maneira significativa.

Mas o fato é que o susto inicial na infância fez com que eu alterasse de maneira radical os meus hábitos alimentares pro resto da vida.

Com dinheiro a situação é muito parecida

Pense no seu almoço no trabalho.

Se você trabalha em um centro comercial, provavelmente você deve enfrentar três tipos de refeições ao longo da semana; o buffet self-service, o prato feito ou a famosa marmita.

No buffet a situação é a mesma em todas as regiões do país. As proteínas se esgotam e precisam ser repostas a todo instante, enquanto o buffet da salada fica praticamente intacto por horas a fio.

Nas opções de prato feito a situação não melhora muito, afinal, não da nem para dizer que uma folha de alface com uma rodela de tomate é uma salada.

Por fim a última opção, a famosa marmita. Nela o transporte da salada fica praticamente inviável. Ou você leva um recipiente separado ou a sua salada ficará com um aspecto nada agradável ao esquentá-la.

Então o normal é que no dia a dia as pessoas comam de fato mal, ou seja, poucos nutrientes e refeições mais carregadas em sal e gordura.

Eu te pergunto; Ao comer um filé a parmegiana, você se sente mal na semana? Você engorda alguns quilos ou nota o seu colesterol subir?

Ao comer duas fatias de pudim depois do almoço de terça-feira você se torna uma pessoa diabética?

Claro que não.

A questão é que a piora da sua saúde está ligada a comer mal de maneira consistente por muito tempo.

Se você mantém esse hábito por anos, não há outro resultado a não ser diabetes, colesterol, hipertensão, obesidade e por ai vai.

Para melhorar essa situação o tempo necessário é semelhante.

Se você passar a reduzir os alimentos mais carregados em gorduras e sal, depois de alguns meses e anos você vai notar uma diferença relevante em sua disposição, e em seus exames.

Nas finanças temos a mesma lógica..

Pessoas passam por anos de “esbórnia financeira”, ou seja, gastam tudo o que ganham e às vezes mais. Consomem toda a sua renda em lazer, roupas, carros e depois de anos não possuem nenhum tipo de ativo, ou seja, algum bem que seja capaz de te gerar renda ou veja seu valor aumentar.

Depois de alguns anos mantendo esse hábito o resultado é um só: Dívidas, que consumirão uma parte da sua renda hoje através dos juros, ou se o cenário não for de dívidas, uma vida onde você precise trabalhar cada vez mais para cobrir um padrão de vida cada vez mais caro (Filhos e gastos com saúde são exemplos claros disse).

Como resolver?

Corte um pouco dos carboidratos, reduza alimentos carregados em gordura, sal e açúcar, consuma alimentos ricos em nutrientes e vitaminas e mantenha uma rotina minimamente ativa e mantenha isso por alguns anos. Em outras palavras, corte despesas, eleve receitas se possível, faça isso por anos e o resultado irá aparecer.

Há uma frase utilizado pelo Primo Pobre que gosto muito; “Abra a torneira, feche o ralo e atrase seu padrão de vida por alguns anos.”

É legal fazer isso por anos? De jeito nenhum. É eficiente? Com certeza.

Os resultados da disciplina financeira poderão aparecer no curto prazo, se você for uma pessoa que tem uma renda alta e que a gasta integralmente. Se você não se enquadrar nesse cenário, espere alguns anos para verificar um resultado relevante.

Há um outro caminho? Podem até existir, mas que dependam única e exclusivamente do seu esforço acredito que não.

A mensagem que gostaria de passar no final das contas é essa: Se você mantém hábitos financeiros ruins por anos, não espere que em alguns meses sua saúde financeira esteja boa, afinal, leva-se tempo para minimizar os efeitos de anos de farra financeira.

Acredite, serão alguns anos de esforço para colher resultados positivos durante décadas.

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