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Dinheirama Entrevista: Sandro Cortezia, Diretor Executivo da aceleradora de empresas Ventiur.Net

por Ricardo Pereira
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Dinheirama Entrevista: Sandro Cortezia, Diretor Executivo da aceleradora de empresas Ventiur.NetFalar sobre empreendedorismo é sempre uma experiência marcante, principalmente quando temos a chance de encontrar pessoas que contribuem de forma direta nesse mercado e transferem o conhecimento e experiências de maneira muito clara.

Conversei com Sandro Cortezia, Diretor Executivo da Ventiur.Net uma Aceleradora de empresas nascentes, baseada numa atuação em rede, que reúne 12 sócios-investidores com planos de investir até R$ 9 milhões em negócios inovadores até o final de 2015.

Conversamos sobre os desafios e oportunidades que os empreendedores precisam enfrentar e o quanto é importante manter uma equipe de sucesso. Confira como foi nosso papo:

Sandro, a cada dia conseguimos perceber quanto o mercado de startups ganha espaço no Brasil. O que o empreender que busca tornar sua grande ideia em um negócio deve levar em conta?

Sandro Cortezia: São várias as questões que o empreendedor deve considerar e, infelizmente, não creio que exista uma “receita de bolo” única e, muito menos, que seja garantia de sucesso. Porém, a experiência tem nos mostrado que algumas questões são fundamentais (não necessariamente em ordem):

1)     Formar uma boa equipe: Ninguém consegue fazer um negócio de sucesso sozinho. Por melhor que seja a ideia e o empreendedor, mais cedo ou mais tarde vai surgir a necessidade de uma equipe competente e complementar que pegue junto e faça acontecer.

2)     Inovar e fazer melhor: não é fácil, mas é necessário. A startup que está querendo entrar no mercado e ganhar algum espaço precisa fazer algo diferente e/ou melhor do que já existe.

3)     Ter atitude: o empreendedor, e sua equipe, precisam ter muita atitude. “Go Hard or go home”. Não tem saída.

4)     Trabalhar duro:  Já dizia Einstein: inovação é 1% inspiração e 99% de transpiração. Não há sucesso sem muito trabalho e dedicação. E, pior, “esforço” não é indicador de sucesso. Trabalhar muito e gastar energia em algo que nunca deveria ter sido feito é sinônimo de desperdício e ineficiência.

5)     Ter foco no mercado: para tentar minimizar a “cilada” mencionada acima, a startup tem que ter foco total no mercado. Todo negócio inicial é um conjunto de hipóteses que precisa ser validado. E que vai dizer se o caminho está certo ou não é o mercado. Assim, a  interação constante com o mercado, muita experimentação e adaptação são necessárias para ajustar o modelo de negócios e a proposta de valor.

Esta não é uma lista completa, nem são “Os cinco pontos mágicos para o sucesso da startup”, mas são questões mínimas que precisam ser consideradas.

Um dos pontos que mais chamam a atenção, junto com a ideia de inovação é o potencial de escalabilidade do negócio. Alguns negócios que a pouco tempo pareciam demonstrar esse potencial (exemplo: compras coletivas) em pouco tempo se tornaram grandes dúvidas para o mercado. Até que ponto o crescimento rápido e a escalabilidade se tornam pontos indispensáveis na avaliação dos investidores?

Sandro Cortezia: Concordo. Temos inclusive discutido internamente essa questão com os investidores que fazem parte de nossa Aceleradora. Naturalmente, todo investidor analisa o tamanho do mercado e o potencial de escalabilidade do negócio como critérios em seu processo de avaliação. Noto que, para alguns, isso é questão fundamental e da qual não abrem mão. Porém, já conversei com investidores que estão dispostos a analisar projetos inovadores que eventualmente atendam apenas a um nicho de mercado. Naturalmente, este nicho deve ter algumas características que permitam o crescimento e lucratividade do negócio. Um exemplo talvez sejam soluções inovadoras para a área de Petróleo e Energia. É um mercado altamente concentrado, mas bilionário.

Como deve ser a gestão financeira do negócio web que pretende crescer e atrair a atenção de um investidor?

Sandro Cortezia: Tenho uma percepção talvez particular a respeito deste assunto. Em primeiro lugar, talvez seja necessário se fazer a distinção entre “web e internet”. Conforme Chris Anderson, “The web is dead. Long Live the internet”.

