O dólar (USDBRL) continua sua trajetória de valorização em relação ao real e, nesta quarta-feira (30), já é negociado a R$ 5,78, o maior nível desde março de 2021. A disparada acontece em meio a um “mistério” sobre as medidas de controle de gastos que o governo Lula prepara visando controlar a piora das contas públicas.
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A promessa dada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era de um anúncio logo após as eleições municipais de domingo (27). Ele esteve reunido, ontem, com o presidente Lula por 4 horas, mas deixou o Palácio do Alvorada pouco depois das 22h sem falar com a imprensa.
O diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, também participaram.
A culpa é nossa
A equipe de análise da LCA aponta que parte da deterioração recente do real em relação ao dólar está associada a eventos externos, principalmente ao aumento da incerteza política nos EUA às vésperas das eleições presidenciais e à reavaliação dos mercados quanto à velocidade dos cortes de juros pelo Federal Reserve.
“Mas parte da pressão sobre nossa moeda está associada a fatores domésticos de incerteza, em particular, vinculados ao cenário para as contas públicas. O quadro fiscal continua a provocar apreensão nos mercados e no dólar, apesar dos bons resultados da arrecadação proporcionados pelo firme dinamismo da atividade econômica e pelas iniciativas de ampliação de receitas adotados pelo governo”, explica a consultoria.
Essa indefinição, ou alguma frustração no tamanho do pacote de contenção de gastos, pode resultar em um período maior de ajuste da Selic, incluindo um teto mais elevado.
“Continuamos a avaliar que o Copom intensificará o ritmo de aumento da taxa básica Selic para 50 pontos-base em novembro e em dezembro; e que encerrará o ciclo com um aumento derradeiro de 25 pontos-base no começo de 2025. Mas reconhecemos que vem aumentando a probabilidade de que o ritmo de 50 pontos-base seja estendido para além de dezembro; e de que o ciclo de aperto se prolongue para além da primeira reunião do ano que vem”, ressaltam.
Indicadores dos EUA
O mercado também avalia o impacto da primeira leitura do PIB dos EUA do terceiro trimestre sobre o dólar, que apontou um crescimento de 2,8%, abaixo da mediana projetada pelo mercado de 3%.
Outro indicador analisado é o ADP, que mostrou uma forte criação de empregos no setor privado em outubro.
Já o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu ao ritmo anualizado 1,5% no terceiro trimestre, perdendo força após avançar 2,5% no segundo trimestre, de acordo com estimativa inicial do Departamento de Comércio do país, divulgada nesta quarta-feira.
O PCE é a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed). O núcleo do PCE, que desconsidera preços de alimentos e energia, aumentou 2,2% entre julho e setembro, desacelerando ante o ganho de 2,8% do trimestre anterior.
IGP-M
No mercado doméstico, os investidores olham ainda o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que acelerou a 1,52% em outubro, após 0,62% em setembro, praticamente em linha com a mediana das estimativas da pesquisa Projeções Broadcast, de 1,51%. Com esse resultado, o índice acumula alta de 5,59% nos últimos 12 meses, o que também influencia o dólar.
“A expressiva alta do IGP-M de outubro está associada a três fatores principais, de acordo com o economista Gesner Oliveira, professor da FGV e sócio da GO Associados: o aumento do preço dos alimentos, em decorrência das secas que assolam o país nos últimos meses; do reajuste do preço da energia elétrica para bandeira vermelha 2, outra consequência da seca; e, da desvalorização do real observada neste mês.