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Dinheirama Entrevista: Elisson de Andrade, Professor e Palestrante

por Conrado Navarro
3 min leitura

Dinheirama Entrevista: Elisson de Andrade, Professor e PalestranteEducação financeira é nosso tema recorrente por aqui. Tratar das decisões econômicas que tomamos diariamente, seu impacto e, principalmente, como tudo isso influencia nossa qualidade de vida e capacidade de construir um futuro melhor é o que procuramos fazer de forma abrangente, sincera e didática. Felizmente, não estamos sozinhos nessa honrada missão.

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Tive o prazer de conversar com o amigo e Professor Elisson de Andrade, formado em Engenharia Agronômica pela ESALQ-USP (1996-2000) e bacharel em Direito pela UNIMEP (2003-2007). O Professor Elisson é Mestre e Doutorando em Economia Aplicada pela Universidade de São Paulo (ESALQ-USP), tendo sido agraciado com o Prêmio BM&F de Melhor Dissertação/Tese sobre Derivativos no ano de 2004.

Professor de ensino superior em cursos de graduação e pós-graduação, nas áreas de matemática financeira, mercado de capitais, derivativos e finanças pessoais, Professor Elisson possui larga experiência no ensino de Educação Financeira e lança esta semana seu primeiro eBook: “As 5 Etapas do Planejamento Financeiro” (clique para conhecer). Confira como foi nosso papo:

Professor Elisson, um dos grandes desafios dos brasileiros parece ser a maneira certa de lidar com o crédito e a possibilidade de comprar parcelando demais. Como lidar com esse problema de maneira inteligente e, ao mesmo tempo, equilibrada (afinal, é importante satisfazer alguns desejos)?

Elisson de Andrade: Esse dilema sobre quais são nossas prioridades – o que fazer hoje e o que deixar para o futuro – é um dos principais motivos que levam diversas pessoas ao fracasso financeiro. Isso porque o imediatismo geralmente sobressai. Dessa forma, como as pessoas querem tudo para hoje, a única saída é tomar dinheiro emprestado.

Porém, o uso exagerado do crédito pode levar as finanças pessoais à ruína. E qual a saída para isso? Educação Financeira. E esse termo deve ser compreendido em duas partes: uma relativa ao indivíduo, abrangendo questões comportamentais e de autoconhecimento; e outra mais técnica, relativa ao aprendizado de administração financeira básica. Com esses elementos, um psicológico e outro técnico, as escolhas de consumo provavelmente serão mais adequadas e sustentáveis.

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A renda crescente traz o desafio de lidar com a necessidade de planejar melhor nossas decisões financeiras e o orçamento doméstico é uma ferramenta crucial neste sentido. O brasileiro concorda com isso, mas ainda associa o controle financeira a algo que o impede de consumir. Não deveria ser o contrário, ou seja, associar ao conceito de liberdade? Por favor comente.

E. A.: Controlar é um termo que nós, brasileiros, ainda não somos muito afeitos. Culturalmente, ser disciplinado, coerente e racional não faz parte das características de grande parte da população. Isso implica que, mesmo aceitando a disciplina como algo importante e a ser buscado, o esforço empregado para que isso realmente se torne habitual é insuficiente.

Fazer orçamento doméstico através de um fluxo de caixa é um bom exemplo. Primeiramente, é preciso esclarecer que o orçamento doméstico não muda sua vida financeira por si só: tal ferramenta lhe oferece o diagnóstico, não a solução propriamente dita (gastar menos dependerá de você).

Assim, como a compreensão sobre como utilizar o orçamento doméstico é falha e falta disciplina para que as receitas e despesas sejam anotadas diariamente, geralmente as pessoas não controlam suas finanças pessoais. Veja que os elementos comportamentais e de conhecimento técnico, citados na pergunta anterior, estão novamente presentes.

Outro aspecto normalmente neglicenciado são os investimentos. Gastar menos do que se ganha, a regra de ouro das finanças pessoais, é o primeiro passo? E depois, como escolher? Falta conhecimento para aprender a investir melhor? O que considerar?

E. A.: Investir, do meu ponto de vista, é a última etapa de um planejamento financeiro. Depois de diversas questões (mais básicas) resolvidas, refletindo em uma receita maior que a despesa, torna-se interessante buscar investimentos que remunerem de maneira satisfatória esse capital excedente.

Note que eu disse “última etapa” de um processo. Gosto de destacar esse ponto de vista porque muitas pessoas que buscam ajuda financeira, iniciam suas leituras exatamente pelo tema investimentos. Isso é um erro e provavelmente ocasionará uma desistência no aprofundamento da leitura, pois aquele assunto não faz muito sentido naquele momento da vida.

Primeiro, será preciso resolver questões de ordem psicológicas e técnicas, mais básicas, para somente depois disso se aprofundar na questão de investimentos. Bem, mas e se a pessoa já está em um nível mais avançado, e procura melhores taxas de juros de seus invetimentos? Aí a questão dependerá de muita leitura especializada.

Porém, gostaria de destacar a imporâncias de se compreender que a acumulação de riqueza depende de três fatores básicos: tempo, quantidade de dinheiro investido e taxa de juros. Muitos buscam as melhores aplicações (maiores taxas de juros), porém, é importante ficar atento que este é “apenas” UM elemento do jogo.

Se você depositar pouco dinheiro por mês e desejar retirar esse dinheiro em pouco tempo, não há rentabilidade que lhe faça ganhar muito dinheiro. Se for colocar uma ordem nesses três elementos, eu diria que: 1) guarde bastante dinheiro; 2) faça do tempo seu aliado; 3) e só então procure as maiores rentabilidades.

