Após oscilar acima dos 5,86 reais no início do dia, o dólar (USDBRL) à vista perdeu força em meio ao enfraquecimento da moeda ante outras divisas de emergentes e a dados positivos do setor de serviços nos EUA, mas ainda assim a moeda norte-americana fechou a segunda-feira em alta no Brasil, no maior valor desde dezembro de 2021.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,7414 reais na venda, em alta de 0,53%. Esta é a maior cotação de fechamento desde 20 de dezembro de 2021, quando encerrou em 5,7450 reais. Em agosto, a moeda norte-americana acumula ganho de 1,51%.
Às 17h36, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,04%, a 5,7425 reais na venda.
No início do dia, o sell-off (liquidação) nos mercados globais colocou os índices de ações em forte baixa e o dólar em alta firme ante as divisas de emergentes, como o real, o peso mexicano e o peso chileno.
Entre os fatores citados para o movimento estavam o receio de uma recessão nos EUA após dados fracos de emprego na sexta-feira; a continuidade da liquidação de operações de carry-trade com o iene pós o Banco do Japão subir juros na semana passada; os receios de que haja uma escalada no conflito envolvendo Israel no Oriente Médio e a decepção com balanços de companhias nos EUA, com a Berkshire Hathaway do empresário Warren Buffett reduzindo metade de sua participação na Apple.
“Houve um sell-off bruto, com o (mercado de ações do) Japão mergulhando e os EUA também. Mas no intraday foi melhorando”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado, pontuando que os ganhos do dólar ante o real, o peso mexicano e o peso chileno também diminuíram.
“O ISM norte-americano contribuiu para isso, diluindo o receio de que haverá um pouso forçado da economia dos EUA e, por isso, o Fed poderia até chamar uma reunião extraordinária para cortar juros, como chegou a circular”, acrescentou.
O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que seu índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor não manufatureiro aumentou para 51,4 no mês passado, de 48,8 em junho, que foi o nível mais baixo desde maio de 2020. Economistas consultados pela Reuters previam que o PMI de serviços subiria para 51,0.
No Brasil, havia ainda a percepção de que o real e o Ibovespa haviam recuado bastante no início do dia, o que abria espaço para ajustes.
“(O mercado brasileiro) caiu tanto que está tendo um rebound (recuperação). Isso é normal”, disse durante a tarde o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior.
Neste cenário, após marcar a cotação máxima de 5,8655 reais (+2,71%) às 9h04, pouco depois da abertura da sessão, o dólar à vista atingiu a mínima de 5,7135 reais (+0,05%) às 14h43. Até o encerramento dos negócios, porém, a divisa reacelerou um pouco.
No exterior, o dólar se mantinha em alta no fim da tarde ante as demais divisas de emergentes mas em percentuais bem inferiores aos vistos mais cedo.
Por outro lado, a moeda norte-americana caía ante uma cesta de pares fortes, por conta do avanço do euro e, em especial, do iene, em mais um dia de desmontagem de operações de carry trade quando investidores retiram seus recursos de países com juros baixos e aplicam em lugares com juros mais altos com a moeda japonesa.
Às 17h30, o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 0,45%, a 102,690.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024.