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Dinheirama Entrevista: Eduardo Villela, Sócio e Publisher da Editora Évora

por Conrado Navarro
3 min leitura
Dinheirama Entrevista: Eduardo Villela, Sócio e Publisher da Editora Évora

Não faz muito tempo, eu alimentava o sonho de publicar um livro. Talvez seja este o seu caso também, caro leitor, e eu sei exatamente como você se sente. A paixão pela leitura e por compartilhar aprendizado finalmente rendeu-me a oportunidade de ser um autor publicado – e isso certamente acontecerá com você.

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Como é esse caminho para a publicação de um livro? Há espaço para tantos novos autores? O mercado editorial brasileiro tem potencial? Conversei bastante sobre isso com o amigo Eduardo Villela, Publisher e Sócio da Editora Évora.

O Eduardo possui mais de 10 anos de experiência no mercado editorial brasileiro e já trabalhou diretamente na publicação de mais de 500 livros de gestão, negócios, universitários, técnicos, ciências humanas, interesse geral, biografias e literatura infanto-juvenil e adulta.

Antes de tornar-se sócio da Editora Évora, atuou como editor de aquisições de livros universitários na Editora Saraiva, editor de livros de negócios na editora Campus-Elsevier e gerente editorial de todas as linhas de publicações na Editora Gente. Cofundou a The Open Mind School, uma escola que oferece cursos livres de diversos temas de interesse geral.

Confira como foi nossa conversa:

Eduardo, não dá para começar uma conversa sobre livros sem entrar na discussão sobre o livro digital. Afinal de contas, vamos continuar lendo, não importa a mídia, ou ainda há muito tempo de vida para o livro impresso? O que você pensa dessa frequente discussão?

Finclass Vitalício Quadrado

Eduardo Villela: A realidade atual é que o leitor consome conteúdo nas mídias impressa, áudio e digital por meio dos dispositivos livro, revista, notebook, tablet, smartphone e e-reader. A tendência é que haja uma complementaridade entre as mídias e não uma substituição de uma por outra.

Por exemplo, há ótimas editoras no país que oferecem ao leitor o livro impresso integrado a um site com uma variedade de conteúdos extras (vídeos, planilhas, simuladores, jogos, textos complementares, cases etc.), ou seja, trazem ao leitor um projeto de conhecimento/entretenimento no qual duas mídias estão integradas em plena harmonia.

Além disso, é crescente o número de editoras que oferecem a versão digital do próprio livro. O livro digital é um novo mercado para as editoras. O número de editoras que disponibilizam a versão digital de seu catálogo é crescente.

O livro digital e o livro impresso conviverão por muito tempo e a tendência é que o consumo de um impulsione a venda do outro. Aliás, não acredito que o livro impresso desapareça.

O que poderá acontecer, após vários anos ou mesmo décadas, é a venda do livro digital superar a do impresso em receita. Levará um bom tempo para isso acontecer por algumas razões:

  • O livro impresso apresenta um formato universal cuja experiência de leitura é agradável e funcional – em qualquer lugar do mundo, o livro impresso é igual, você pode dobrar as páginas, fazer anotações, guardá-lo em sua mochila/bolsa e carregá-lo com facilidade e segurança;
  • Não temos ainda um formato universal e uma experiência de consumo agradável para o livro digital. O conteúdo digital em texto ainda é estático e pouco interativo com outros formatos em áudio e vídeo;
  • Com o crescimento da expectativa de vida, temos várias gerações vivas que interagem com o conteúdo de diferentes formas. Há gerações que preferem o livro impresso pelo seu aspecto tangível;
  • O preço dos e-readers, tablets e smartphones é ainda pouco acessível aos brasileiros, a tecnologia de luminosidade para leitura nesses dispositivos precisa melhorar e a infraestrutura de banda larga no país é deficiente, com um acesso à web lento e caro.

Creio que em alguns anos o livro digital será completamente diferente do de hoje. Ele proporcionará ao leitor uma experiência muito interessante de interação com o conteúdo em vários formatos (texto, áudio, vídeo, animações) e em tempo real.

Além disso, o leitor assumirá o papel de “prosumer”, sendo aos mesmo tempo um coprodutor e consumidor do conteúdo. Portanto, para as editoras, o livro digital é um novo mercado que ajudará a fortalecer o hábito de leitura no país.

