Após recuar mais de 1% na véspera, quando parte das praças no Brasil estiveram fechadas pelo feriado, o dólar (USDBLR) à vista fechou em alta firme ante o real nesta terça-feira, em meio a ajustes de preços, a receios com a área fiscal e à alta da moeda norte-americana ante boa parte das demais divisas, em dia de divulgação da ata do Fed.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8984 reais na venda, em alta de 0,95%. Em novembro, a moeda acumula baixa de 2,82%.
Na B3, às 17:32 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,87%, a 4,9010 reais.
Na segunda-feira, quando várias praças de negócios permaneceram fechadas em função do Dia da Consciência Negra, o dólar à vista cedeu 1,09% ante o real, numa sessão marcada pela baixa liquidez.
O forte recuo abriu espaço para que, nesta terça-feira, houvesse um ajuste de preços e posições no mercado.
“Tem um pouco de payback (retorno) de ontem (segunda-feira), quando o real ganhou bem perante o dólar. Foi um dia de liquidez menor, por ser feriado em alguns lugares, então hoje (terça-feira) há um pouco de devolução dos exageros, na medida em que a liquidez volta ao normal”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
No início da sessão, às 9h07, o dólar à vista chegou a oscilar no território negativo, marcando a cotação mínima de 4,8420 reais (-0,21%) às 9h07. Mas o movimento não se sustentou em função dos ajustes de preços, após a forte queda da véspera.
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Além disso, investidores aguardavam pela divulgação da ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve, marcada para as 16h, e monitoravam o noticiário no Brasil.
Os receios em torno da questão fiscal permearam os negócios com juros futuros e contribuíram para sustentar as cotações do dólar ante o real, conforme alguns profissionais ouvidos pela Reuters.
Durante a tarde, surgiu a notícia de que a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou a votação do projeto que muda a forma de tributação de fundos exclusivos e offshore para quarta-feira, após um pedido de vista da oposição.
O projeto, que faz parte dos esforços do governo para melhorar a arrecadação, teve seu parecer apresentado nesta terça-feira na CAE pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da proposta. Logo depois, o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), pediu vista.
Já o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que o governo quer regulamentar na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024 os limites de crescimento máximos e mínimos de despesas definidos pelas novas regras fiscais, argumentando que isso “fortalece” o arcabouço para as contas públicas.
Segundo ele, os limites máximo e mínimo de crescimento real das despesas de 0,6% a 2,5% visam evitar “arranjo pró-cíclico” na política fiscal.
No exterior, durante a tarde o dólar sustentava ganhos ante divisas fortes e em relação a boa parte das moedas de países emergentes e exportadores de commodities, o que contribuía para a alta das cotações no Brasil. Às 15h25, o dólar à vista marcou a máxima de 4,9083 reais (+1,15%).
Após a divulgação da ata do Fed, o cenário se manteve, corroborando o avanço do dólar ante o real.
No documento, o Fed registrou que suas autoridades poderão adotar uma abordagem cautelosa para a taxa básica de juros dos EUA e que só precisarão aumentá-la “se” as informações recebidas mostrarem progresso insuficiente na redução da inflação.
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“O documento foi divulgado às 16h, demonstrando ainda uma preocupação do comitê de política monetária do Banco Central dos Estados Unidos com a inflação, que permanece elevada e distante da meta de 2%, embora, por outro lado, comece a apresentar sinais de arrefecimento”, pontuou Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio, em análise enviada a clientes.
“O dólar recupera parte das perdas dos últimos dias… com cautela dos investidores diante de um cenário com maiores incertezas globais envolvendo a trajetória de juros e déficit fiscal nos Estados Unidos e o risco de recessão na Europa”, acrescentou Costa.
Às 17:32 (de Brasília), o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,12%, a 103,570.