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Dinheirama entrevista: Eduardo Cupaiolo, sócio da PeopleSide

por Bernadette Vilhena
3 min leitura

Dinheirama entrevista: Eduardo Cupaiolo, sócio da PeopleSideHoje tenho o prazer de entrevistar Eduardo Cupaiolo, um dos maiores especialistas em empresas verdadeiramente humanas e que se preocupam com o desenvolvimento pessoal de seus associados. Cupaiolo é especialista no desenvolvimento do lado humano das organizações, conferencista internancional expert em liderança e desenvolvimento de equipes citado por Exame, Melhor, Amanhã e Valor Econômico e é autor do livro “Contrate Preguiçosos” (MC Editora).

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Autor de diversos artigos publicados na mídia especializada no Brasil (Amanhã, Melhor, Sucesso), em outros países da América Latina (Conocimiento Y Direccion) e sites especializados na internet, Eduardo é também sócio da PeopleSide, empresa especializada em consultoria e coach de empresários, executivos e gestores de empresas nacionais e multinacionais. Ele fala sobre o trabalho, vida e sucesso e ainda oferece dois livros autografados para vocês, nossos leitores. Confiram o papo.

Percebemos no cotidiano das empresas muita dificuldade ligada à questão da liderança, como a má condução de equipes, falhas na comunicação interpessoal e vaidade pessoal. Você concorda que algumas dessas dificuldades surgem pelo pensamento focado somente no “o que eu vou ganhar com isso”? O que você pode nos falar em relação ao papel do líder junto aos seus colaboradores?

Eduardo Cupaiolo: Primeiro, uma distinção importante: líder tem “co-laboradores”, pessoas laborando com ele. Gestor, chefe, dono tem gente que trabalha para ele e, às vezes, contra ele. Quem pensa só em si ensina os outros a fazerem o mesmo. Por isto, é bom lembrar, não há liderança pelo exemplo. Só há liderança pelo exemplo.

Você não inspira/ensina as pessoas pelo que você fala, mas pelo que faz. Mais ainda, pelo que você é. Quem tem dúvida, basta dar uma olhadinha naqueles seres humaninhos que estão aí na sala brincando de vídeo game e notar como eles não são o que queremos que eles sejam. Eles são como nós somos, somos com eles e somos para eles.

Líder que pensa em o que eu ganho com isto, não é líder, é tirano. Líder pensa no outro, age para valorizar o outro e, se ganha, ganha com isto. Ganha em ver que seu investimento deu mais retorno do que qualquer outro.

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Em um de seus artigos você diz que “ser corajoso é enfrentar a adversidade do eu”. No trabalho que desenvolvo junto às empresas a busca pelo autoconhecimento e identidade pessoal é usada como base para a melhoria dos processos e a construção de uma vida mais saudável. Encontramos muitas empresas que acabam esquecendo-se do lado humano das pessoas, mas essa negação também está presente na cabeça desses mesmos funcionários, o que as levam a agirem no automático. Por que esse medo tão grande de encarar o espelho e conhecer a si mesmo?

EC: Lembro de uma pequena estória de um autor que gosto muito. A esposa de seu amigo estava muito doente, desenganada. Depois de muito hesitar, ele resolveu fazer a pergunta que o incomodava tanto. Como ela podia conviver com a idéia de sua morte eminente? A resposta dela foi: como ele podia viver como se a dele não fosse.

Somos assim. Preferimos pensar que somos imortais, que seremos felizes na aposentadoria, conjugando ser feliz só no tempo futuro. Como se o futuro existisse quando só existe mesmo é o presente. Só o agora. O resto é ilusão idiótica.

Preferimos pensar que um dia vamos encontrar com nós mesmos em alguma esquina da vida e a partir de então assumiremos que somos o Batman ou o Bruce Wayne. Seremos inteiramente nós. Íntegros.

Preferimos considerar o nosso eu não como resultado de um photoshop social que agrada aos outros, mas engana nós mesmos. Como executivo poderoso que domina por sobre toda a América Latina, mas não tem domínio da sua agenda, de suas prioridades, sem mencionar seu destino.

Sim, as organizações esquecem mesmo a importância do humano. Mas se nós, os humanos, nos esquecemos, imagine elas que nem humanas são.

Em seus textos notamos a presença de muito bom humor e leveza. Você acha que enxergar e entender os problemas cotidianos usando esse lado mais ameno de ser seja a saída para muitos conflitos dentro das empresas?

EC: Penso que humor é rir de si mesmo, sarcasmo e escárnio é rir do outro. Rir com o outro não é rir do outro. E se o outro não ri, então não vejo graça. Penso também que a gente só deve levar os outros a sério, nunca a nós mesmos. Isso porque senão, irremediavelmente, vamos soltar um “você sabe com que está falando?”. Sinal de quem está se achando, mas certamente ainda não se encontrou.

E, neste caso, o conflito é inevitável. Dois se achando. Um querendo se achar mais do que o outro. Dois bicudos. Imagina a encrenca. Quando escrevo, coloco humor porque é da minha natureza. Como diria o Vinícius, “é porque é melhor ser alegre que ser triste”. Se não podemos controlar o que acontece com a gente, podemos administrar o que acontece em nós.

Vivemos em uma sociedade de consumo, que nos cria a todo o momento “necessidades” não tão necessárias assim. Nas palavras do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, “as pessoas se transformaram em mercadorias”. Para manter o “padrão de vida” aceitável pelo outro, muitas acabam se endividando e comprometendo a qualidade vida, de trabalho e de suas relações familiares. Em seu ponto de vista, qual o principal motivo desse consumo desenfreado e quais as alternativas pessoais que podem ser tomadas para um uso consciente de seus recursos financeiros?

