Home Colunistas Diário de Omaha: Vai faltar cerveja?

Diário de Omaha: Vai faltar cerveja?

Leandro Siqueira é especialista em ações da Spiti e bacharel em Economia pela UFRJ e lidera um time de sete analistas

por Leandro Siqueira
0 comentário

Opa! Parece que temos más notícias para os amantes de cerveja. O CEO da Asahi, uma grande cervejaria japonesa, soltou um alerta: a mudança climática pode causar uma escassez de cerveja. Isso porque o aumento das temperaturas afeta a produção de cevada e lúpulo, ingredientes fundamentais da nossa amada cerveja.

Atsushi Katsuki, que está no comando da Asahi desde 2021, mencionou uma análise da empresa que prevê os impactos do  aquecimento global nas safras de cevada e na qualidade do lúpulo para as próximas décadas. Basicamente, pode haver menos cerveja circulando por aí.

Para se ter uma ideia, a produção de cevada na França pode cair 18% até 2050, se o cenário de aquecimento for de 4 graus, como a ONU sugere. A Polônia também vai sofrer com uma queda de 15%. E não para por aí: a qualidade do lúpulo, super importante para o sabor da cerveja, pode cair 25% na República Checa, um dos grandes players na produção desse ingrediente.

Se formos um pouco mais otimistas, supondo um aumento de apenas 2 graus, a safra francesa ainda teria uma queda de 10%, a da Polônia de 9% e o lúpulo checo de 13%. De acordo com um relatório recente da ONU, é bem provável que o planeta esquente uns 2,6°C.

E esse aquecimento já está causando impactos. Em 2022, o preço da cevada na Europa bateu recordes, o que pressionou as cervejarias. Embora os preços tenham se estabilizado, em 2023 os custos já estão superando as médias anteriores.

Segundo Atsushi, em uma entrevista para o Financial Times: “Apesar de que com um clima mais quente o consumo de cerveja pode aumentar e se tornar uma oportunidade para nós, a mudança climática terá um impacto grave”. “Há o risco de não podermos produzir cerveja suficiente.”

A Ambev (ABEV3), que não é boba nem nada, já vem investindo em outras variedades de cevada, resistentes à seca na África do Sul, por exemplo. Afinal, ela tem 27,6% do share mundial do mercado e não pode ficar para trás na corrida por inovação. Ainda mais quando um dos principais ingredientes do seu produto anda ameaçado.

Em resumo: além do calor, a cerveja pode ficar mais cara. Preparem-se e, quem sabe, comecem a estocar! 😉🍺

🔮 Especulando

Refletindo sobre (possíveis) efeitos de segunda ordem

EUA serão a nova bateria do mundo?

Por Thiago Duarte

Encontraram um imenso depósito de lítio numa cratera entre Nevada e Oregon, que pode ser a maior do mundo. O depósito na chamada Caldeira McDermitt pode ter até o dobro do lítio encontrado no maior depósito atual na Bolívia, o que seria ótimo para os EUA, que tinham poucas reservas de lítio até agora.

Na prática, saíram de 1 milhão de toneladas métricas comprovadas do metal para 41 milhões, já que só a cratera pode ter 40 milhões.

Geralmente a gente acha lítio em pedras duras ou salinas de montanhas altas. Mas essa cratera em Nevada é diferente e tem um tipo especial de lítio vindo de vulcões antigos.

Os cientistas acreditam que essa cratera surgiu após uma erupção há 19 milhões de anos. A explosão trouxe o lítio para a superfície.

Se essas estimativas forem reais, os EUA terão muitos recursos de lítio, que é muito utilizado em baterias de carros elétricos. Com tanto lítio, a preocupação com a falta dessa matéria-prima pode diminuir.

Pensava-se que o lítio poderia faltar até 2025 devido à alta demanda, principalmente de países como China, EUA e alguns da América do Sul. A procura estava tão grande que pensei em começar a minerar no meu quintal!

Mas com esse novo depósito e a possibilidade de  começar a mineração em 2026, as coisas mudam de figura. Pelo menos desde que se consiga quebrar a resistência à mineração em Nevada — ambientalistas, nativos e até gente da NASA não querem que aconteça. Segundo a agência aeroespacial americana, não pode ha

Em resumo, encontraram um super depósito de lítio que pode ser um grande avanço para a indústria de carros elétricos, mas ainda existem desafios a serem enfrentados para tirar o posto da Bolívia de bateria do mundo.

