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Dinheirama Entrevista: Ana Paula Hornos, Autora de Educação Financeira

por Conrado Navarro
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Dinheirama Entrevista: Ana Paula Hornos, Autora de Educação Financeira

Um dos temas mais fascinantes que envolvem dinheiro e cidadania é a educação financeira voltada para crianças e jovens. O desafio de ensinar conceitos importantes relacionados às finanças pessoais envolve pais, educadores e as próprias crianças. Não é nada fácil!

Conversei sobre o tema com uma autora da área que admiro bastante, Ana Paula Hornos. Ana Paula é Empresária, Educadora, Coach, Palestrante e Autora. Há mais de 5 anos se dedica a projetos de educação, coaching e consultoria financeira pessoal e empresarial.

Ela também é autora do material didático escolar “O Bê a Bá do Dinheiro” (Scortecci, 2014) para educação financeira de crianças e adolescentes e do livro de leitura infanto-juvenil “Crise Financeira na Floresta” (Scortecci, 2014).

Confira como foi nosso papo:

Ana Paula, sempre defendemos a máxima de que “as palavras ensinam, mas só o exemplo arrasta”. Com a educação financeira dos filhos, também é assim?

Ana Paula Hornos: A criança aprende de 3 formas:  através dos pais, do ambiente escolar e do que ela absorve do entorno dela. Se hoje temos um cenário desfavorável, com fortes apelos de consumo e influência da mídia sobre nossos filhos, aumentou a responsabilidade dos pais e das escolas na educação financeira.

Os pais, assim como as escolas, devem se preparar com metodologias, técnicas e ferramentas para ensinar as crianças a lidarem com o dinheiro. E, sem dúvida, o comportamento dos pais é uma das formas mais eficazes de ensinar aos filhos.

É importante que os pais também lidem com suas próprias finanças de forma saudável e equilibrada e que compartilhem, dentro da realidade de cada faixa etária, os desafios e projetos do orçamento familiar com os filhos e entre o casal.

Como devemos, como pais, lidar com o consumismo dos dias de hoje? Que atitudes devemos tomar para equilibrar as necessidades dos filhos com os seus desejos de consumo?

A. P. H.: Os tempos mudaram em relação à época dos nossos pais e de nossos avós. Aumentaram as ofertas, as seduções e com isso a ansiedade e o desejo por ter mais. Se o assédio da mídia e a ciência do comportamento do consumidor se aperfeiçoa dia após dia, o desafio hoje é preparar as crianças para lidarem com o dinheiro e para fazerem escolhas financeiras em um cenário mais complexo.

O grande desafio é ensinar aos filhos que o dinheiro é um recurso limitado, ensiná-los a diferenciar as necessidades e os desejos e a priorizar. Existe o aspecto técnico a ser ensinado, mas o mais importante é desenvolver musculatura emocional em nossas crianças para tomarem as melhores decisões financeiras quando adultos e a não reagirem por impulso frente a essas decisões.

Já é provado pela Psicologia Econômica que nosso cérebro, quando pressionado ou estressado, tende a tomar decisões pelo ímpeto, a evitar a dor e buscar o prazer. Para frearmos este processo, em uma situação de apelo ao consumismo, é necessário que nosso cérebro esteja treinado e saiba identificar o gatilho.

Nada melhor do que fazer esse treinamento emocional desde pequeno! Nos cursos e palestras que dou, abordo técnicas, ferramentas e metodologia para ensinar aos pais e escolas, a treinar as crianças e filhos desde pequenos tanto do ponto de vista técnico, mas também, e principalmente, emocional.

O endividamento como forma de adquirir patrimônio parece ser algo normal na maioria das famílias brasileiras. O crédito é bem-vindo em algumas situações? Como decidir quando usá-lo e, ao mesmo tempo, não passar a “mensagem errada” para os filhos?

A. P. H.: Hoje, mais da metade das famílias brasileiras encontra-se endividada. E isso traz uma pressão muito grande aos lares, aos casamentos e a saúde dos indivíduos de uma forma geral.

Empresas muito alavancadas, assim como famílias endividadas, ficam muito mais vulneráveis frente a situações de emergências, imprevistos ou tempos econômicos mais difíceis, de crise ou recessão. E sabemos que a vida é cíclica, e que tempos difíceis podem acontecer.

Algo é certo: imprevistos vão acontecer! Imprevistos são previsíveis! Com a educação financeira, aliada ao trabalho de “coach” financeiro que faço, ajudo indivíduos e famílias a buscarem um equilíbrio de suas finanças e a alcançarem suas metas financeiras, de forma a pouparem recursos para emergências, realização de sonhos e planejamento para a aposentadoria.

Para não passar “mensagem errada” aos filhos, é primordial mostrar a realidade familiar e inclui-los nas discussões do orçamento, prioridades, circunstâncias da vida, imprevistos familiares e projetos.

