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Dinheirama Entrevista: Felipe Burattini, CEO do Dandelin, app da área de saúde

por Janaína Gimael
3 min leitura
Dinheirama Entrevista: Felipe Burattini, CEO do Dandelin, app da área de saúde

Cerca de 70% dos brasileiros não têm plano de saúde, um percentual que só tende a aumentar se nada for feito. Desta forma, vale ficar atento às alternativas que aparecem no setor. Será que, assim como têm ocorrido com as fintechs no mercado financeiro, as healthtechs (as chamadas startups da área de saúde) podem trazer mudanças consideráveis no mercado?

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Para iniciar esta discussão, desta vez o Dinheirama entrevista Felipe Burattini, CEO do Dandelin. O Dandelin foi lançado recentemente e é uma plataforma que une médicos e pacientes com o objetivo de agendar consultas ilimitadas a um valor máximo mensal.

A expectativa é oferecer em breve outras possibilidades, como exames. “Nosso objetivo é mudar completamente como o sistema de saúde brasileiro funciona e ter uma população mais saudável, através da democratização do acesso a saúde. Ter uma população que não precise escolher entre colocar comida na mesa ou cuidar de si”, explica ele. Confira o papo!

Como você enxerga o sistema de saúde brasileiro hoje? Acredita que ele possibilita cada vez mais o surgimento de alternativas como o Dandelin e outras startups da área?

Felipe Burattini: Todo o problema gera uma oportunidade e, infelizmente, o sistema de saúde brasileiro é bem deficiente, bem problemático.

A população tem apenas duas opções: ou recorre ao SUS, que está sobrecarregado com intermináveis filas de espera, ou a consultas particulares e seguros privados, que, além de uma mensalidade extremamente alta, são campeões em reclamação no Idec e trabalham com taxas de reajuste muito acima da inflação. Isso faz com que grande parte dos brasileiros fiquem descobertos.

Hoje, 70% dos brasileiros não possuem plano de saúde e, dos outros 30%, mais de um milhão estão cancelando seus planos anualmente. Por isso estão surgindo cada vez mais startups propondo inovações na área de saúde no Brasil. Isso apenas mostra que as coisas não estão bem da forma que estão e que uma mudança é extremamente necessária.

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A plataforma surgiu recentemente no mercado, certo? Quais as expectativas com relação a número de pacientes e médicos? Vocês têm algum número que possam nos passar?

F.B.: O lançamento oficial em São Paulo foi no último dia 5 de Abril. No momento contamos com aproximadamente 1.000 pacientes e 300 médicos cadastrados. Nossa meta é chegar em 2020 com um total de 250 mil membros cadastrados em todo o Brasil.

Como funciona a questão da mensalidade? Uma pessoa pode marcar quantas consultas quiser por mês e o custo é dividido? É mais ou menos isso? Não há risco da mensalidade ficar muito alta sem um limite de uso?

F.B.: Com o Dandelin, as pessoas poderão marcar consultas ilimitadas pela plataforma sem risco algum de receber uma conta exorbitante no final do mês. Para entender como funciona a mensalidade é simples: basta somar todas as consultas efetuadas no mês e dividir, igualitariamente, entre todos os membros da comunidade. Portanto, o valor será variável. Se ninguém marcar consultas em um determinado mês, ninguém pagará nada. Se todos marcarem uma ou mais, colocamos um teto de pagamento em R$ 100, nunca mais do que isso! Caso o valor devido por pessoa seja maior que R$ 100, é risco da empresa. Nós assumimos o excedente.

Há algum valor mínimo relacionado à mensalidade? Quando a pessoa se cadastra fica sabendo?

F.B.: Não há valor mínimo. O pagamento será pelo uso real. Ou seja, se ninguém usar, ninguém paga nada. Isso não só barateia o custo para a comunidade como também permite que ela possa se autoregular. Ou seja, os nossos membros têm impacto real no valor devido a cada mês. Ao se cadastrar, a pessoa saberá que o valor ficará entre R$0,00 e R$100,00, e esperamos que a média seja R$30,00. Mas também permitimos que os membros ativem alertas de preço. Assim, caso queiram pagar, por exemplo, no máximo R$ 50,00, eles podem colocar um alerta e, ao atingir esse valor, pausar suas contas até o final do mês. Nossa intenção é dar total controle aos membros do Dandelin.

Quais as vantagens no uso por pacientes e médicos?

F.B – Inúmeras! Além do acesso a uma plataforma completamente gratuita para encontrarem pacientes que estão buscando por profissionais qualificados, eles conseguirão aumentar sua renda mensal em até 70%. Afinal, o Dandelin paga inicialmente um valor de 5 a 10 vezes maior do que o valor de repasse médio efetuado pelas seguradoras, e ainda permite que o profissional aumente o valor de sua consulta em 50% ao ano. Assim, em três anos os médicos potencialmente receberão mais por uma consulta através do Dandelin do que por uma consulta particular.

Para os pacientes, cuidar da saúde através do Dandelin é muito simples. Basta baixar o app, se cadastrar e começar a agendar consultas. Sem burocracias, pré aprovações, distinções por idade ou pré condições. Muito mais acessível, afinal, nossos membros passarão a ter consultas ilimitadas com os médicos de sua escolha por um valor médio de R$30,00 mensais e, quanto maior a comunidade, mais barato fica e mais benefícios serão oferecidos. Mais flexível, pois a mesma facilidade que nossos membros têm para entrar, eles têm para sair, basta excluir a conta, sem multas ou amarras. Além disso, estamos trazendo igualdade no acesso.

Por enquanto a plataforma trata apenas de consultas ou exames também? Há planos de aumentar as opções oferecidas?

F.B.: Para que possamos ter um crescimento sustentável, sem onerar a população, inicialmente serão oferecidas apenas consultas. Porém, quanto maior a comunidade, mais benefícios serão oferecidos. Até o fim do ano pretendemos oferecer tudo que um plano ambulatorial oferece e, até o fim do ano que vem, tudo que excelentes planos de saúde oferecem, mantendo sempre um valor abaixo de R$100,00 mensais.

Acredita que é uma opção interessante para quem não pode pagar um plano de saúde hoje?

F.B.: Acredito que seja interessante não somente pelo acesso ilimitado a consultas pelo valor mais acessível do mercado, mas também pelo lado humano e comunitário. Se as pessoas entenderem e aderirem a esse movimento, muito em breve conseguiremos oferecer tudo que os melhores planos de saúde oferecem dentro desse mesmo valor variável (entre R$0,00 e R$100,00).

Nosso objetivo é mudar completamente como o sistema de saúde brasileiro funciona e ter uma população mais saudável, através da democratização do acesso a saúde. Ter uma população que não precise escolher entre colocar comida na mesa ou cuidar de si.

O Dandelin está descentralizando a saúde, ou seja, ao invés de esperar que o governo ou empresas privadas tragam uma solução, nós, a população, podemos ser a solução que tanto esperamos. Como cantava Raul Seixas, “um sonho que se sonha só é só um sonho. Mas um sonho que se sonha junto é realidade”. É possível mudar e só depende de nós!

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