Maria Eduarda comenta: “Ricardo, depois de alguns anos sem conseguir guardar dinheiro, em 2012 consegui poupar e comecei um investimento na caderneta de poupança. Infelizmente, tenho algumas dívidas (entre elas o cartão de crédito) que acabam sugando boa parte do que ganho. Estou no caminho certo? Obrigada”.
A caderneta de poupança, mesmo sofrendo alterações substâncias em sua rentabilidade, fechou o ano de 2012 com captação recorde. De acordo com o Banco Central, o saldo positivo se deu depois de R$ 1,232 trilhão de depósitos e R$ 1,182 trilhão de retiradas. O Navarro fez inclusive um artigo muito bom sobre os melhores investimentos para períodos de inflação e comentou aspectos relevantes sobre o desempenho da caderneta de poupança.
A verdade é que com o atual patamar de juros, a caderneta de poupança perdeu rentabilidade e atratividade – essa realidade trouxe mudanças em alguns conceitos e oportunidades que existiam até pouco tempo atrás.
A situação apresentada pela leitora no início deste texto é mais comum do que imaginamos. Muitos brasileiros começam a poupar, tentam investir, mas ao mesmo tempo continuam a gastar além das possibilidades e sustentam, via crédito rotativo e empréstimos, dívidas caras. O problema é delicado e requer uma mudança de atitudes.
Cartão de crédito, ferramenta que precisa ser melhor compreendida
O cartão de crédito é, em sua essência, uma ferramenta de pagamento. E, como toda ferramenta, ele pode ou não ser bem utilizado (pense na imagem de um martelo nas mãos de uma criança). Muitos acabam utilizando o limite sem saber se poderão fazer o pagamento integral e acabam entrando no crédito rotativo. Exemplo típico de mau uso da ferramenta.
No Brasil, os juros do rotativo do cartão de crédito são extremamente altos, um dos mais altos do mundo. Assim, se você possuiu alguma dívida no rotativo do cartão, é hora de buscar alternativas para quitá-lo – a sugestão é trocar a dívida mais cara por empréstimos mais baratos (juros e parcelas menores), tais como o crédito pessoal e o crédito consignado (este oferece as melhores condições do mercado).
Ainda sobre o cartão de crédito, é importante entender que ele não é e nunca será o vilão da história, pois a decisão de usá-lo será sempre nossa. Quando o usamos de forma incorreta, não podemos fugir da responsabilidade e do erro. Se não sabemos usá-lo (se somos consumistas e gastamos de forma descontrolada), então não podemos ter cartão. Simples assim.
Cartão de crédito versus caderneta de poupança
Agora que entendemos que o cartão de crédito tem um dos maiores juros do mercado e que a rentabilidade da caderneta de poupança está baixa em relação ao outros períodos, o mais correto a fazer é priorizar o pagamento de suas dívidas caras.
Volto a frisar: enquanto boa parte dos cartões de crédito ainda possui taxas de juros que superam os 10% ao mês, chegando 300% ao ano, a caderneta de poupança oferece ao investidor rentabilidade de 5,25% ao ano. O hábito de poupar é importante, mas sua sobrevivência financeira precisa ser valorizada – e dívidas como a do cartão de crédito devem ser sempre prioridade.
Não confunda ou busque nas entrelinhas algo que não está escrito. Eu não quero dizer que o consumo (compras, dívidas etc.) são mais importantes que poupar, mas que pagar as dívidas que corroem rapidamente o orçamento precisa ser o passo fundamental para equilibrar o orçamento. Se quitar os compromissos for algo passível de ser feito enquanto investe, ótimo.
Para quem está endividado, é preciso muito cuidado para não deixar a dívida se tornar uma bola de neve. É preciso renegociá-la e, é claro, pagá-la. Como os índices de inadimplência aumentaram nos últimos meses, é bem provável que os juros aumentem ainda mais no decorrer do ano.
Para quem pretende investir, o ano de 2013 será extremamente desafiador para encontrar investimentos que vençam a inflação. Livrar-se das dívidas ou investir melhor? As duas coisas? Se estas são suas metas para este período, é hora de trabalhar para realizá-las. Sucesso e boa sorte. Até a próxima.
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