Do ponto de vista comportamental, um dos principais valores que podemos passar aos filhos é a paciência, o saber esperar. Saber esperar é o fiel da balança entre poupar e endividar-se, entre antecipar uma compra, através de parcelamento e crédito, ou conseguir esperar, guardar o dinheiro e se beneficiar dos juros. E a paciência pode ser ensinada e treinada desde o berço.

O que você pode dizer para nossos leitores sobre a mesada (ou semanada)? Trata-se de um bom instrumento de educação financeira? Como ele deve ser usado?

A. P. H.: A mesada é uma excelente ferramenta de educação financeira. A melhor idade para se começar a mesada é por volta dos 7 ou 8 anos, quando a criança já sabe as operações matemáticas básicas para saber lidar com o troco e fazer contas.

Os pais sempre perguntam quanto devem dar de mesada. A resposta do quanto dar volta com uma pergunta importante: qual é o objetivo que tenho como pai ou mãe ao dar a mesada? Essa é uma reflexão importante.

A mesada é saudável quando cumpre 3 finalidades: mostrar que o dinheiro é um recurso limitado, passar valores e princípios e praticar a autonomia. Os pais devem montar o valor da mesada em conjunto com seus filhos, através de critérios.

Para mostrar que o dinheiro é um recurso limitado, a mesada precisa realmente ser um recurso limitado. Por exemplo, eleger quais são os gastos que a mesada vai incluir. Se os critérios forem a cantina da escola, as figurinhas do álbum e o cinema, ela deve ser suficiente para tanto.

Ela deve ser justa, nos dois sentidos! Justa de justiça, que seja razoável dentro dos critérios escolhidos e justa de apertada, para que a criança tenha que exercitar escolhas e prioridades.

Na Educação financeira, existem alguns valores e princípios importantíssimos a serem ensinados. Podemos citar alguns como o saber esperar e poupar, saber priorizar, diferenciar entre necessidade e desejo, saber doar e repartir.

É importante que a criança aprenda a dar três destinos à mesada: a poupança, o uso e a doação. A mesada deve ser utilizada como exercício para passar valores e princípios. E a terceira finalidade da mesada é a pratica da autonomia.

Dentro dos critérios escolhidos para a mesada, é recomendável deixar a criança livre para suas próprias escolhas, mesmo que implique em erros. Pai e mãe não devem emprestar ou cobrir eventuais decisões erradas. Melhor cometer um erro e passar por um aperto financeiro com a mesada de pequeno do que ficar no negativo quando adulto.

Pais e mães devem permitir que seus filhos exerçam autonomia e deixem as consequências naturais ensinarem. É de pequeno que se aprende!

Você criou o curso “Filhos e o Dinheiro”, que acontecerá no dia 11 de agosto em São Paulo. Pode explicar melhor o conteúdo do curso e como nossos leitores podem participar?

A. P. H.: O curso “Filhos e o Dinheiro” se propõe a munir os pais de técnicas, ferramentas e metodologia para educar seus filhos ao longo de todas as faixas etárias, do zero aos 50 anos, para se tornarem adultos responsáveis, saudáveis, equilibrados e felizes em relação ao dinheiro.

Através do curso, vamos ajudar aos pais a desenvolverem musculatura emocional nos seus filhos para lidarem com o apelo de hoje ao consumismo, a ensina-los a lutarem por seus sonhos e principalmente a ensiná-los o valor do dinheiro.

Quem quiser saber mais sobre o curso pode clicar aqui e conhecer melhor a proposta. Há uma turma prevista para o dia 11/08, convido-o a acessar o site para detalhes.

Ana Paula, obrigado pela disponibilidade. Gostaria que você deixasse uma mensagem final sobre educação financeira e filhos para nossos leitores e também uma forma de entrarem em contato com você.

A. P. H.: Como mensagem final, tenho a dizer que a educação financeira para os filhos é fundamental para que eles se tornem pessoas felizes e equilibradas. O dinheiro é parte muito importante de nossas vidas. E indivíduos, casais, famílias que sabem lidar com as finanças de forma saudável serão mais felizes e terão mais sucesso.

Através do trabalho de coaching, cursos e palestras, minha proposta é ajudar pessoas e famílias a aumentarem sua autoconfiança, equilíbrio e o seu autoconhecimento ao lidar com o dinheiro, aprimorar o planejamento financeiro pessoal e familiar e a alcançar resultados positivos para si próprio, para o casal e para os filhos.

Através do material didático que desenvolvi, ajudamos escolas a trabalharem junto a seus alunos a educação financeira. Temos programas também para colaboradores em empresa. Convido o leitor do Dinheirama a conhecer mais sobre mim acessando www.anapaulahornos.com.br, será um prazer recebê-lo por lá. Parabéns pelo trabalho e obrigado.

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