O contínuo desafio de desvendar conceitos de educação financeira e planejamento familiar me motivou a seguir a sugestão de alguns leitores: sempre que possível, bater um papo com os demais educadores financeiros, consultores, profissionais de mercado, professores e demais colegas que compartilham dos mesmos propósitos em torno do aprendizado e compartilhamento de conhecimento sobre finanças pessoais.
Nesta semana tive o prazer de conversar com Prof. Mauro Calil, Educador Financeiro, autor do livro “A Receita do Bolo”, Administrador de empresas com MBA em Varejo pela FIA/FEA da USP e pós-graduado em marketing pela ESPM. Mauro Calil é membro do Instituto Nacional de Investidores (INI), referência em educação e orientação para investimentos, grupo cuja parceria possibilita a oferta de diversos cursos. Mauro é um dos fundadores da Consultoria Calil & Calil e mantém o blog “Etiqueta Financeira”.
As principais perguntas são sobre a visão dos brasileiros em relação à crise e, especificamente, sobre como é possível lidar com problemas de endividamento e decidir onde investir. Confira a conversa e participe da promoção (ao final da entrevista):
Muitos leitores gostariam de entender, de forma mais objetiva e didática, quais podem ser os desdobramentos da crise financeira mundial em relação ao seu bolso e à economia brasileira. É claro que não estamos imunes, mas o que pode acontecer?
Mauro Calil: Isso depende de muitos fatores. Em primeiro lugar, existem situações de perigo maior e iminente como o endividamento das famílias. Pessoas muito endividadas estarão mais fragilizadas em qualquer situação macroeconômica. No entanto, mesmo para os não endividados e com reservas aplicadas, temos outros pontos a considerar:
- Quando não há reservas em bolsa, somente em Renda Fixa ou Imóveis dentro do Brasil. Neste caso, a situação é mais favorável e pouco preocupante, pois o desencadeamento de fatores e fatos negativos teria ser muito grande para que as economias fossem afetadas;
- Pessoas com reservas em bolsa devem ter maiores inquietações no curto prazo e devem se perguntar: a) Estou no lucro ou no prejuizo? b) Preciso do dinheiro agora ou posso esperar? c) Acredito ou não que as cotações das empresas de minha carteira irão se recuperar? Com base nestas respostas deve-se tomar a decisão entre: a) Não mexer; b) Aplicar mais; ou c) Realocar total ou parcialmente o dinheiro investido.
Enfim, quanto maior a necessidade de curto prazo, maior será o nivel de estresse na tomada de decisão.
Diante desse cenário, quais as principais sugestões aos cidadãos brasileiros? Há que se incentivar o consumo, mas como fica a questão do endividamento e, principalmente, da reserva de emergência em caso de uma recessão mais profunda?
M.C.: O consumo deve ser o necessário. E, claro, as necessidades são muito particulares e envolvem inclusive o lazer. Assim, ok, devemos incentivar o consumo, porém não o consumismo a custa de pagamento de juros. Consumo e consumismo são coisas muito diferentes. Quem recebe juros enriquece, já quem os paga…
A edição 0997 da Revista Exame traz uma reportagem de capa sobre a situação do consumidor brasileiro. Endividado, desinformado e ainda incapaz de poupar para negociar suas compras à vista. Como devem agir aqueles interessados em mudar este quadro?
M.C.: Devem educar-se financeiramente. Costumo fazer uma analogia entre a educação financeira e os modos à mesa. Sempre digo que quem paga juros para consumir eletrodomésticos, carros ou viagens, por exemplo, ainda não aprendeu a comer usando talheres, ou seja, lambuza as mãos e o rosto para se alimentar e está mais sujeito a doenças.
A pesquisa citada na mesma matéria da Revista Exame mostra que os brasileiros já devem o equivalente a 30% da sua renda anual, nível semelhante ao dos países desenvolvidos. Em 2011, a inadimplência cresceu 22%, sendo a maior alta desde 2002. Há perigo de bolha de crédito?
M.C.: Somente 8% dos brasileiros se tornaram inadimplentes, portanto não vejo bolhas. No entanto, há que se salientar o fato de gastarmos, como sociedade, 1/3 de nossa renda em crédito, 1/3 em impostos e o último terço em consumo de fato. Ou seja, ao comprar um carro via crédito, o brasileiro médio compra um e paga mais dois (juros e impostos).
Evitar os juros é fácil, basta não contratá-los. Para evitar os impostos, devemos votar melhor e cobrar nossos políticos. Creio que não vou viver para presenciar tal mudança.
A crise também traz oportunidades de investimento para os investidores bem informados e mais atentos. Como investir em momentos assim? Vale a pena aproveitar os juros altos e optar pela renda fixa? E as ações, desvalorizadas depois do recente pânico?
M.C.: Antes de investir, devemos responder a 3 perguntas:
- Qual o montante a ser investido?
- Qual o prazo deste investimento?
- Qual o objetivo de consumo quando resgatarmos a aplicação?
Conseguindo estas respostas, o poupador encontrará boas oportunidades para melhorar seus investimentos, seja em Renda Fixa, Ações ou Imóveis. Se o momento da bolsa favorece a compra, técnicas como o rebalanceamento de carteira deverão ser aplicadas.
Muitos leitores questionam a validade de investir pequenas quantias e afirmam não terem condições de aplicar seu dinheiro porque ganham pouco. Alguns afirmam ainda que a única possibilidade de comprar e consumir é através do parcelamento/financiamento. Como transformar o ato de poupar em hábito?
M.C.: O Poema “Felicidade”, de Vicente de Carvalho, traz a frase “(A Felicidade) …está sempre apenas onde a pomos / E nunca a pomos onde nós estamos”. Essas desculpas são válidas apenas para quem vive na linha da pobreza ou abaixo dela. Acredito que a racionalização sobre o tema traz luz nas trevas de um orçamento caótico.
A todos os que têm renda mensal de R$1.000,00 ou mais, sugiro a leitura de meu livro “A Receita do Bolo”, que mostra um caminho claro e fácil de ser seguido. Este caminho leva ao enriquecimento e prosperidade financeira.
Obrigado pela participação e disponibilidade em nos atender. Por favor deixe uma mensagem final a nossos leitores e equipe.
M.C.: O mundo das finanças é dividido em dois lados. O lado dos que pagam juros e o lado dos que recebem juros. Escolher o lado correto fará toda a diferença. Parabéns pela iniciativa. Sucesso a todos vocês, leitores e criadores do Dinheirama.
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Foto: divulgação.