Acho que seria bacana contextualizar o mercado editorial brasileiro. O brasileiro lê pouco? Você acredita que o leitor mudou de perfil? Como tem sido o crescimento desse mercado e quais as suas perspectivas para ele daqui pra frente?

E. V.: Nos últimos dez anos, o mercado editorial cresceu lentamente e praticamente se manteve estável se considerarmos o impacto da inflação. Porém, existem boas perspectivas de crescimento a longo prazo e elas dependerão:

  • Da evolução da educação de base, principalmente, e também dos ensinos técnico e superior;
  • Das mudanças socioeconômicas em curso na sociedade – para que o processo de elevação de renda das famílias brasileiras continue, elas precisarão aumentar o investimento em bens e serviços com fins culturais e educacionais;
  • Da valorização do livro em nossa sociedade enquanto instrumento/meio de desenvolvimento cultural e educacional humano.

O brasileiro ainda lê pouco quando comparamos a nossa taxa de leitura per capta com a de leitores de outras economias em desenvolvimento ou avançadas. Lemos 4 livros por ano, enquanto argentinos, chilenos, portugueses, espanhóis, americanos e chineses leem aproximadamente 5, 6, 8, 10, 16 e 6 livros, respectivamente (fontes: Retratos da Leitura no Brasil e Comportamentos do leitor e hábitos de leitura-Cerlalc).

Tradicionalmente, os leitores brasileiros possuem um perfil de classe média alta e elevada. Porém, com as mudanças socioeconômicas dos últimos vinte anos e a ascensão da “nova classe média”, observamos um movimento lento de adultos e jovens que não tinham hábito de leitura começando a ler obras de religião, esoterismo, autoajuda e literatura juvenil.

Duas instituições contribuem para a formação do hábito de leitura em uma criança: a escola e a família. Ambas não têm cumprido adequadamente esse papel e pouco contribuem para a criação desse hábito tão importante, devido a deficiências estruturais em nossa sociedade e sistema educacional.

Primeiro, atingimos o objetivo de colocar praticamente 100% das crianças e jovens em idade escolar nas escolas. O próximo desafio da educação pública é a elevação da qualidade do ensino, que atualmente é ruim. Esse é um processo que levará, no mínimo, uma a duas gerações. Existe uma correlação direta entre elevadas taxas de leitura com educação básica de boa qualidade.

Com a Internet, muitos autores decidiram publicar suas obras de forma independente, muitos deles optando por estratégias comerciais próprias (infoprodutos, por exemplo). Como isso mexe com o negócio das editoras, que tem um forte trabalho de curadoria e formação de autores?

E. V.: O que uma boa editora agrega ao autor? Expertise em estruturação, adequação e posicionamento do conteúdo da obra de acordo com as necessidades do público-alvo a quem ele se destina; know-how em marketing e comunicação do livro (marketing digital, assessoria de imprensa, merchandising nas livrarias e anúncios em revistas e almanaques das livrarias); e distribuição do livro aos diversos canais de vendas (livrarias, escolas, universidades, empresas, eventos, feiras literárias e e-commerces).

O autor que publica seu livro de forma independente, normalmente conhece bem o assunto de sua obra, mas poucos autores conhecem em profundidade seus públicos-alvo e suas necessidades. E um número ainda menor deles sabe como promover e distribuir seu livro no mercado.

Em nossa editora, já lançamos obras de autores que, primeiramente, publicaram seus livros em formatos impresso e digital por conta própria. Esses autores tinham muitas dificuldades para promovê-los e distribuí-los não só nas livrarias como também em outros canais. Nós somos sempre procurados por esse perfil de autor que deseja relançar sua obra conosco.

Os papéis de autores e editoras são complementares. É uma relação “ganha-ganha” na qual o desejo comum a ambos os lados é que o livro seja lido pelo maior número possível de pessoas.

Conte-nos um pouco de como surgiu a Évora e sobre o seu dia a dia como Publisher. Como é o caminho desde a ideia até o livro pronto, nas livrarias?

E. V.: A Editora Évora nasceu em 2010 e surgiu do nosso desejo de disponibilizar conteúdos inéditos ou com baixa oferta para diferentes públicos.

O nome Évora foi inspirado na cidade portuguesa de mesmo nome. Ao longo de mais de 2000 anos de história, a cidade de Évora passou por muitas mudanças e desafios e sempre os administrou muito bem, convertendo-os em oportunidades para seu desenvolvimento.

