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Dinheirama Entrevista: Danylo Martins, Jornalista e Autor do blog Economia sem Enrosco

por Conrado Navarro
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Dinheirama Entrevista: Danylo Martins, Jornalista e Autor do blog Economia sem Enrosco

Sempre que encontro pessoas e iniciativas cujo objetivo é disseminar a educação financeira, faço questão de manter contato e aprender. Área ainda carente de conteúdo e investimento, o cuidado com as finanças pessoais é uma questão de cidadania e por isso é tão importante insistirmos nesta questão.

Tenho a alegria de apresentar uma excelente conversa sobre finanças pessoais e jornalismo que tive com Danylo Martins, autor do excelente blog “Economia sem Enrosco”. Danylo é jornalista especializado em Finanças Pessoais. Formado em 2013 na Faculdade Cásper Líbero, escreveu por 1 ano e 4 meses para a VOCÊ S/A, da Editora Abril, cobrindo assuntos da editoria de Dinheiro e foi repórter freelancer de Investimentos no jornal Valor Econômico.

Atualmente, escreve reportagens para os cadernos especiais e suplementos dos jornais Valor e DCI (Diário do Comércio, Indústria e Serviços), além de fazer reportagens como freelancer para a revista VOCÊ S/A (Editora Abril). É editor-assistente do site Letras&Lucros, da editora Letras&Lucros, ao lado da jornalista Mara Luquet e faz pós-graduação em Jornalismo Econômico na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).

Nas horas vagas, Danylo diz que adora ouvir histórias sobre dinheiro por aí, de colegas, amigos e parentes. Um de seus lemas é explicar assuntos sobre grana, aqueles do dia a dia, com simplicidade. Afinal, dinheiro tem tudo a ver com a mente. Confira como foi nossa conversa:

Danylo, como foi a decisão de se tornar jornalista? O que o influenciou neste sentido? E por que especializar-se em finanças pessoais?

Danylo Martins: Meu objetivo de ser jornalista é antigo. Com 13 anos já pensava sobre o assunto, comentava com meus pais e avós. Na época, era apaixonado por futebol e até cheguei a montar uma revista em formato pocket com assuntos sobre o esporte, destacando os campeonatos, os jogadores etc.

Foi ali que tudo começou, apesar de gostar de escrever desde criança. A paixão pela escrita talvez seja o principal combustível para minha decisão de ser jornalista. No ensino médio, eu era o “escritor” da turma. O pessoal vinha tirar dúvidas sobre língua portuguesa comigo, o que me empolgava a escrever cada vez mais.

Claro que essa acurácia com as palavras vem de muita leitura, incentivada por meus pais e, principalmente, por meu avô paterno. Ele, inclusive, chegou a trabalhar no jornal “Folha de S.Paulo” na área de publicidade, cuidando dos anúncios que seriam impressos nas páginas do antigo “Folha da Manhã”, aqui de São Paulo.

Foram histórias como as que ele me contava que me motivaram a ser um contador de histórias, o que o jornalista de fato faz. E assim resolvi, em 2010, prestar o vestibular para algumas universidades aqui em São Paulo. Naquele ano, passei no processo seletivo da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, a primeira a oferecer o curso de Jornalismo na América Latina, há mais de 40 anos.

Emoção pura ter conseguido entrar na faculdade dos meus sonhos. Foram quatro anos de muito aprendizado e bastante estudo. Durante todos os semestres fiz estágios, passando por assessoria de imprensa até chegar à redação, o lugar predileto dos jornalistas que gostam de reportagem.

Tive minha primeira experiência em redação ao lado de um dos maiores jornalistas brasileiros, Audálio Dantas, e também sob o comando da maravilhosa editora e hoje minha amiga, Inês Pereira. Dois ótimos profissionais, de um talento incrível. Ali aprendi o que era fazer jornalismo e, principalmente, o que era ser repórter, um eterno curioso e cheio de perguntas a fazer.

Na Editora Abril, como estagiário da revista Você S/A, descobri uma área pela qual me apaixonei: as finanças pessoais. Devo isso a duas pessoas queridas, as jornalistas Roseli Loturco (então, editora de Dinheiro na revista) e Barbara Ladeia, então repórter de Dinheiro e do site da publicação.

Com Roseli, escrevi reportagens para todas as edições da revista até resolver sair de lá. Infelizmente, não havia chances de efetivação por conta da falta de vagas na editora como um todo. Triste época para o jornalismo brasileiro, para o mercado de trabalho.

Mas meu melhor momento ainda viria, em outubro do ano passado, ao receber uma ligação de Paula Cleto, editora do site do Valor Econômico. Ela me convidou a ser repórter freelancer de investimentos, por indicação da brilhante Catherine Vieira, jornalista descoberta pela Mara Luquet.

Hoje, Mara é minha inspiração no jornalismo de finanças pessoais, além de editora do portal onde sou editor-assistente. É incrível como a vida conecta as pessoas. E assim comecei a me apaixonar por finanças pessoais, levar informação sobre dinheiro sem complicar o assunto.

Você já conversou com muitos especialistas em finanças pessoais e educação financeira ao longo de sua carreira. Será que consegue apontar as cinco principais lições que aprendeu com eles no trato com o dinheiro?

D. M.: A primeira lição que aprendi e aplico em minha vida e em meu trabalho no blog Economia sem Enrosco é que dinheiro tem tudo a ver com comportamento. A maneira como pensamos e agimos influencia diretamente na forma como lidamos com os recursos financeiros.

Outro ensinamento é que a poupança só é possível se houver planejamento financeiro. Para isso, basta um papel e uma caneta ou uma simples planilha no computador. Significa projetar o orçamento de acordo com sua capacidade mensal, sua renda.