O amado jovem ditador

Por Saulo Pereira

Quando falamos da América Latina, pensamos em muitas coisas. Desde as boas, como os famosos pontos turísticos e as emoções de uma final da Libertadores, até as horríveis, como o histórico de golpes de Estado e violência.

Por falar nisso, infelizmente a região é considerada a mais violenta do mundo. Segundo um relatório da ONU, de todos os homicídios de 2019, 37% foram contabilizados na América Latina. Por muito tempo El Salvador liderou esse ranking dos países mais violentos da região.

Mas em 2019 um político jovem e com estilo próprio prometeu colocar ordem na casa. O nome dele: Nayib Bukele.

Para entendermos como esse cara conseguiu fazer o que nenhum presidente até então conseguiu (ou não teve vontade), precisamos voltar algumas décadas.

Entre os anos de 1979 e 1992, o pequeno país da América Central passou por uma guerra civil. Quando a população finalmente pensou que a paz tinha chegado, tudo começou a piorar. Nas décadas seguintes, apenas dois partidos se revezaram no poder e governaram para poucos.

Acontece que isso fez a população salvadorenha buscar melhores condições de vida em outros países; um deles foi os EUA. Entre as pessoas que saíram do país estavam alguns membros de gangues. Aparentemente, esse período na história de El Salvador foi tão violento que nem as gangues quiseram permanecer por lá.

Chegando na terra do Tio Sam, muitos integrantes desses grupos não conseguiram se inserir na sociedade, então partiram para o crime. As principais gangues que podemos destacar são a Bairro 18 e a MS-13, que surgiram em Los Angeles, na época.

Com o aumento da violência, os EUA começaram a deportar muitos salvadorenhos que haviam cometido algum crime. O problema é que eles voltavam para o seu país de origem, mas  continuavam em liberdade. Ao longo dos anos essas gangues foram crescendo e tomando conta de cada rua de El Salvador.

A situação foi de mal a pior e o pequeno país chegou a ser considerado o mais violento do mundo em 2016. Nenhuma medida do governo funcionava, e a violência apenas aumentava.

A situação era tão bizarra que as pessoas morriam por motivos fúteis. Por exemplo, em 2016 um jovem foi assassinado simplesmente porque fez um gol no time que uma gangue apoiava e esse time perdeu o jogo. Esse fato nos faz lembrar de supostos subornos que aconteciam em jogos da Copa Libertadores na Colômbia, na época do cartel do Pablo Escobar. Enfim, no meio disso tudo, e cansados de elegerem os “mesmos” presidentes, os salvadorenhos elegeram Nayib Bukele.

A carreira política de Bukele é bastante intensa. Ele foi prefeito de duas cidades, sendo uma delas a capital San Salvador, e foi expulso do seu partido em 2017 por ter atirado uma maçã em uma colega de trabalho e a chamado de bruxa (sem comentários para essa atitude).

Apesar disso, ele fundou seu próprio partido para concorrer às eleições presidenciais de 2019 e foi eleito em primeiro turno. Nos primeiros anos de governo, a vida do jovem presidente não foi nada fácil, pois seu partido não tinha cadeira no Congresso. A situação mudou em 2021, com as eleições legislativas. O partido do Bukele elegeu 56 deputados de um total de 84. A partir daí o presidente conseguiu passar praticamente tudo que queria.

Ele removeu juízes da Suprema Corte, procuradores e também passou a famosa Lei do Bitcoin, que já apareceu no Diário e você pode ler clicando aqui. Mas o que mais o deixou popular foi sua atuação contra o crime organizado.

No final de março de 2022, uma onda de homicídios aconteceu em um único dia e o governo rapidamente culpou as gangues e prometeu tacar uma maçã em cada um dos membros uma resposta mais dura. Praticamente da noite para o dia, mais de 2 mil pessoas foram presas e nos 10 meses seguintes mais de 60 mil foram detidas. O presidente Bukele instaurou um estado de exceção onde a polícia poderia prender qualquer um que julgasse suspeito de ter algum envolvimento com as gangues.

A quantidade de gente presa foi tanta que a população carcerária passou a representar 1% do país. Para efeito de comparação, a população carcerária brasileira é de cerca de 0,4% da população nacional.

Para abrigar todos esses detentos, o presidente mandou construir uma megaprisão chamada Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot). Por lá os presos não têm uma vida fácil; as celas suportam até 100 pessoas, mas possuem apenas dois banheiros.