Mas, sem aprofundar neste debate, quando se trata especificamente de negócios na internet, acredito que ainda existe muito espaço para soluções efetivamente inovadoras. Noto que ainda há muitos empreendedores, especialmente no Brasil, que buscam desenvolver suas ideias de negócio se inspirando (ou muitas vezes apenas copiando mesmo) exemplos de sucesso em outros mercados (especialmente o americano). Apesar de entender que é uma estratégia válida, particularmente não considero a mais apropriada.

Acredito que novas soluções baseadas em tecnologias móveis e ubíquas (como as que devem se basear no Google Glass e sucessores), internet das coisas (IoT – Internet of Things), connected cars, entre outras, podem chamar a atenção de investidores e serem muito mais rentáveis, no médio e longo prazos.

Especificamente sobre a questão financeira, no Brasil, diferente dos EUA, os investidores ainda tendem a olhar muito a possibilidade real de geração de caixa (fontes de receita). Já  nos EUA, a cultura de investimento em negócios de internet, por já existir há mais tempo, já considera outros indicadores. Creio que isso ainda vai mudar também no Brasil, mas vai levar um tempo e dependerá muito do sucesso desta “onda de startups” pela qual estamos passando. Não pode se transformar em “bolha”.

Gostaria que falasse um pouco sobre como surgiu a ideia de criar a Ventiur e desse alguns exemplos de startups que contam (e contaram) como o apoio de vocês.

Sandro Cortezia: Criamos a Ventiur buscando trazer para o RS este tipo de negócio que, até então, não existia por aqui. Mobilizamos um grupo de empreendedores/investidores, boa parte deles vinculados à negócios de TI, e estamos agora operacionalizando nosso primeiro ciclo de aceleração. Apesar da experiência de nosso grupo que, individualmente, já investiu e/ou auxiliou no processo de crescimento de mais de 20 startups, a Ventiur, como negócio, também é nascente. Assim, também estamos interagindo com o mercado e validando nossas hipóteses.

Entendo que um de nossos diferencias, que poderão ser utilizados pelas startups que vierem a participar de nosso processo, é justamente a amplitude, diversidade e competência de nossa rede.

A Ventiur.net é uma “Aceleradora em Rede”. Vamos trabalhar em sinergia com parceiros, mentores, universidades, parques tecnológicos, outras empresas e aceleradoras para potencializar o ecossistema do empreendedorismo inovador, inicialmente no RS e, em seguida, no restante do país e do mundo.

Sempre que temos a oportunidade de conversar com alguém ligado ao universo empreendedor perguntamos sobre o papel da equipe para o sucesso do negócio, pois muitas vezes o  fundador ou CEO da empresa recebe todos os créditos (para o bem ou para o mal). Em sua opinião como dimensionar a importância de formar uma equipe talentosa já no começa da startup e onde encontrar esses talentos?

Sandro Cortezia: Conforme comentei anteriormente, a formação de uma equipe talentosa, com competências complementares, e muita atitude é fundamental. Em minha opinião, quanto antes o empreendedor se der conta de suas limitações e buscar complementá-las, melhor. Neste sentido, acredito que as Aceleradoras podem também contribuir. Em nossos processo, vamos orientar e auxiliar os empreendedores, desde o início, a buscarem essa complementação.

Certamente não é fácil se encontrar estes talentos, mas, em nosso caso, acredito que, novamente, a rede vai auxiliar bastante. Uma estratégia que pensamos em adotar e oferecer uma espécie de “matchmaking”  durante o processo de aceleração. Temos visto, no mercado, startups distintas com empreendedores que, se atuassem juntos, teriam um potencial de sucesso muito maior. Talvez uma aliança entre essas startups, já no inicio, seja um atalho para o sucesso.

Sandro, muito obrigado pela disponibilidade. Por favor, deixe uma mensagem para os leitores do Dinheirama que sonham no futuro em empreender e conquistar a atenção do mercado.

Sandro Cortezia: O ambiente empreendedor está em alta no Brasil.  Há muito se fala que existe dinheiro e o que faltam são bons projetos. Trabalho com projetos de inovação há vários anos e tenho plena convicção que essa afirmação nunca foi tão verdadeira como agora. O que me preocupa é que essa eventual falta de bons projetos (ou mais ainda de bons empreendedores) possa vir a desestimular os investidores se estes não conseguirem viabilizar seus projetos de investimento. Nosso papel, como Ventiur, é tanto auxiliar os empreendedores a viabilizar suas startups quanto minimizar o risco do investimento, tornando-os mais assertivos. Estamos fazendo isso e “Going Hard”!

Foto de freedigitalphotos.net.

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