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Dinheirama Entrevista: Felipe Miranda, da Empiricus, e a repercussão do Relatório “O Fim do Brasil”

por Ricardo Pereira
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Dinheirama Entrevista: Felipe Miranda, Sócio da Empiricus e Autor do Relatório “O fim do Brasil”

Algumas semanas atrás, trouxemos aos leitores uma entrevista com o Felipe Miranda, que naquele momento lançava, juntamente com a equipe da Empiricus, um polêmico relatório chamado o “Fim do Brasil”. Se você ainda não sabe do que se trata, sugiro que conheça o relatório (clique aqui) e leia a primeira entrevista (clique).

A iniciativa, que nasceu com a ideia de despertar o interesse das pessoas em relação aos grandes desafios que o país precisa enfrentar, se tornou um verdadeiro fenômeno na Internet.

Muita gente considerou a crítica pesada demais e o PT (Partido dos Trabalhadores), ao lado da coligação que apoia a tentativa de reeleição da Presidente Dilma Rousseff, recorreu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) alegando que a Empiricus Research fez propaganda eleitoral indevida.

Aqui no Dinheirama defendemos o amplo debate, abrimos espaço e convidamos diversas pessoas que se mostravam contrárias aos argumentos do Felipe Miranda para que escrevessem artigos ou nos dessem uma entrevista. Infelizmente, ninguém aceitou o convite, que permanece de pé.

Dentro desse espírito de pluralidade e apostando que o debate será sempre de alto nível, conversei mais uma vez com o Felipe Miranda, agora para saber da repercussão do relatório e também para saber como foi o evento promovido pela Empiricus recentemente com grandes economistas para debater o atual cenário econômico do país.

Acompanhe nosso papo:

Felipe, após o lançamento do Relatório “O Fim do Brasil” e toda a repercussão em cima do tema, qual a análise que você faz sobre o atual cenário eleitoral com Marina Silva parecendo ter chances (de acordo com as primeiras pesquisas) de alcançar a Presidência da República? Em sua opinião, ela será capaz de manter os compromissos propostos inicialmente por Eduardo Campos?

Felipe Miranda: Eu realmente não sei. Sou economista e analista de investimento. Havemos de ter um pouco de humildade intelectual e reconhecer que se os políticos são criticados usualmente por não entender de economia, os economistas entendem ainda menos de política. Seria irresponsável qualquer posicionamento nesse escopo.

Para promover a discussão em torno dos desafios que o Brasil precisa enfrentar, a Empiricus promoveu um evento presencial com o mesmo nome do relatório: “O Fim do Brasil”. Conte-nos como foi o evento, quais as lições que foram tiradas e como as pessoas podem ter acesso ao vídeo com tudo o que rolou por lá.

F.M.: O evento, conforme esperado, foi formidável. O time de economistas convidado (Eduardo Giannetti, Marcos Lisboa e Mansueto de Almeida) é excepcional e, juntos, puderam produzir um debate muito construtivo.

O recado geral é de certo pessimismo, embora contornável – confesso que eu não seria tão otimista, principalmente por acreditar que, num eventual segundo mandato da presidente Dilma, ela dobraria a aposta na gestão heterodoxa da economia.

O encontro deixou claras a fragilidade de nossas contas públicas e como o rombo pode ser superior ao que o consenso imagina. Além disso, a discussão também pontuou sobre como a situação da economia brasileira decorre de nossos próprios erros.

O evento foi feito para os assinantes da série “O Fim do Brasil”, sendo uma espécie de atestado incontestável de nosso compromisso em estimular o debate de maneira construtiva. Portanto, a forma de acessar o vídeo é por meio da realização da assinatura da série em nossa loja virtual.

A discussão da economia tende agora a ganhar destaque com o inicio da propaganda política no Rádio e na TV. Em sua avaliação, independente de quem ganhar, o brasileiro precisará conviver com juros altos por muito tempo? Nesse cenário, qual o caminho mais apropriado para o pequeno investidor?

F.M.: Infelizmente, sim. A situação da inflação não admite baixar a guarda e temos ainda represamento de preços da gasolina, da energia e de tarifas públicas, além da própria defasagem do câmbio.

