O plano de desenvolvimento do governo Lula para a indústria brasileira, que prevê 300 bilhões de reais em financiamentos até 2026, foi visto pelo mercado como um fator de risco para o equilíbrio fiscal, fazendo o dólar (USDBLR) à vista subir mais de 1% ante o real nesta segunda-feira, em movimento sustentado ainda pela recuperação da divisa dos EUA no exterior durante a tarde.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9878 reais na venda, em alta de 1,23%. Em janeiro, a moeda acumula elevação de 2,81%.
Na B3, às 17:25 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,09%, a 4,9925 reais.
Pela manhã, o dólar já sustentava ganhos ante o real, a despeito de no exterior a divisa estar recuando ante uma cesta de moedas fortes e ante boa parte das divisas de exportadores de commodities.
Investidores demonstravam cautela nos negócios à espera do restante da semana, quando saem dados importantes no Brasil e no exterior, além de decisões de política monetária em economias centrais.
No início da tarde, porém, as cotações no Brasil aceleraram, após o governo anunciar o plano “Nova Indústria Brasil”, que prevê linhas de crédito para empresas, subsídios e conteúdo local nos produtos.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), dos 300 bilhões de reais previstos para financiamentos até 2026, sendo que 106 bilhões de reais já haviam sido anunciados em julho do ano passo.
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Pela proposta, serão priorizados instrumentos financeiros sustentáveis e crédito para inovação, infraestrutura e exportações, além de subsídios, como os incentivos fiscais.
Parte deles, segundo o MDIC, já começou a ser adotada por instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
No mercado, a percepção mais geral foi de que os 300 bilhões de reais anunciados ainda que possam estar ligados a operações do BNDES, o que não necessariamente trará impacto fiscal eleva o risco em relação às contas do governo.
Em reação, o dólar se reaproximou dos 5,00 reais.
“Há uma recomposição de posições defensivas”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, ao justificar a alta firme do dólar ante o real. “O programa pode trazer despesas para o governo e o mercado se ajusta, vai para a proteção do dólar.”
A aceleração das cotações no Brasil também foi favorecida pelo fato de que, no início da tarde, o dólar Index que compara a moeda ante uma cesta de divisas fortes recuperou fôlego no exterior, passando a registrar leves altas.
Assim, após oscilar pontualmente no negativo no início da sessão, marcando a cotação mínima de 4,9240 reais (-0,07%) às 9h02, o dólar à vista registrou a máxima de 4,9940 reais (+1,35%) às 16h23.
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Porém, a divisa não teve força para superar os 5,00 reais um importante nível de resistência técnica, cuja proximidade atrai vendedores de moeda ao mercado.
Às 17:25 (de Brasília), o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,09%, a 103,360.
O BC vendeu na sessão desta segunda-feira todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de março.
Ao longo desta semana, os investidores vão monitorar a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, a divulgação de uma série de dados norte-americanos e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) no Brasil, na próxima sexta-feira.