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Dinheirama Entrevista: Jeferson Simões, Inventor da Protoptimus

por Conrado Navarro
3 min leitura
Dinheirama Entrevista: Jeferson Simões, Inventor da Protoptimus

Não é novidade para você, leitor do Dinheirama, que sou um grande incentivador do empreendedorismo. Acredito no poder das ideias e na capacidade das pessoas de executá-las e, a partir dessa realidade, criar produtos e serviços inovadores.

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Minha conversa de hoje tem tudo a ver com isso. Bati um papo com Jeferson Simões, um jovem inventor e amigo que, depois de muitas noites em claro e doses extensas de trabalho, pesquisa e testes, criou um projeto muito bacana chamado Protoptimus, que agora passa por uma fase de captação de recursos via Catarse (clique aqui para conhecer e contribuir).

Técnico em Eletrônica pela Univap (2004), Jeferson estudou na Universidade Federal de Itajubá, passando pelos cursos de Engenharia da Computação (2008), Engenharia Mecânica (2009/2010) e Engenharia de Produção Mecânica (2011/2012). Fez mais um ano, na Fatec SJC, do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (2013). Decidiu trancar o ensino superior para se dedicar, em tempo integral, à Protoptimus.

Confira nossa conversa abaixo:

Jeferson, o que o motivou a construir a máquina Protoptimus e por que a ideia de um CNC acessível?

Jeferson Simões: Minha mãe e minha tia fazem doces para festas e casamentos, e seus clientes pediam chocolates personalizados. Para isso, elas precisavam de um meio para criar um modelo personalizado, no formato do chocolate, para usar na confecção de uma forminha, que então, seria usada para moldar o chocolate em si.

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Eu queria uma máquina CNC para usinar modelos úteis para elas, que então seriam usados para moldar formas para chocolates personalizados. A primeira solução que tive em mente para criar os modelos personalizados seria comprar uma Impressora 3D.

No entanto, ao entrar em contato com a tecnologia, vi que ela não seria o ideal, pois o acabamento dos objetos impressos pelas impressoras 3D mais acessíveis era baixo para esta aplicação, e o tempo de impressão, muito alto.

Resolvi pesquisar para comprar uma máquina CNC para usinar os modelos. Me frustrei quando recebi os primeiros orçamentos. Pouquíssimas opções abaixo dos 10 mil reais, e a maioria usam tecnologias ultrapassadas, exigindo conhecimento mais avançado para sua operação e um computador antigo, compatível com a defasada porta paralela de impressora.

Pesquisando fora do Brasil, encontrei diversos modelos de baixo custo e fáceis de operar. Porém importar uma máquina montada estava fora de cogitação devido aos altos custos do frete – as máquinas são pesadas – dos impostos e ainda a falta de suporte e instruções em português.

Como não encontrei no mercado uma máquina que coubesse em meu orçamento, restou a decisão de buscar informações na comunidade opensource, onde descobri que já existem muitos projetos para máquinas CNC de código aberto no exterior, sobretudo da parte eletrônica e de software.

Então eu decidi que iria fazer isso também no Brasil. E foi o que fiz.

Como surgiu a oportunidade para querer fabricar mais máquinas?

J. S.: Eu levei meu segundo protótipo à Campus Party para trocar ideias sobre Arduino, a placa que controla a máquina. Lá eu percebi uma oportunidade de mercado: muitas pessoas também têm interesse em ter sua própria máquina CNC, mas não compram porque são equipamentos caros ou difíceis de se encontrar no mercado brasileiro.

Desde então, comecei a desenvolver novos e melhores projetos para a máquina. A comunidade RobôLivre me convidou para participar do concurso “Traga seu Robô”. Ficando conhecida como “O Robô que escreve em mármore”, minha máquina foi premiada com a primeira colocação.

O site Designoteca, uma rede social para designers, me selecionou como um dos 12 top makers da Campus Party. Com não tenho todos os recursos para construir as primeiras unidades da máquina, decidi abrir um projeto de crowdfunding usando a plataforma Catarse. Toda ajuda é bem-vinda, portanto convido o leitor a clicar aqui e contribuir.

