A diferença entre os resultados fortes e fracos cresceu no segundo trimestre de 2024, avalia o BTG Pactual em um relatório enviado a clientes neste domingo (18).
“Qualitativamente falando, 39% das empresas relataram o que nossos analistas consideram resultados fortes, enquanto 25% ficaram no lado fraco”, avaliam os analistas Carlos Sequeira, Osni Carfi e Guilherme Guttilla.
Segundo eles, embora a porcentagem de resultados fortes tenha sido a mesma do último trimestre, houve uma redução nos resultados fracos (25% vs. 30% no último trimestre). A lacuna entre resultados fortes e fracos aumentou para 13 pontos percentuais (vs. 9p.p. no 1° trimestre e 11p.p. no segundo trimestre de 2023).
Os resultados do segundo trimestre de 2024 superaram as expectativas do mercado, com receitas, Ebitda e lucro líquido ficando 3,1%, 2,3% e 5,3% acima das estimativas, respectivamente.
No entanto, ao analisar exclusivamente as empresas domésticas, os resultados foram mistos, com receitas e Ebitda superando as previsões em 2,5% e 3,1%, enquanto o lucro líquido ficou 3,8% abaixo do esperado.
Queda em relação ao ano anterior
Comparando o desempenho do segundo trimestre de 2024 com o período homólogo, os números indicaram uma evolução sólida, com a receita consolidada e o Ebitda, excluindo Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3) crescendo 10,3% e 21%, respectivamente.
Contudo, o lucro líquido apresentou uma leve queda de 1,5%. As empresas de commodities tiveram resultados mistos, com desempenhos decentes em receita e Ebitda (9,9% e 11,3% de crescimento anual), mas com uma queda acentuada de 74,6% no lucro líquido.
Ajustes nas projeções
O relatório destaca que ajustes foram feitos em números de empresas como Localiza (RENT3) e Rumo (RAIL3), o que impactou positivamente seus resultados. Localiza teve seu Ebitda aumentado em R$ 385,6 milhões e o lucro líquido em R$ 1,2 bilhão devido a ajustes por impairments.
Rumo também passou por ajustes, que elevaram seu Ebitda em R$ 2,4 bilhões e o lucro líquido em R$ 2,5 bilhões. Excluindo esses ajustes, o Ebitda e o lucro líquido das empresas domésticas cresceram 15,2% e 18,9% anualmente.
Resultados da JBS e BRF
O setor de alimentos e bebidas destacou-se como o de melhor desempenho no trimestre, com crescimento expressivo em receitas, Ebitda e lucro líquido.
Empresas como JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3) foram os grandes destaques, com a JBS registrando seu maior Ebitda dos últimos dois anos e uma robusta geração de fluxo de caixa livre, impulsionada por divisões como PPC e Seara. A BRF também teve resultados notáveis, com um Ebitda recorde, principalmente devido ao forte desempenho no Brasil e no exterior.
Setores
Ao analisar os 18 setores cobertos no relatório, 16 apresentaram crescimento de receita em relação ao segundo trimestre de 2023. O setor de alimentos e bebidas foi o maior contribuinte para esse crescimento, adicionando R$ 13,9 bilhões em receita (+9% anual). O setor de óleo e gás também teve um desempenho sólido, com crescimento de R$ 12,1 bilhões em receita (+14% anual), impulsionado principalmente por preços de petróleo mais altos em reais.
Por outro lado, o setor de metais e mineração apresentou queda na receita (-R$ 1,4 bilhão; -3% anual), com a Gerdau (GGBR4) sendo particularmente afetada por um ambiente operacional adverso em mercados-chave como Brasil e Estados Unidos.
Em termos de Ebitda , os principais motores de crescimento foram alimentos e bebidas (+R$ 7,1 bilhões; +55% anual) e óleo e gás (+R$ 3,8 bilhões; +82% anual), enquanto o setor aéreo foi o principal ponto negativo, com queda de R$ 307 milhões no Ebitda, impactado principalmente pela fraca sazonalidade e enchentes no Rio Grande do Sul.
O lucro consolidado das empresas, excluindo Petrobras e Vale, caiu 1,5% em termos anuais. No entanto, ao focar nas empresas domésticas, o cenário foi positivo, com uma forte expansão dos lucros, impulsionada pelos setores de alimentos e bebidas (+587% anual) e bancos (+15% anual). Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) foram os destaques no setor bancário, com o Itaú registrando um aumento de R$ 1,3 bilhão no lucro líquido (+15% anual) e o Santander crescendo R$ 1,1 bilhão (+48% anual), ambos beneficiados por menores provisões.
Em contrapartida, o setor de papel e celulose foi o principal responsável pela queda nos lucros, com uma redução de R$ 10 bilhões (-150% anual), sendo a Suzano (SUZB3) a mais impactada, com um prejuízo de R$ 8,8 bilhões, decorrente de resultados financeiros negativos influenciados pela desvalorização do real.