A forte alta dos preços do minério de ferro no mercado internacional, pelo segundo dia consecutivo, abriu espaço para nova baixa do dólar (USDBRL) à vista no Brasil, importante exportador global da commodity, mas ainda assim a moeda norte-americana se manteve acima do nível técnico dos 5 reais nesta terça-feira.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0067 reais na venda, em baixa de 0,50%. Em abril, a divisa acumula queda de 0,18%.
Às 17h03, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,39%, a 5,0170 reais na venda.
A moeda norte-americana cedeu durante toda a sessão no Brasil em continuidade ao movimento da véspera, com o real sendo favorecido pela alta do minério de ferro no exterior.
Em meio à expectativa de melhora na demanda da China, maior consumidor global do produto, o minério de ferro mais negociado para setembro na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou com alta de 5,63%, a 815,5 iuanes (112,73 dólares) por tonelada. Este é o nível mais alto desde 25 de março, após aumento de mais de 3% na segunda-feira.
“O real está mais ligado hoje às moedas de commodities, como o rand sul-africano e o peso chileno, que também se beneficiam da valorização dos metais”, pontuou Carlos Lopes, economista do banco BV. “Mas hoje, especificamente, (o câmbio) está com pouca movimentação, com ausência de dados. O mercado está aguardando os números de inflação dos EUA”, acrescentou.
Neste cenário, o dólar à vista marcou a cotação máxima de 5,0281 reais (-0,08%) às 9h00, na abertura dos negócios, para depois atingir a mínima de 5,0000 reais (-0,64%) em dois momentos, às 11h19 e às 13h33. Apesar de tocar os 5 reais, o dólar não teve força para passar por esta barreira psicológica.
“Ali (nos 5 reais) aparece comprador e investidor recompondo posição (em dólar)”, justificou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
Rugik e um operador ouvido pela Reuters chamaram atenção, no entanto, para a liquidez relativamente reduzida nesta terça-feira, com investidores segurando posições antes da divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, na quarta-feira.
Participantes do mercado no Brasil também seguiam atentos ao noticiário sobre possível mudança na meta fiscal para 2025. O governo tem até o dia 15 para encaminhar ao Congresso o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do próximo ano.
Na segunda-feira, surgiu a informação de que a meta pode cair de superávit primário de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para um resultado de 0% a 0,25%.
“A percepção de risco local está muito relacionada ao fiscal. Começamos 2024 muito tranquilos em relação a esta percepção fiscal, mas ela tende a piorar ao longo do ano”, avaliou Lopes, do banco BV. “Por isso apostamos em um nível de câmbio mais depreciado no fim do ano, de 5,30 reais.”
Às 17h09, o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 0,01%, a 104,100.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de junho.