Mais uma lição importante é se preparar para a aposentadoria, principalmente numa época em que a expectativa de vida está aumentando cada vez mais. É fundamental formar reserva para esse período, lembrando que nossa geração não deixará de trabalhar quando aposentada, por isso, é essencial ter dinheiro salvo para cuidar da saúde, que gera alto custo nessa fase da vida.

Outro importante ensinamento que ouvi de muitos planejadores financeiros e especialistas em educação financeira é que o dinheiro é um instrumento para os projetos de vida, não o objetivo em si. Ou seja, de nada adianta você guardar, economizar e investir se não tiver metas traçadas. Isso vale para qualquer pessoa, na minha opinião.

Por último, não menos importante é saber lidar com o dinheiro em família, com os parentes, filhos, irmãos, mãe, pai e etc. Falar de grana entre as pessoas queridas é algo desafiador, mas extremamente importante para a saúde financeira da família.

No seu contato com os cidadãos, muitos deles personagens importantes de suas matérias, quais são os principais desafios em relação ao cuidado com as finanças familiares e o controle financeiro?

D. M.: Acho que o principal desafio das pessoas é fugir de armadilhas da mente. Na prática, muita gente quer economizar, quer formar reserva para a aposentadoria, mas se sabota a partir de gatilhos mentais, os chamados vieses comportamentais que a Psicologia Econômica explica.

Aprendi muito sobre esse assunto lendo textos da professora Vera Rita de Mello Ferreira e entrevistando-a para algumas reportagens que escrevi no Valor e na Você S/A. O desafio de poupar exige disciplina e capacidade de lidar com frustração, além de superar a inércia, chamada de “viés do status quo”.

Ou seja, é a tal da preguiça que faz com que tenhamos gastos recorrentes e muito desnecessários. O mais importante é combater esse comodismo para conseguir, então, separar dinheiro todo mês.

Outro tabu que encontrei em entrevistas é a dificuldade de falar sobre o assunto “dinheiro”. Muita gente esconde até do próprio marido ou da esposa quanto ganha e investimentos que possui. É preciso diálogo para superar essa barreira.

Vale a pena ser transparente com o companheiro ou a companheira, afinal as relações sólidas são construídas na base de muito diálogo e respeito. Com o dinheiro, é a mesma coisa. Você consegue ter um bom relacionamento com a grana se “conversar” bem com ela, tratá-la com “respeito”.

Como você acredita que a educação financeira pode mudar a nossa realidade? Que tipo de iniciativas você acredita serem mais eficazes neste sentido?

D. M.: A educação financeira pode mudar a realidade desde que consiga atingir mais pessoas, de diferentes classes sociais e lugares no país. Iniciativas pelo Brasil já estão sendo feitas por escolas, pelo governo, por educadores financeiros, mas há muito a ser desenvolvido.

É fundamental entender que educação financeira não significa somente guardar dinheiro. Essas duas palavras envolvem um trabalho comportamental no trato com o dinheiro, às vezes afetado por condições econômicas e familiares não muito favoráveis.

O que significa isso? Significa que é importante falar sobre o assunto em família, ter transparência e deixar a ideia de que “dinheiro é coisa suja”, elemento arraigado na sociedade brasileira por muito tempo.

Quem fica rico não é mau caráter porque tem grana, assim como o pobre não é considerado feliz porque não tem dinheiro. Essas falsas premissas precisam ser abandonadas.

E desde cedo, quando criança, é fundamental ser alfabetizado financeiramente, conhecer o dinheiro, as funções dele e como a família lida com esse tema. Trata-se de um trabalho coletivo, da família, da sociedade, do governo, da escola e das empresas.

Você também decidiu dar sua opinião a respeito das finanças pessoais e educação financeira e criou o blog “Economia sem Enrosco”. Conte mais sobre essa decisão e experiência. O que nosso leitor encontrará por lá?

D. M.: A decisão de criar o Economia sem Enrosco veio de uma conversa com minha amiga e ex-editora Inês Pereira. Como eu contava muitas histórias de pessoas que reclamavam de falta de dinheiro ou de dívidas, Inês me falou: “Por que você não explica sobre finanças pessoais a partir das histórias, de um jeito leve e descontraído?”.

Pronto, abracei a ideia e me apaixonei cada dia mais pelo projeto. Hoje, o Economia sem Enrosco busca trazer assuntos sobre finanças pessoais sem complicação, sem economês (o nome do blog veio desse objetivo) e sempre lembrando que dinheiro tem tudo a ver com a mente.

Poucas pessoas escrevem sobre a íntima relação entre dinheiro e comportamento humano. Meu objetivo é levar o assunto, a partir da Psicologia Econômica, das Finanças Comportamentais e de áreas afins, como Neuroeconomia e Ciência Comportamental Aplicada, para um público amplo. Tornar os conceitos leves e muito próximos aos leitores, com linguagem simples e prática.

Danylo, obrigado pela participação e parabéns por também abraçar a causa da educação financeira. Deixe um recado final sobre seu aprendizado na área e uma forma de nosso leitor fazer contato com você. Até a próxima.

D. M.: Eu que agradeço pela oportunidade, Conrado. O seu trabalho é um dos mais importantes para a disseminação da educação financeira no país. Tenho muito orgulho em contar contigo como uma fonte preciosa para reportagens.

Convido o leitor a conhecer o trabalho do Economia sem Enrosco – acesse www.economiasemenrosco.com – e deixo à disposição meu e-mail – danylodmartins@gmail.com – para quem quiser mandar sugestões, críticas e perguntas relacionadas ao tema “dinheiro e mente”. Um grande abraço!

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