O pequeno investidor deve se aproveitar disso, evidentemente. A parte bonita dessa história – se é que há alguma – é a possibilidade de termos gordos rendimentos a risco muito baixo. Estamos mal acostumados, mas não podemos desprezar a chance de ganhar 11% ao ano sem risco.

Os títulos pós fixados e as NTN-Bs são meus preferidos no momento. Sugiro ao investidor que os aproveite.

A volta do tripé econômico, abandonado pelo governo Dilma, traria consequências para o Brasil no curto prazo?

F.M.: Certamente. A história tem nos mostrado que o ajuste acontece de forma bastante rápida. Neste caso, em especial, a volta do tripé resgataria a confiança, sobretudo de empresários e investidores. Isso poderia derrubar o juro longo e pavimentar a via para a retomada do investimento, variável macro fundamental.

Ademais, definir as regras do jogo e deixá-las claras para a sociedade é ponto nevrálgico. A retomada explícita do tripé traria dois benefícios imediatos, que é justamente a melhoria dos fundamentos macro e a definição de um arcabouço institucional mais claro.

Boa parte das críticas ao governo foram feitas porque nos últimos anos o crescimento econômico do país tem sido abaixo do esperado. Qual o caminho para o Brasil crescer mais e ainda por cima manter os empregos das pessoas, sem perder o controle da inflação?

F.M.: Difícil não ser prolixo nesta resposta. Endereçar a questão de forma apropriada exigiria um livro inteiro. De forma simples e direta, temos de retomar a ortodoxia, apropriar-nos de séculos acumulados de conhecimento em teoria econômica e, portanto, parar de enfrentar a fronteira do conhecimento.

Grosso modo, se você retomar o tripé, adotar uma política industrial mais horizontal, perseguir uma agenda micro, talvez convidando de novo o Marcos Lisboa para o Governo, certamente o resultado virá.

Em paralelo, você vai perseguindo reformas estruturais, como a trabalhista e a tributária. Não tem mágica, é ser ortodoxo. Sempre funcionou, ainda que exija algum ajuste de curtíssimo prazo.

Felipe, também ficamos felizes em saber que em breve teremos um livro. Conte-nos um pouco mais sobre essa novidade.

F.M.: Obrigado por isso. O livro será lançado no dia 23 de setembro, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. Estou muito motivado com tudo isso.

O livro é um relato detalhado da economia brasileira, evidenciando a incompetência técnica da atual administração: como eles se fecharam em torno de uma teoria heterodoxa e ultrapassada para iniciar um processo de destruição de tudo que foi construído a partir do Plano Real, quando “nasceu” um novo Brasil.

Além disso, dada a repercussão da tese, separei também um espaço para contar todos os bastidores da tentativa de censura imposta pelo governo e como tentaram cercear nossa liberdade de expressão.

Por fim, como nosso compromisso é sempre com a pessoa física, o livro relaciona uma série de passos simples e diretos para o cidadão proteger e aumentar seu patrimônio diante da crise projetada para 2015.

Há, evidentemente, apoio no que já foi escrito na abordagem inicial, mas o livro é focado em ideias novas e inéditas. O prefácio é do Bill Bonner, chairman da Agora Inc. (nossa sócia norte-americana) e Empresário e Homem do Ano nos EUA em 1997. Isso me deixa bastante honrado.

Felipe, agradeço muito por seu tempo. Por favor, deixe uma mensagem final para os leitores do Dinheirama que acompanharam de perto todo o barulho do relatório “O Fim do Brasil” e que passaram a gostar ainda mais do seu trabalho.

F.M.: Eu que tenho a agradecê-los pelo apoio e por terem, em algum grau (uns mais, outros menos), se identificado com a tese apontada na série “O Fim do Brasil”. Gostaria de dizer que uma crise só tem efeitos importantes para as pessoas e suas famílias quando não há preparo para enfrentá-la.

Nesse sentido, estou certo de quem está engajado com as notícias recentes sobre a economia e as formas de proteger o patrimônio está em grande vantagem. Com essa postura, poderemos enfrentar essa adversidade e retomar à exploração das potencialidades brasileiras em médio prazo.

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