As dívidas das maiores recuperações judiciais do setor do agronegócio cresceram 146% em apenas cinco meses, mostra um levantamento da Diamantino Advogados Associados, feito após um pedido do portal Metrópoles.
Os números chegaram a R$ 12,3 bilhões, enquanto eram de R$ 5 bilhões em maio.
As RJs da Agrogalaxy (AGXY3) e do Portal Agro, nos últimos meses, influenciaram no crescimento das dívidas em recuperação judicial.
“Dada a redução nos preços das commodities, os agricultores têm operado com margens mais apertadas e estão esperando cuidadosamente o momento certo para vender suas colheitas, pagar dívidas existentes e tomar novos empréstimos”, analisa o BTG Pactual em um relatório recente sobre o setor.
Segundo os analistas, os efeitos climáticos atrasaram o plantio de novas colheitas, impactando ainda mais a decisão de tomar novos empréstimos.
A AgroGalaxy anunciou hoje o fechamento de lojas e a demissão de centenas de funcionários como parte de seu processo de reestruturação estratégica e operacional. A empresa, que está em recuperação judicial desde setembro, busca ajustar suas operações para enfrentar as adversidades econômicas que afetam o setor do agronegócio no País.
Antes da reestruturação, a empresa operava com 169 lojas e um quadro de 1.700 colaboradores. Com as demissões e o fechamento de unidades, a força de trabalho da companhia foi reduzida para 1.150 funcionários.
As mudanças fazem parte de um esforço mais amplo da empresa para ajustar sua estrutura e otimizar os custos operacionais. Em fevereiro de 2024, a AgroGalaxy já havia fechado 19 lojas e eliminado 80 vagas em funções administrativas.
RJs para pessoas físicas
Em agosto de 2024, um levantamento da Serasa Experian mostrou o cenário dos pedidos de recuperação judicial realizados por proprietários rurais que atuam como pessoa física no país.
Conforme os dados, no primeiro trimestre de 2024, foram feitas 106 requisições de RJs. Quadro que revela aumento na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Os proprietários rurais de pequeno porte foram os que menos precisaram de recuperação judicial no primeiro trimestre deste ano. Para eles, o total foi de apenas 21 solicitações.
Por outro lado, aqueles que não possuem propriedades no campo – considerados arrendatários de terras e grupos econômicos ou familiares relacionados ao setor – registraram a maior quantidade, de 39 requisições.
Em 2023, também nos três primeiros meses do ano, esse comportamento se repetia: pequenos proprietários demandaram menos, enquanto os sem propriedade, mais. Outro destaque foi a parcela de médio porte, que saiu de zero solicitações para 22 no comparativo por trimestre.