EC: O vazio existencial é um oco tão grande e tão torturante que muitos tentam tapar a cratera despejando todos os tipos de coisas dentro dela. E coisas custam dinheiro. Mas o buraco não tapa e o círculo se repete, repete e repete. Quem não é feliz tomando picolé sentado na praça vendo cachorro e criança correrem, também não será tomando champanhe em Mônaco, vendo a Ferrari correr. A felicidade ou está dentro de você ou não está em lugar nenhum.

Para parar de gastar dinheiro desnecessariamente, minha melhor sugestão é gastar (ou investir) em coisas necessárias. A educação de todos (filhos e pais), em todos os sentidos (acadêmico, artístico, esportivo, social, ético e no mais do que prazeroso lazer cultural).

Também na saúde, física, mental, social, ecológica, relacional. No patrimônio necessário (melhor pagar juros da prestação da casa do que do cheque especial). E na atitude solidária. O excesso de um vai muito além da necessidade não atendida de muitos outros. Não sabe administrar seus recursos? Fácil. Doe. Os que mais precisam são especialistas em gestão financeira. Na mão deles, com certeza, seu dinheirinho não vai ser desperdiçado.

Uma preocupação das empresas é saber utilizar de maneira eficiente os saberes de seus colaboradores. Para auxiliá-las nesse sentido a gestão do conhecimento tem sido bastante praticada. Em sua experiência junto às empresas, você já participou de iniciativas nesse sentido? Poderia contar-nos como foi? Quais os fatores de sucesso e as maiores dificuldades?

EC: Charles Handy, há muitos anos, tratou muito bem do assunto em a “Era dos Paradoxos”. Agora o conhecimento seria o grande patrimônio e ele seria de propriedade do colaborador, não da empresa. E quando ele saísse o levaria consigo. Tudo o que já vi de gestão do conhecimento, quando mais hard, menos eficaz o julguei.

Nem papel, nem bits e bytes registram o histórico relacional do cara de cá com o cara de lá. Registram apenas dados. E os dados que foram colocados lá. Se foram. E dependem de quem colocou e como os colocou. A forma de preservar o conhecimento na empresa é aritmética básica: multiplicá-lo dividindo-o. Quanto mais gente souber, mais segura a empresa está de não ficar analfabeta do dia para a noite.

Em seu livro “Contrate Preguiçosos” (MC Editora), você defende a humanização do trabalho e ambientes em que os profissionais sejam vistos como pessoas completas, com vida pessoal, desafios, problemas e ideais. Você diz que “treinar é para animal” e que quando lidamos com pessoas, temos que inspirá-las. Como você vê a liderança da nova geração, tida como mais social e justa? Seus anseios em relação ao ser humano no trabalho já são realidade em algumas empresas?

EC: Por partes. Sim, treinar como adestramento é para cachorro. Gente tem potencial e devemos estimular o desenvolver deste potencial. Ajudá-lo a trazê-lo para fora. Quando treinamos um poodle, ele não vira um labrador, ele virá um poodle treinado. Uma lagartixa com MBA não viraria um jacaré nunca. Mas um menino de rua pode se tornar um neurocirurgião. É só deixar seu talento inato aflorar.

Inspiração. Uma só dica bem simples e poderosa: não perca a oportunidade de assistir Invictus, o filme de Clint Eastwood sobre Nelson Mandela. Uma aula de liderança e do que é inspirar.

Nova geração. Para mim é apenas mais uma geração de humanos. A mim cansa ouvir de Geração X, Y, Z. Até porque não sei se meus pais foram J, K, L ou M e o que vai ser de meus netos quando a letras do alfabeto acabarem.

Como liderá-los? Bom, tenho 2 filhos adultos (24 e 20 anos) da chamada geração Y. Nós demos de mamar para eles, bicicleta, patins, escola, carinho, atenção, orientação espiritual, limites e nosso humanamente limitado exemplo. Sinceramente, olhando bem de pertinho acho eles bem parecidos com os demais membros da família.

Se existem empresas “peoplesideanas”? Sim, várias. O que me deixa imensamente feliz. Lá fora a que mais tenho apreço é a Southwest Airlines. Quem não a conhece e tem interesse por uma (assim eu chamo) Organização Orientada ao Humano, recomendo que procure mais informações. Por exemplo, assistir o vídeo Business of Business is People no Youtube (clique aqui).

O melhor exemplo no Brasil – disparado – é a MASA da Amazônia e já tive a oportunidade de dizer isso a eles. É a concretização de meus sonhos de organização. Viável. Humana. E altamente rentável. ALTAMENTE.

Quer ganhar um exemplar autografado do livro “Contrate Preguiçosos”?
Comente a entrevista realizada com Eduardo Cupaiolo dando seu testemunho de trabalho e relação com líderes e colegas de empresa, abordando a questão humana e do lado pessoal das tarefas corporativas. Você se dá bem com sua equipe de trabalho? Existe valorização do ser humano onde você trabalha? O que acha dessa visão de nosso entrevistado de hoje? Deixe seu comentário até o dia 05 de abril e concorra a um exemplar autografado do livro “Contrate Preguiçosos” (MC Editora). Serão dois livros e, portanto, dois sorteados. Participe!

Crédito da foto: divulgação.

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