O dólar (USDBLR) avançava frente ao real nesta quarta-feira, conforme investidores aguardavam falas do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, em meio a temores renovados sobre a saúde das contas públicas após dados fiscais domésticos piores do que o esperado.
Às 10:03 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,23%, a 4,8849 reais na venda. Alguns participantes do mercado atribuíram parte desse avanço a um movimento de correção, depois que a divisa norte-americana caiu por cinco sessões consecutivas, acumulando baixa de 3,46% no período.
Na B3, às 10:03 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,29%, a 4,8965 reais.
No exterior, todas as atenções estavam voltadas para comentários de Powell em conferência do Federal Reserve, a partir de 11h15 (de Brasília), com investidores em busca de mais pistas sobre por quanto tempo a política monetária dos EUA poderá permanecer restritiva.
De um lado, um comunicado de política monetária mais brando e dados de emprego mais fracos nos Estados Unidos elevaram as apostas de cortes de juros pelo Fed já em maio do ano que vem, com as chances de uma redução de pelo menos 0,25 ponto percentual tendo aumentado para mais de 50%.
No entanto, comentários cautelosos de várias autoridades do banco central norte-americano nos últimos dias mantiveram os investidores nervosos, com possibilidade de novos aumentos nas taxas este ano, dada a resiliência da economia dos EUA.
“A expectativa de muitas pessoas diante dessa fala de Jerome Powell se dá pelo receio de que o banco central americano esfrie as apostas de corte de juros”, disse Márcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX.
Taxas mais baixas nos EUA ampliariam o diferencial de juros entre a maior economia do mundo e o Brasil, o que tornaria investimentos denominados em real mais atraentes para agentes estrangeiros, de forma que qualquer sinalização mais dura de Powell pode acabar minando a demanda pela divisa brasileira.
Participantes do mercado também apontavam a queda nos preços das commodities –com o petróleo em queda de mais de 1% nesta manhã– como um fator de pressão negativa para divisas consideradas arriscadas.
Enquanto isso, no Brasil, dados desta quarta-feira mostraram que a dívida bruta registrou alta em setembro, quando o setor público consolidado frustrou as expectativas e apresentou déficit primário de 18,071 bilhões de reais, contra superávit de 10,746 bilhões no mesmo mês de 2022 e expectativa em pesquisa da Reuters de saldo positivo de 4,26 bilhões de reais.
O dado vem num momento de muito desconforto com a saúde fiscal do país, em meio a temores de possível alteração da meta de resultado primário do ano que vem.
Fontes disseram à Reuters que o governo não enviará ao Congresso uma mensagem para modificar a meta de 2024 e manterá, ao menos por enquanto, a busca pelo déficit zero para dar tempo ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de negociar a aprovação de medidas que ampliam a arrecadação e tentar evitar uma mudança.
No entanto, num aparente cabo de guerra entre a vontade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de priorizar mais investimentos em vez do cumprimento da meta e o esforço de Haddad para zerar o rombo fiscal, “a palavra do presidente está valendo mais”, disse Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.
“Isso é algo que traz perda de confiança no Brasil no cenário internacional.”
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8735 reais na venda, em queda de 0,28%.