Você lançou esta semana seu primeiro eBook, “As 5 Etapas do Planejamento Financeiro”. Conte-nos um pouco melhor sobre o que o motivou a criar o material e o porquê o material pode ser útil também para nossos leitores.

E. A.: Há alguns anos leciono em uma faculdade de Administração, que me abriu (corajosamente) as portas para oferecer uma disciplina de Educação Financeira dentro de sua grade curricular. No início, apesar de existirem diversos livros nacionais sobre finanças pessoais, senti uma carência de método para tratar o assunto de maneira acadêmica (conforme um curso superior exige).

Trocanco em miúdos, isso significa dizer que para lecionar tal disciplina em uma faculdade, eu precisaria equacionar as seguintes questões: quais assuntos abordar? Em que ordem sequencial? Com qual profundidade? Tais questões foram resolvidas com o tempo, surgindo assim uma metodologia baseadas nos 5 passos que dão nome ao livro.

Os temas abordados são os mesmos tratados em diversos livros de finanças pessoais. Todavia, o que diferencia esse material dos demais é a forma como os assuntos são apresentados. Os 5 passos apresentam-se como um método que facilita a compreensão sobre todo o processo de Educação Financeira.

Como os assuntos são cuidadosamente separados em etapas, o leitor poderá absorver conteúdos de maneira gradual, sistemática e eficaz. Dessa forma, o eBook “As 5 Etapas do Planejamento Financeiro” oferece discussões comportamentais e técnicas que poderão mudar sua vida financeira. Não há milagre, nem tampouco mágica. Apenas aceitar fazer parte de um processo e colocá-lo em prática.

No seu eBook, você aborda a necessidade de mudarmos nossos hábitos como um passo adicional ao da definição de objetivos e busca do conhecimento financeiro. Pode explicar melhor esse caminho e porquê ele funciona melhor para quem busca livrar-se do endividamento?

E. A.: A receita para uma pessoa sair do endividamento é relativamente simples: diminuir os gastos, buscar aumentar as receitas, renegociar as dívidas e parar de fazê-las. Porém, na prática, as coisas não são tão simples assim, pois cada um desses quatro passos possui efeitos psicológicos e de bem estar difíceis de lidar.

Portanto, para uma pessoa se livrar das dívidas é necessário incorporar uma nova filosofia de vida, convencendo-se que esta é uma saída viável e possível. Assim, a etapa 1 visa iniciar esse processo com uma reflexão sobre o dinheiro, permitindo que o leitor se convença que é possível e preciso mudar suas atitudes.

Em um segundo momento, são apresentados conhecimentos técnicos que permitirão compreender o que leva uma pessoa ao sucesso ou ao fracasso financeiro. Em seguida, o leitor é levado a pensar sobre seus objetivos de curto, médio e longo prazos, além de aprender como lidar com esse planejamento de forma técnica.

Apenas na quarta etapa a questão da mudança de hábitos surge. Isso porque é necessária uma preparação psicológica e técnica profunda antes que o novo comportamento seja colocado em prática. Todo esse cuidado é um dos diferenciais do eBook, aumentando as chances de que a incorporação de hábitos financeiramente saudáveis ocorra.

Muitos leitores nos questionam sobre o conceito de riqueza. Nós acreditamos que ele está ligado à liberdade e possibilidades que vão muito além do patrimônio material. Como você normalmente aborda esta questão diante de seus alunos e leitores, em sua maioria muito jovens? A discussão costuma “esquentar”?

E. A.: Primeiro, é importante definir o que é riqueza. Pense em uma pessoa enferma, que possui seus “dias contados” devido a uma grave doença. Pensar em ganhar mais dinheiro, nesse caso, pode não fazer sentido algum (riqueza seria sinônimo de saúde).

Ou, então, tomemos como exemplo as pessoas presas em um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. A riqueza talvez tivesse ligada à questão da liberdade. Uma mãe provavelmente lhe dirá que a maior riqueza de sua vida são seus filhos e por aí vai.

Veja, portanto, que a vida é composta de diversas dimensões relevantes, sendo a importância de cada uma delas inerente a cada indivíduo. A dimensão relacionada ao bem estar financeiro se encaixa perfeitamente nessa abordagem. O nível de importância que se dá ao dinheiro é diferente, a depender de cada pessoa.

Nós, educadores financeiros, geralmente abordamos o aspecto da liberdade que ele proporciona. Porém, existem muitas pessoas veem no dinheiro outros significados, alguns mais e outros menos nobres. Por isso faço questão de ressaltar no meu eBook a importância do autoconhecimento.

Filosofar sobre si é primordial para que as prioridades sejam claras e o planejamento financeiro adequado. Em sala de aula, essa parte é bastante impactante nos alunos, pois esta geração não tem o hábito de refletir sobre sua própria vida, seus desejos e prioridades.

Professor Elisson, obrigado pela disponibilidade em nos atender. Por favor deixe uma mensagem final para os leitores interessados em planejamento financeiro e deixe também a página oficial do eBook para que possam conhecê-lo.

E. A.: Bem, pessoal do Dinheirama, é um enorme prazer poder conversar com seu público e expor um pouquinho do meu trabalho. Uma mensagem final que gostaria de deixar se refere a se permitir sonhar e realizar sonhos. Neste ano, irei realizar dois deles: receber o título de doutor e publicar um eBook sobre finanças pessoais.

Tais sonhos custaram-me horas e horas de trabalho e dedicação. Porém, como me permiti sonhar, as coisas estão acontecendo no seu devido tempo. Portanto, deem-se a oportunidade de conquistar objetivos e lutem por eles. Acessem www.profelisson.com.br/5etapas e conheçam mais sobre o eBook. Abraços e até próxima.

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