Com essa medida, a taxa de homicídios de El Salvador caiu drasticamente, de uma média de 100 assassinatos por 100 mil habitantes para cerca de 7 mortes para cada 100 mil habitantes. Bukele se tornou um político amado por quase toda a população, com mais de 90% de taxa de aprovação. Mas será que realmente ele é um herói nacional?

Bukele foi acusado por diversas ONGs internacionais de ferir os direitos humanos e trocar a democracia do país por uma suposta segurança. Ele respondeu às críticas no melhor estilo garotão: “O ditador mais legal do mundo”

Talvez a acusação mais grave contra o governo seja a de que Bukele tenha negociado uma trégua com as principais gangues do país. Nesse acordo ambos os lados sairiam ganhando, mas em algum momento o presidente descumpriu o “contrato” e como resposta as gangues promoveram aquelas 87 mortes no início do ano passado.

Há ainda uma teoria da conspiração: muitos acreditam que esse foi o pretexto perfeito para aumentar o poder do presidente. A teoria ganha força se lembrarmos que, em 2020, o exército invadiu o Congresso para pressionar a aprovação de um empréstimo de mais de US$ 100 milhões para Bukele pôr seus planos de segurança pública em prática.

Outra acusação que assombra o jovem presidente é o fato de ele ter recebido quase US$ 2 milhões da Alba Petróleo, uma empresa financiada pela famosa petrolífera venezuelana PDVSA, e investigada por lavagem de dinheiro.

Apesar dessas acusações, a população salvadorenha mantém seu amor para com o presidente (ou ditador, como alguns o chamam), que conseguiu resolver o problema da segurança no país.

Acontece que, com tantos poderes que Bukele adquiriu nos últimos anos, fica difícil a população ter certeza de que as medidas implementadas por ele serão sustentáveis no longo prazo. De todo modo, os salvadorenhos estão conseguindo desfrutar do privilégio que poucos países têm: segurança.

Enquanto isso nos resta  acompanhar a reta final do governo de Bukele e ver se ele conseguirá se reeleger nas eleições gerais que acontecerão no dia 4 de fevereiro de 2024.

😎Fala Dudu!

Sua carta sátira semanal do gestor do primeiro hedge fund de Niterói

Por @dudufromniteroi

Fala, tropinha. Tio Dudu chegando após um fim de semana de sol na prainha. Nada melhor que começar a semana mandando um estagiário embora, não? Tão revigorante quanto um banho de mar.

Bora pras notícias de ontem?

EU QUERO MILEI TE PEGANDO – “Ao explicar por que rejeitaria o convite à Argentina para integrar o Brics, Javier Milei, líder nas pesquisas a menos de um mês antes das eleições presidenciais no país, afirmou: ‘Não vamos nos alinhar com os comunistas’”.

Sim! Ele vai te pegar, seu comunista!!!! Lule? Comunista, claro. Juan Bidén? Absolutamente comuna. Arábia Saudita? Se mata jornalista, obviamente é comuna. Não se morre de tédio na América Latina, menos ainda se você for um comunista argentino.

POR FALAR NO DIABO – Como não se morre de tédio por aqui, acaba que quem é vivo sempre aparece. No último domingo, o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que será candidato à presidência em 2025.

O primeiro ex-presidente boleiro do mundo quer voltar ao cargo após ter renunciado com denúncias de manipulação nas eleições de 2019. Claramente, não haveria essas denúncias se as urnas não fossem eletrônicas.

A VIDA COMO ELA É – Também na sexta passada, o TSE formou maioria para rejeitar recurso da defesa do ex-presidente Bolsonaro contra a decisão que o tornou inelegível por 8 anos.

Tantas recusas por parte do Judiciário nos fazem lembrar da vida como ela é. Na vida, tudo passa. Até uva passa. Algumas coisas são mais curtas, como o apoio da população a um candidato “outsider”, que era igualzinho aos outros. Outras coisas são mais longas, como o mandato de um ministro do Judiciário brasileiro.

Ponto para os magistrados.

⏳ Atemporalidades

Leia agora, leve pra vida

“A cerveja e a cachaça são os piores inimigos do homem. Mas o homem que foge dos seus inimigos é um covarde.” — Zeca Pagodinho

Por hoje é só pessoal 🤙

Bebam café, se hidratem e estoquem cerveja.

Boa semana e bons negócios!

Abraços,

Leandro Siqueira

Sobre Nós

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.  Saiba Mais

Faça parte da nossa rede “O Melhor do Dinheirama”

Redes Sociais

© 2023 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.