Vamos recapitular a questão da máquina, do objetivo de ter um dispositivo desses. Afinal, para o que serve a máquina?

J. S.: Máquinas como a minha, chamadas de Routers CNC, são usadas para fazer trabalhos de comunicação visual, prototipagem, brindes, moldes e modelos, placas de circuito impresso, entre outros.

É uma ótima oportunidade de renda extra para pessoas que nunca ouviram falar nesta tecnologia, pois, ao optar pelo OpenSource, temos uma ampla gama de softwares gratuitos e de fácil aprendizado.

Também pode ser a porta de entrada para micro-empresas às máquinas CNC. Como as máquinas maiores, de empresas estabelecidas no mercado, são caríssimas, o acesso a elas ainda é restrito.

Com um investimento menor, a empresa pode criar um novo segmento de produto ou serviço ou profissionalizar alguns que já fazem manualmente. Obtendo êxito, a empresa poderá então investir em um equipamento maior.

Quais dificuldades você tem encontrado?

J. S.: Importações! O imposto incidente ao importar componentes em pequena escala é muito alto. Além disso, o prazo para receber a encomenda é um absurdo. Na maioria das vezes, as encomendas chegam ao Brasil em poucos dias, mas ficam em trâmite na Receita Federal.

Além disso, o próprio serviço de entrega dos Correios parece não dar prioridade para encaminhar as encomendas vindas do exterior. Algumas encomendas chegam até mim após mais de 2 meses da compra.

Como a maioria dos componentes têm de ser importados para reduzir os custos, fico de mãos atadas neste ponto.

Além da importação, a falta de capital para poder encomendar grandes quantidades de componentes para iniciar a produção seriada e ter máquinas à pronta entrega é outro desafio. Por isso resolvi buscar o financiamento coletivo (clique aqui para colaborar).

Jeferson, aproveite o espaço e conte-nos sobre esse financiamento coletivo via Catarse.

J. S.: Lancei uma proposta no Catarse para levantar o capital necessário para iniciar a produção das primeiras unidades. Tanto os interessados nas máquinas, como pessoas que gostarem da minha proposta, podem apoiar financeiramente em troca de algumas recompensas:

  • Produtos fabricados com a minha máquina;
  • As próprias máquinas CNC a um valor inicial bastante competitivo.

Ao final da campanha, se atingirmos o valor mínimo necessário, o Catarse irá me repassar o dinheiro para que eu possa encomendar os componentes, alugar um cômodo adequado e resolver as questões burocráticas da abertura de uma empresa.

Meu cronograma prevê a entrega das primeiras unidades, aos primeiros que encomendarem, na segunda quinzena de outubro.

Jeferson, obrigado pela participação e parabéns pela coragem e atitude. Qual o próximo passo?

J. S.: Independente do resultado da campanha no Catarse, quero buscar sócios/investidores. Ter capital para encomendar os componentes em larga escala e poder vender as máquinas à pronta entrega é um diferencial neste mercado.

Outro diferencial que quero explorar é o e-commerce. Não somente com toda a gama de produtos e suprimentos relacionados ao CNC, mas com uma venda facilitada das máquinas. Em outras palavras, uma espécie de “clique-compre-receba”.

Ainda hoje, muitas empresas parecem ignorar o usuário doméstico por não facilitar o processo de compra. A encomenda é feita somente solicitando orçamento, contato telefônico e etc.

Para poder colocar em prática estes diferenciais, capital será imprescindível. Mas confesso: prefiro um sócio que faça um aporte pequeno, mas que tenha vontade e motivação para colocar a mão na massa junto comigo (isto inclui trabalhar até de madrugada) a um investidor que tenha muito capital e nada mais.

Da mesma forma, um sócio sem capital algum, mas que traga mais conhecimentos e uma vontade enorme de empreender pode vir a fazer parte da Protoptimus também. Aos interessados, deixo uma vez mais o convite para colaborar com o projeto via Catarse (clique aqui). Agradeço o espaço. Até a próxima.

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