Esse é o mesmo espírito da nossa empresa. Atuamos em um mercado em transformação que apresenta vários desafios. Desejamos aprender com tais desafios e sermos cada dia melhores no que fazemos. Nossa missão é trazer aos leitores conteúdo de alta relevância e inovador que agregue valor a eles.

Por meio destes conteúdos, queremos contribuir para que os nossos leitores realizem seus objetivos e projetos pessoais e profissionais com excelência. Publicamos obras de ficção e não ficção, tanto traduções como livros de autores locais. Atualmente, possuímos um catálogo de noventa livros.

O trabalho como Publisher é bastante intenso e envolve uma série de atividades: atender autores e orientá-los em diferentes etapas que envolvem o livro, avaliar novos projetos editoriais, gerenciar prazos de uma série de processos, gerenciar a equipe editorial e participar ativamente das atividades de marketing e vendas, dando suporte às equipes comercial e de marketing.

O caminho desde a ideia até o livro pronto passa pelas seguintes etapas:

  1. Estruturação do projeto editorial (projeto de livro) pelo autor em conjunto com a editora: definição do tema e público-alvo, análise de concorrência e definição dos diferenciais do projeto e elaboração do sumário e da sinopse;
  2. Processo de avaliação e aprovação do projeto pela editora;
  3. Discussão em conjunto autor-editora de ações de marketing, comunicação e distribuição para o livro;
  4. Planejamento e organização do processo de escrita;
  5. Processo de edição e impressão do livro;
  6. Lançamento e distribuição do livro aos principais canais de vendas e execução das ações de marketing e comunicação programadas.

Que dicas você pode oferecer para os aspirantes a autores que nos leem e que desejam ver seu conhecimento editado e publicado em formato de livro?

E. V.: Escrever um livro é uma atividade que requer planejamento, disciplina, conhecimento profundo do tema e de seu público-alvo. Para ser escritor, você não precisa possuir um dom ou habilidades especiais.

Mesmo se você tiver dificuldades de escrita, você pode recorrer a um “GhostWriter”, um especialista em redação e elaboração de textos que o ajudará a construir o texto de sua obra.

Algumas dicas que considero importantes:

  • Busque entender muito bem seu público-alvo e suas necessidades;
  • Lembre-se sempre que você, autor, não escreve o livro para você, mas sim para um público-alvo definido que o lerá;
  • O seu projeto de livro precisa trazer diferenciais de mercado. Busque responder as perguntas: “Por que uma editora deve publicar seu livro?” e “Por quais razões os leitores investirão o seu dinheiro e tempo deles comprando e lendo o seu livro?”;
  • O livro não vende sozinho. Assim, o autor e a editora devem trabalhar juntos o marketing e a comunicação do livro.

O número de pessoas que nos procuram em busca de orientações sobre como escrever um livro e tê-lo publicado é enorme. Semanalmente, oriento várias pessoas, mas infelizmente, por limitação de tempo, eu não consigo atender todas as solicitações.

Assim, para ajudar um número maior de pessoas, desenvolvi o curso “Como escrever seu livro e tê-lo publicado por uma editora renomada”. São dois dias de curso nos quais explico em detalhes o processo completo de um livro, desde a definição do tema até a sua publicação.

Se você quer publicar um livro, este curso é feito para você. Clique aqui para ver mais detalhes e conferir o programa do curso. A próxima turma será nos dias 23 e 25 de setembro.

Eduardo, muito obrigado por sua participação. Deixe uma mensagem final para o nosso visitante que gosta de ler e algumas sugestões de livros da Évora na temática de nosso blog, Negócios e Finanças. Até a próxima.

E. V.: Em primeiro lugar, agradeço a equipe do Dinheirama pela oportunidade de poder compartilhar com os leitores um pouco sobre o mercado editorial. Aproveito para parabenizá-los pelos ótimos conteúdos educativos que vocês oferecem ao público aqui no portal.

Você, que deseja escrever seu livro, siga em frente com este projeto especial e compartilhe com o mundo suas ideias, conhecimentos e experiências. Escrever um livro é deixar um legado e contribuir para melhorar a educação e a cultura em nosso país.

Sugiro os seguintes livros da nossa editora (clique no que desejar para detalhes):

Para mais informações e livros, convido o leitor a acessar o site da Editora Évora (clique). Obrigado e até a próxima.

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